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sábado, 28 de outubro de 2023

A CIGARRA II (Cordelzinho)

 




A Formiga

Disse a formiga à cigarra:
Tanto canto, tanta farra
Sei que muito irás tiritar
Quando o inverno chegar.

A Cigarra

Não sei se entendi tua fala
Mas tenho aqui nesta mala
Instrumentos que alegria dão
Nestes dias quentes de verão.

A Formiga

É a mais pura verdade
No inverno sinto saudade
Do teu canto maravilhoso
E penso no tempo precioso
Perdido somente a cantar
E sem um minuto trabalhar

Para prover a tua casinha
De comida e uma roupinha
Que alimente e aqueça,
Teu o corpo frágil, não esqueça.
Cantar é muito bom, é lindo,
Com fome é a vida escapulindo.

A Cigarra

Será que perdestes o juízo?
Ou seria um enorme prejuízo
Se das tuas folhas um maço,
Tu jogasses em meu regaço?

A Formiga

Não me venhas com essa falação
Tens boa voz e um corpo são.
Podes cantar durante o dia
A noite terás trabalho de vigia
Da minha rica despensa de folhas,
Todas fruto de minha escolha.
Teu pagamento será um décimo
Com direito a um acréscimo
Se o trabalho for bem feito.

A Cigarra

A proposta é sem fundamento
Não dormir é um argumento
Para tal trabalho eu rejeitar
E de tal pessoa me afastar.
Como posso o mundo alegrar
Com minha voz, o meu cantar
Se preciso a noite trabalhar.

A Formiga

Então minha nobre e bela cigarra
Vá cantar e fazer sua algazarra
Bem longe, no fim do mundo
Pois eu considero um absurdo
Querer comer sem se esforçar.
Das minhas folhas nada terás
E quando o inverno chegar
E sentires a fome te apertar
Canta muito até ela passar.

27/10/2023

(Maria Hilda de J. Alão)

terça-feira, 17 de outubro de 2023

A CORUJA E A ÁGUIA (infantil)

 



No tempo antigo, quando os bichos falavam, existiu uma águia que passava o tempo todo brigando com uma coruja. A briga acontecia porque uma comia os filhotes da outra. E quando brigavam a floresta toda ficava sabendo. Só se ouvia o crocitar da águia e o pio da coruja desafiando uma a outra e, ao se enfrentarem, era só pena voando para todos os lados. E assim passaram boa parte de suas vidas. Um dia, já cansada, a águia foi até o ninho da coruja e fez a seguinte proposta:

- D. Coruja, eu estou cansada dessa vida de brigas entre nós. Que tal fazermos as pazes?

- Ora, acha que eu vou cair nessa? Eu digo sim e você comerá meus filhotes. – respondeu a coruja desconfiada.

Um corvo que estava pousado num galho ao lado do ninho da coruja, querendo dar uma de juiz de paz, disse para a coruja.

- Ora, vamos lá D. Coruja, tente ouvir mais atentamente a D. Águia. Talvez seja um acordo bom para as duas. Já pensou em acabar com essas brigas? Viver sossegada criando seus filhotes sem se preocupar com D. Águia, e D. Águia criando os filhotes dela sem se preocupar com a senhora?

As outras aves apoiaram o discurso do corvo e pediram que D. Coruja escutasse a proposta de D. Águia.

- Bem, D. Coruja, a minha proposta de paz é a seguinte: eu não como os seus filhotes e você não come os meus. E como prova da minha boa intenção, me diga como são seus filhos para que eu os possa identificar e assim evitar comê-los.

- Ah, D. Águia, meus filhotes são a coisa mais linda do mundo. Você os reconhecerá com certeza. – finalizou a coruja muito orgulhosa.

Depois dessa conversa a águia partiu para outras terras para caçar. Passou um bom tempo e ela voltou para aquele recanto da floresta que era seu verdadeiro lar para criar seus filhotes. Cansada de cuidar da prole, a águia resolveu descansar por algumas horas e, ao acordar o seu estômago e os dos seus filhos estavam roncando de fome. Saiu para caçar. Lembrou-se do acordo feito com a coruja.

- Preciso ficar muito atenta para não comer os filhotes de D. Coruja, caso contrário o acordo estará desfeito. Isso não será difícil porque sei que são os filhotes mais lindos do mundo.

E a águia continuou voando em busca de comida até que viu um ninho com meia dúzia de filhotes recém-nascidos horríveis.

- Esses aí não são filhos da coruja com certeza. São feios demais.

E num voo certeiro ela pegou os seis filhotes e os levou para o seu ninho oferecendo-os aos filhinhos famintos. Ela mesma comeu dois.

Antes do escurecer, chegou a coruja trazendo o esperado alimento. Ao ver o ninho vazio, piou de tristeza. Piou tão alto que atraiu a atenção do corvo, seu vizinho, que estava a quilômetros de distância:

- Meus filhos, meus filhos sumiram. – dizia pesarosa.

- Foi D. Águia... – disse o corvo reticente,

- A águia? – disse ela aos gritos, - Nós temos um acordo e ela foi capaz de quebrar. Como eu pude confiar numa águia? Ah, meu Deus!

E partiu decidida para o ninho da águia. Ao chegar foi logo gritando:

- Mentirosa, como pôde fingir que queria a paz e pelas minhas costas comeu os meus filhotes!

- Seus filhos, aquelas coisas horrorosas? Você disse que eram os mais lindos do mundo!

O corvo entendeu a história. Toda mãe vê seus filhos como os bebês mais lindos do mundo e dona coruja não é diferente. Certo, crianças?

MORAL: Quem ama o feio, bonito lhe parece.

(Histórias que contava para o meu neto)


 

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