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sábado, 26 de novembro de 2022

BORBOLETINA, A FADA DAS MENINAS (história infantil)

 


          Lili era uma linda boneca que vivia numa vila de Bonecolândia, um país do Planeta Imaginação. Ela morava numa casinha simples, cercada por um jardim bem cuidado onde sua mãe plantava rosas, margaridas e violetas. As borboletas eram presenças constantes no jardim. Pretas, brancas, amarelas, azuis, elas davam um toque de sonho fantástico ao jardim da casa de Lili. A boneca era obediente, ajudava sua mãe nas tarefas domésticas e, quando terminava, ela ia ajudar seu pai a envernizar os tamancos que ele fabricava. Ela era feliz, mas muito solitária.

          Não tinha amiguinhos porque morava muito longe da vila.
Às vezes ela acompanhava o pai quando ele ia vender a sua produção de tamancos. Via as outras bonecas e bonecos brincando na rua, mas nunca chegava perto para participar das brincadeiras. Assim era a sua vida. Um dia, depois do jantar, o pai e a mãe de Lili se puseram a observar a filha brincando com os bichinhos feitos com a sobra da madeira dos tamancos.
- Nossa filha é tão linda! – falou o pai orgulhoso.
- É mesmo. Pena que seja tão sozinha! – suspirou a mãe.
- Quanto a isso não podemos fazer nada. A venda dos tamancos rende pouco e por isso não podemos morar na vila. – Concluiu o pai com tristeza.
          Numa noite, em que o céu estava cheio de estrelas e a lua cheia sorria para o mundo, Lili sentou-se na cadeirinha de balanço, que o pai fez para ela, pegou seus brinquedos de madeira e, dentre eles, escolheu a borboleta que ela mais gostava. Ficou olhando para ela dizendo:
          - Pena que não pode falar, não pode voar, nem pode brincar! – deu um longo suspiro. Balançou a cadeira e ouviu o que lhe parecia uma voz:
- “Li...li, boneca linda, tu serás muito feliz.” - Ela imaginou que fosse a voz do vento batendo nas folhas, mas no dia seguinte, a mesma hora, ela ouviu novamente a voz repetindo as mesmas palavras. Lili ficou assustada, contou para os pais. Imediatamente o pai retirou a cadeira da varanda, colocando-a dentro da casa em frente a janela. No outro dia a boneca, no mesmo horário, sentou-se na cadeira. Pronto! Lá estava a voz dizendo a mesma coisa:
         - “Li...li, boneca linda, tu serás muito feliz.” – Só que desta vez a boneca viu, pairando no ar, um ser parecido com a borboleta de madeira que ela gostava tanto. O ser, batendo as asas, falou:
- Não tenha medo bonequinha! Eu sou Borboletina, a fada que atende às meninas.
- E o que você quer? Sabe que me assustou muito?
- Desculpe, minha querida, eu não sou de assustar ninguém. – disse sorrindo a fada das meninas.
- É verdade. Você é uma borboleta diferente. Tem uma carinha de boneca, um corpo igual ao meu, a diferença são estas asas azuis transparentes nas suas costas. Você é muito bonita!
          Sorrindo a fadinha puxou de uma das asas uma varinha que tinha uma estrela na ponta e perguntou para Lili qual era o seu maior desejo.
- O meu maior desejo é ter uma amiguinha para eu brincar com ela. – respondeu.
A fada bateu com a ponta da varinha numa pedra e a transformou numa bola de cristal. Pegou a bola, passou a mão sobre ela, disse algumas palavras e a depositou no colo da boneca dizendo:
- Este é meu presente. Com esta bola você terá seus desejos satisfeitos. É só pensar e passar a mão que a bola a levará aonde quiser. Para voltar é a mesma coisa. Passe a mão e pense na sua casa em Bonecolândia.
          A fada das meninas desapareceu num rastro de estrelas faiscantes deixando a boneca com a bola na mão. Lili guardou o presente e foi dormir. No dia seguinte ela fez todo o seu trabalho da casa, ajudou o pai com os tamancos e quando chegou a noite ela foi sentar no mesmo lugar levando a bola. Enquanto os pais conversavam no quarto, ela passou a mão sobre a bola e pensou:
- Quero ir para um lugar diferente para encontrar uma amiga.
          Zaz! A bola se iluminou e Lili sumiu indo parar numa casa muito grande. Para ela era como se fosse a casa de um gigante. Ela sabia que não estava na sua terra. Começou a caminhar pela casa olhando os móveis tão diferentes e tão grandes. Viu uma cama e pensou no tamanho da boneca que dormia nela. Chegou a uma porta que se abria para um quintal imenso e perguntou:
          - Tem alguém aí?
E uma voz, sua conhecida, respondeu:
- Venha Lili, venha!
Ela foi em frente e sob um caramanchão de primaveras estava a fada Borboletina segurando pela mão uma criança. Ela apresentou a menina.
- Lili, esta é a Mariazinha uma menina de carne e osso que deseja ter como amiga uma boneca e ande e fale. Mariazinha, esta é Lili, a boneca que anda e fala e deseja ter uma amiga.
          As duas se abraçaram. Passaram um bom tempo brincando. Lili tirou do bolso do seu vestido a borboleta que mais gostava e a deu de presente para Mariazinha e recebeu dela um lindo colar para o seu pescoço. Já estava na hora de ir embora e Borboletina disse para Lili:
- De agora em diante você e Mariazinha serão amigas. Mas é preciso contar aos seus pais para que possa vir a este lugar que se chama Terra e brincar o tempo que quiser.
          Lili contou. Os pais não queriam consentir porque não conheciam a tal de Terra. Como poderiam deixar sua filha querida ir para um lugar desconhecido? Não isso eles não fariam. Foi preciso a interferência de Borboletina que deixou com eles uma outra bola de cristal por onde eles monitorariam a boneca e a avisariam da hora de voltar. Por muito tempo a boneca e a menina foram amigas. Mas a menina cresceu e já não queria mais brincar com ela. Lili aprendeu a conhecer os humanos e a viajar pela Terra, e quando uma amiga crescia e não a queria mais ela procurava outra. E como nunca mais ficou sem amiga foi feliz para sempre.

(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

terça-feira, 15 de novembro de 2022

A MAQUIAGEM DO SAPO LELÉ (cordel infantil)



Na beira da azulada lagoa
Toda tarde um sino soa:
Venham, venham que é hora,
E bicho nenhum ignora,

De muitos gritos e risadas
De tapas e muitas patadas
Só para ver o sapo Lelé
Tentando tirar do pé o chulé.

Ser um belo rei ele sonha
Da sua aparência tem vergonha
E não ouve o amigo sapo Felipe:
Sapo não vira rei nem príncipe!

Determinado a realizar o sonho
Chegou à lagoa todo risonho
O sapo que queria ser belo.
Pôs um chapéu amarelo

E esmagando um fruto vermelho,
Lembrou do amigo e do conselho,
E sem piscar iniciou a maquiagem
Pensando em grande homenagem.

Esfregou todo o corpo e a cara,
Os bichos gritavam: para, para!
Mas Lelé não estava nem aí
Dizendo: quero ser bonito, e daí?

Terminada a horrível maquiagem
A coruja que vivia entre a folhagem
Disse: Olhe-se no espelho da água
E de mim não guarde grande mágoa:

Está feio, pior do que era antes.
Beleza e títulos não são importantes
Importante é ser você mesmo, Lelé.
Emergindo da água, Chico o jacaré

Disse, lamentando a escolha do sapo:
Não vejo no amigo um único fiapo
Do amigo Lelé que eu conhecia
E esta figura vermelha deprecia

Os sapos verdes desta lagoa.
A fala de Chico não foi à toa
E para terminar a triste aventura
Lelé livrou-se da horrível pintura

Mergulhando na lagoa cristalina
Voltando com a amiga Durvalina
Na forma em que Deus o criou.
Perdão, amigos! Ele lamuriou.

Moral: Não queira ser aquilo que você não é ou passará vexame.

15/11/22
(Maria Hilda de J. Alão) 
(histórias que contava para o meu neto)

NINA E RICO (cordel infantil)

REVIVER A INFÂNCIA

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

MEQUETREFE, O BONECO (poesia infantil)

 


Mequetrefe, o boneco de pano,
Jogado na caixa de papelão
Onde se deixa todo ano
Brinquedos de segunda mão.

Carrinhos, bonecas e bolas
Moram na caixa até o Natal
Quando os levam como esmolas
Para a favela do canal.

Meninos vêm pelos caminhos
Rotos, pesinhos pisando o duro chão,
E escolhem, pobrezinhos,
Os brinquedos da caixa de papelão.

Guia-lhes os rápidos passos
O sonho, a infantil ilusão
De bola no pé ou boneca nos braços
Ainda que o estômago peça pão.

Levaram tudo ou quase tudo,
Meninas e meninos da favela.
Sobrou o boneco de gorro pontudo
Vestido com roupa amarela.

E a última menina a chegar
Não tinha mais que cinco anos
Dava pulinhos para alcançar
A boca da caixa e sem danos

Ver se brinquedo havia dentro dela.
Tombada a caixa a menina entrou,
Saiu levando para sua casa na favela
Mequetrefe, o único que sobrou.

27/11/06.

(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)


sábado, 12 de novembro de 2022

NINA E RICO (cordel infantil)



Diziam no reino dos bichos,
Em altos brados e cochichos,
Que Nina, a cobra feiticeira,
Todas as noites de sexta-feira

Rastejava na direção do buraco
Onde vivia um rato meio fraco
E sonhava alegre a cobra Nina
Abocanhar o ratinho na surdina.

Mas os falatórios e os cochichos
Espalhados pelas bocas dos bichos
Chegaram aos ouvidos do ratinho
Que era fraco, mas muito espertinho.

Pensando em escapar de tal destino
Rico, o rato, murmurava: É desatino
Mas enfrentarei de peito a situação
E se tudo der certo será a salvação.

E numa noite escura de sexta-feira
De bote preparado estava a feiticeira
Defronte a entrada da toca de Rico
Que tremendo enfrentou o risco

De ser abocanhado imediatamente
Dizendo: Nina, indubitavelmente,
Você é a mais esperta das cobras
Sei porque conheço as suas obras.

Mas de que obras falas grande tolo?
No me venhas querer fazer rolo
Pois estou aqui para o banquete
Antes que sumas como um foguete.

E foram chegando bichos curiosos
Para testemunharem atenciosos
O desfecho de disputa tão perigosa
Entre o ratinho e a cobra ansiosa.

Rico disse, falando forte e bem alto:
Uma corrida em direção ao planalto.
Nina pensou: Vai ser fácil, moleza.
Dou-lhe um bote certeiro de surpresa

E esse rato atrevido já era. Fim do Rico
Nem choro nem vela, nem triste eu fico.
Enquanto planejava o seu bote certeiro
Ela não viu o ratinho Rico sorrateiro

Saindo da toca em desabalada carreira
E parando esbaforido na enorme clareira
Disse: Adeus Nina, cobra feia e perigosa
Reconheça que foi uma derrota amargosa.

E a partir desse dia, Nina, a cobra feiticeira
Que vigiava Rico nas noites de sexta-feira
Aprendeu a grande lição que a vida ensina:
Nem sempre o forte vence o fraco.

07/11/22
(Maria Hilda de J. Alão)

REVIVER A INFÂNCIA (poesia infantil)

 


Quero reviver minha infância
Lembrar da boneca de pano
Que eu vestia com elegância
Com vestidos feitos todo ano

Pela avozinha tão saudosa.
Eu quero reviver as folias,
O cravo brigou com a rosa
E todas as infantis cantorias.

Saudade do grande terreiro
Da corrida dentro do saco
E quem chegasse primeiro
Recebia de prêmio um naco

Do enorme bolo de chocolate
Ou um belo Diamante Negro
Cujo sabor se media em quilate.
Saudade do grande amigo Pedro

E de quando ele forte gritava:
Sai de baixo que lá vai chumbo
Mirando a porta do gol alertava:
Bola na rede e batam o bumbo

Pois chutador melhor que eu não há.
Ríamos, corríamos e chorávamos
A doce infância jamais passará
Era assim que nós pensávamos.

Hoje, debruçada na janela dos anos,
Vêm-me aos olhos o mágico cenário
Dessa infância tão boa sem danos,
Como um presente extraordinário.

12/11/22
(Maria Hilda de J. Alão)

 

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)