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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

A ABELHA BELINHA E O URSO DUM DUM (história)

 



            Belinha era uma abelhinha operária que, junto com as companheiras, trabalhava muito na fabricação de mel. Mas a colmeia, a qual pertencia Belinha, tinha um problema. Toda vez que a colmeia estava cheia de mel, vinha o homem espantava as abelhas com uma fumacinha e levava tudo deixando as abelhas sem casa. A rainha já não sabia mais o que fazer. Foi aí que Belinha fez uma sugestão:

- E se fôssemos construir nossa casa lá no fundo da floresta aonde o homem não pode ir?

- Boa idéia! Exclamou a rainha concordando.

            E lá se foram voando, para o meio da grande floresta, as abelhas e sua rainha. Chegaram.
Escolheram uma árvore bem alta que, de tão antiga, tinha o tronco cheio de nós, e alguns dos nós eram ocos, bons para a construção da colmeia. Começaram o trabalho. Belinha não parava servindo de exemplo para as outras abelhas. Sem parar o trabalho, ela dizia para as amigas que ali estavam livres do homem e não seria preciso mudar mais.
Dias depois a colmeia estava pronta. As abelhas coletavam néctar das flores para a produção de mel. Tudo corria tranquilamente quando ecoou no ar uma voz que era mais um zumbido.

­ - Ó de casa!

Uma das abelhas guardiãs, pondo a cabeça para fora da colmeia, perguntou:
- Quem é?

- É o marimbondo, seu vizinho de árvore. Preciso falar com a responsável.

Belinha se apresentou, perguntando:

- Estou aqui. Qual é o assunto?

- Senhora dona abelhinha, agora que já estão instaladas precisam tomar cuidado com o urso Dum Dum. Ele adora mel e, quando por aqui aparece, come tudo... Não reparou que não há outras abelhas por aqui? Todas foram embora porque toda vez que a colmeia estava cheia de mel, Dum Dum vinha e comia tudo deixando as pobrezinhas sem teto.

- E por que o urso tem este nome de Dum Dum? – perguntou ela.

- É porque ele é tão pesado que quando pisa no chão faz: dum dum dum dum.

Belinha agradeceu ao marimbondo e entrou com a carinha triste e pensativa.

- Viemos para cá fugindo do homem, agora tem um urso...

Foi falar com a rainha para, juntas, encontrarem uma solução. Fizeram reuniões e mais reuniões e a única solução a que chegavam era a mudança.

              Naquela noite Belinha não conseguia dormir só pensando no trabalho que tiveram para construir a colmeia e por causa de um urso teriam de abandonar tudo e procurar outro lugar. Ela não ia permitir. Estava envolvida nesses pensamentos quando surgiu a idéia.

- É isso! Isso mesmo! Como não pensei antes! – exclamou entrando para dormir.

Mal o dia clareou, Belinha foi à presença da rainha para expor a sua ideia. A soberana das abelhas perguntou:

- Tem certeza que vai dar certo?

- Sim, majestade, certeza absoluta. Esperemos o urso aparecer.

            Lá pelas nove horas da manhã chegou o urso Dum Dum farejando tudo sentindo o perfume saboroso do mel. Olhou para o tronco e, vendo a colmeia no oco da árvore, ficou em pé para arrancá-la com as suas garras. Neste momento todas as abelhas se puseram em guarda na porta da colmeia. Belinha, cheia de coragem, falou bem alto:

- Bem-vindo, caro urso Dum Dum! Nossa colônia está feliz em conhecer tão valente morador da floresta.

- Deixe de bobagem abelhinha! Eu quero o mel que está nesta sua casa. – disse o urso com o seu vozeirão fazendo as abelhas tremerem.

- Calma! Vamos fazer um acordo. Todos os dias nós lhe daremos dois favos de mel e você não destruirá a nossa casa. – propôs Belinha.

- Eu não preciso ficar em pé e me esticar todo para pegar os favos? – perguntou Dum Dum.

- Não. Você senta no chão e nós jogamos os favos no seu colo. – respondeu Belinha.

- Oba! Eu não gosto de me espichar para pegar nada. – reclamou o urso.

            E assim foi feito. Todos os dias Dum Dum ganhava favos de mel enquanto as abelhas, seguindo o plano de Belinha, construíam outra colmeia bem perto da copa da árvore para se instalarem definitivamente. E quando acabasse o mel da primeira colmeia, o urso que fosse procurar onde ele bem quisesse, porque mel da colmeia de Belinha ele nunca mais provaria, já que urso adulto e gordão não sobe em árvores.

            E assim terminou a história com todas as abelhas felizes, pois, graças a inteligência de uma delas, nunca mais ficariam sem teto.

 (histórias que contava para o meu neto).
(Maria Hilda de J. Alão)

AS SEMENTES DA MAÇÃ (história)

 


- Vovó, você me dá uma maçã!
- Dou sim, meu menino.
A vovó pegou a maçã, lavou-a muito bem, partiu a fruta em duas partes e começou a tirar as sementes. O netinho, muito atento, perguntou:
- Por que as frutas têm caroços, vovó?
- Os caroços são sementes, este é o nome correto, mas pode chamar de caroços. Como eu ia dizendo, os caroços são a garantia de continuidade das árvores frutíferas ou não. Assim: eu pego este carocinho, abro um buraquinho na terra, ponho ele lá dentro, jogo terra por cima e vou regando com água fresca. Passado um tempo brotará um novo pé de maçã, uma nova macieira e com isso a garantia de não faltar a fruta pra ninguém. Você entendeu?
- Sim, vovó. – respondeu o menino dando uma mordida na maçã.
- É assim com qualquer fruta? – perguntou ele.
- Não meu filho. Nem todas as frutas têm caroço, mas essas, antes de ficarem velhas, produzem uma muda, ou seja, uma árvore pequenina para ser plantada em outro lugar e dar origem a uma grande carregada de frutos.
- A senhora conhece alguma fruta que não tem caroço?
- Conheço, sim! O abacaxi, a banana, o coco... – e foi interrompida pelo menino.
- Vovó, já pensou se acabassem todas as frutas! Coitado do macaco, não teria banana pra ele comer.
- E nem pra nós, né meu queridinho! – exclamou a vovó ajeitando os óculos no nariz.
- Sabe, meu filho, esta nossa conversa me fez lembrar do tempo de Jesus quando ele esteve entre nós.

           O menino pôs os cotovelos sobre a mesa, com as mãos segurando o queixo para ouvir atentamente a história. E a vovó começou:
- Jesus caminhava muito pelas estradas, pelos montes e cidades. Foi num dia de muito calor, quando ele estava no monte, que aconteceu um fato interessante. Ele andava sempre acompanhado de seus discípulos, preparando-os para seguirem os seus passos. Lá pelo meio-dia, Jesus foi descansar à sombra de uma oliveira e os discípulos trouxeram o almoço para ele. Eram frutos, pão, mel e a água fresca que brotava da terra. Todos comiam silenciosamente. Não se ouvia um barulhinho. Os pássaros ficavam por ali, rodeando. Sabiam que o mestre estenderia a mão com pedaços de pão convidando-os: - Venham! E eles se apressavam, pousavam no braço de Jesus para comer as migalhas. O vento balançava os cabelos do mestre que, concentrado, tirava os caroços das frutas e os guardava no bolso da sua túnica. Depois de dormir um pouco, ele se levantou e começou a jogar as sementes, que tinha no bolso, em várias direções. Pedro, um dos apóstolos, perguntou:
- Mestre, por que jogas as sementes em várias direções se podes deixá-las aí no chão aos teus pés?
- Pedro, se eu deixar as sementes aqui, não poderei repartir o alimento com bichos e homens. As árvores nasceriam somente neste espaço. Alguns teriam comida, e os outros? Por isso espalho para todos os lados, porque comer é um direito de todos. Devemos repor o que tiramos da terra, plantar onde não existem frutos, grãos, ervas e tudo que possa saciar a fome. Eu te digo, Pedro, se arrancares uma árvore, planta três vezes três. Deixa atrás de ti uma floresta de ações em benefício dos que virão.

           O menino estava com olhar fixo no espaço, talvez imaginando Jesus com a mão cheia de sementes jogando no ar. O vento levando muitas delas, os pássaros comendo algumas para depois depositá-las, com auxílio das fezes, em pontos de difícil acesso. A vovó olhava para o netinho enternecida. Pegou a mãozinha dele e cantarolou sorrindo:
- Tá na hora de acordar... acorda menino!
- Vovó, que história linda. Acho que vou fazer o mesmo com estes caroços que você tirou da minha maçã, com os caroços da laranja e...o caroção do abacate não dá pra jogar assim do jeito de Jesus. Esse eu vou plantar na praça aí em frente.
- É isso, meu menino, siga sempre os exemplos do mestre.

(Maria Hilda de Jesus Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

O ANIVERSÁRIO DA SARDINHA (história infantil)


          Estava chegando o dia do aniversário da Sardinha. No fundo do mar os peixes, pequenos e grandes, estavam preocupados com a festa que pretendiam dar para a amiga querida. O Robalo consultou o mestre Peixe-Espada que, por sua vez, consultou a Corvina e finalmente chegaram a um consenso. A festa aconteceria na casa da Dona Baleia porque havia um enorme salão de águas claras.
         E começou a correria para preparar os comes e bebes, escolher vestimentas de lustrosas escamas, maquilagem marinha e tudo mais que uma festa requer.
Na hora estipulada, foram chegando os convidados. A aniversariante, feliz, sorria para todos e agradecia os presentes que recebia. A festa transcorria na maior harmonia, até que, de repente, chegou o Tubarão que não fora convidado para a festa.
Os peixes ficaram em polvorosa. Foi um corre daqui, esconde ali, e o Tubarão sem entender nada.
              Neste momento a Sardinha, cheia de coragem, aproximou-se do Tubarão e disse:
- Senhor Tubarão, sabe que não foi convidado para esta festa por causa da sua fama de mau. Sei que veio aqui para comer muito, porque os peixes indefesos estão todos juntos.
Antes que faça isso, gostaria de convidá-lo a cantar “Parabéns para Sardinha” com sua bela voz de barítono, e dançar comigo a primeira valsa. Aceita?
Antes que o Tubarão respondesse, a orquestra de camarões começou a afinar os instrumentos.
- Aceita? – perguntou novamente a Sardinha.
Diante da simpatia e sinceridade da aniversariante, o Tubarão, vermelho de vergonha, exclamou:
- Aceito, dona Sardinha!
          A essa altura os peixes estavam voltando para a festa, desconfiados, claro. Mas quando viram o Tubarão cantando com seu vozeirão “Parabéns pra Sardinha...”, fizeram um coral cujas vozes chegaram à tona da água despertando a curiosidade dos pássaros marinhos que perguntavam uns aos outros:
- Será que tem festa no fundo do mar?

MORAL: Uma boa conversa e um bom entendimento evitam uma boa briga.
(histórias que contava para o meu neto)
 (Maria Hilda de J. Alão)

MARIETA (versinhos de criança)

 



Senta aqui, ó Marieta,
Nesta fina banqueta
Quero que me prometas
Tocar nesta corneta
Canção pro saci perneta.

Não deixe que se meta
O boi da cara preta
Fazendo sua mutreta
Para entrar sem careta
O lobisomem na retreta,

Tocando sua trombeta
Pra dançar de muleta
O curupira com a mula preta.
Isso é coisa do capeta!

Vem o boitatá como cometa
Fazendo no chão uma valeta
Solta um fogo violeta
Ao ouvir o som da clarineta
Em dupla com a corneta.

Isso não é coisa de veneta,
Até criança deixa a chupeta,
E faz do pezinho baqueta
Batendo em dura caixeta
Lá no fundo da saleta;

Porque toca a Marieta
Uma folclórica cançoneta
Emocionando a Julieta
Com a chave na maçaneta
Da porta da Antonieta
Na casa da Rua Baioneta.

Maria Hilda de Jesus Alão
(Versinhos para crianças)

VERSINHOS DA INFÂNCIA (poesia)

 




Sapinho pula, pula,
Cri, cri, cri faz o grilo.
Porco por que essa gula,
Fuçando o tacho de milho.

II

Voa, voa besouro,
Das asas de puro ouro
Pra dentro da caixinha
Da titia Mariquinha.

III

Come mano Rufino
A salada de pepino
Já que o gato Lelé
Comeu o teu filé.

IV

Lá, lá, lá, lé, lé, lé
Você pisou no meu pé
Doeu, doeu, doeu
Olha a bolha que nasceu!

V

Vê crocodilo,
Que é aquilo?
É um esquilo
De meio quilo.

VI

Lá vai a centopeia
Levando um cento de pés
Pra dançá, dançá
No baile do tracajá.

VII

Limoeiro que dá limão
Eu sou tão pequenina
Não te alcanço com a mão,
Joga teu fruto no chão.

VIII

Colher de pau, pau, pau,
Bate o mingau, gau, gau
E na cabeça do homem
Que tem a cara de mau.

09/11/05.
Maria Hilda de Jesus Alão


 

HISTÓRIAS DA INFÂNCIA (poesia infantil)

 


Corre do capeta, do saci-pererê,
Saudosas histórias do vovô Benê
Contadas ao final do dia
Quando o sol se escondia.

Tinha contos de fada e de bruxa,
A velha feia e corcunda Cachucha
Vestindo manto de seda pura
Assombrando a noite escura.

Depois sentávamos na tosca roda.
Alguém puxe aquela corda,
Façam girar o carrossel,
Espantem os pássaros em escarcéu!

De passar anel nós vamos brincar,
Mulher do padre é o último que chegar.
Quero ver bola no chão e pipa no céu,
Naquela poça d’água, um barco de papel.

Vovô virava criança.
De uma menina puxava a trança
De outra escondia a boneca,
E quando jogava peteca

Vovó gritava: velho sapeca
É hora da sua soneca!
Quantas histórias a vida escreveu,
Quantos personagens ela concebeu,

Mas o vovô da nossa infância
Rompe do tempo a distância
Chegando num tapete de luz
Lembrando a figura de Jesus.

11/06/06.
Maria Hilda de Jesus Alão

 

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)