Powered By Blogger

terça-feira, 18 de outubro de 2022

DIA DAS CRIANÇAS (poesia)

 


Quando ouço os risos
Imagino muitos guizos
Pequenos, bem pequeninos
Soando no céu e por isso,

Sei que são os espíritos
Das inocentes crianças
Que nos ensinam a amar,
Pois adulto é tão carente,

Incapaz de compreender
A simplicidade da vida.
Singelas e feitas de luz
Para elas não há embaraços

Ao exprimirem a verdade,
Como um mestre elas ditam,
Com a didática da alma,
Para o adulto escrever

E ao mesmo tempo saber
Que para ter uma vida feliz
Ouça a sua criança
Com paciência e amor.

02/10/11

Maria Hilda de J. Alão

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

AS LETRINHAS II (Poesia infantil)




A letra Ó rechonchuda
Ficou zangada e bicuda
Quando a letra A abelhuda
Veio conferir sisuda
Se ela é mesmo barriguda
A, e, i, o, u.

A letra J é tão magrela
Igual a vara de marmelo
E com o pingo na cabeça
Mais parece um cogumelo
A, e, i, o, u.

A letra U é uma bela obra
Parece mais uma cobra
Fazendo uma manobra
Criando uma dobra
Com duas pontas pra cima
A, e, i, o, u.

A letra F é esquisita
Parece forca à primeira vista
Ela precisa de um estilista.
A letra W nada mais é que a M
Caindo de pernas pro ar
Das páginas de uma cartilha.
A, e, i, o, u.

A letra A uma escadinha
Que ninguém pode subir
Disse a letra I a sorrir
Se alguém duvidar é só tentar
Que no chão vai se esborrachar.
A, e, i, o, u.

13/01/12
(Maria Hilda de J. Alão)
(ensinando o netinho)

ANA MARIA E A ESTRELA (história infantil)

  


            Ana Maria era uma menina de sete anos. Tinha tranças negras, olhos castanhos e uma imensa imaginação que sua mãe, muitas vezes, precisava pôr um freio. Aninha, era assim que todos a chamavam, amava tudo e todos. Era carinhosa, conversava com gente, com os bichos, com as plantas, com os pássaros sempre contando, para eles, coisas que a sua fantasia criava.
            A família de Aninha morava numa casa antiga, um sobrado pintado de branco com janelas azuis e uma varanda que circundava todo o andar superior. Do lado direito do pavimento superior ficava o quarto das crianças.
            Depois que seus irmãos adormeciam, Ana Maria sentava-se no chão do quarto, diante da vidraça da janela e, apontando o dedinho para o céu, contava as estrelas. Daquele pedaço de céu que ela avistava do seu quarto já havia contado todas as estrelas. Sabia quantas tinha, conhecia as suas cores, a intensidade do brilho. Sabia tudo. Conversava com elas. Quando alguma das estrelas piscava, Aninha sorria imaginando que, mesmo tão distante, ela ouvira e entendera tudo que foi dito. E ia dormir feliz.
            Numa noite de mau tempo, céu encoberto, muita chuva, Aninha não pôde ver as estrelas. Tudo estava escuro. Então ela se ajoelhou diante da sua cama, pôs as mãos em posição de oração e pediu:
- Estrelas do céu, hoje eu não posso vê-las e sendo assim vou só falar. Espero que o barulho dos trovões não atrapalhe e que vocês possam me ouvir.
E com sua fértil imaginação ela contou tudo que fizera pela manhã e à tarde antes de cair o temporal. Finalizando a conversa ela pediu:
- Se alguma de vocês, estrelinhas, me ouviu, mande uma resposta.
            O dia amanheceu ensolarado. Do temporal não havia nenhum sinal. A mãe de Ana Maria vistoriava o jardim em torno da casa quando viu uma nova planta. Chamou a menina e perguntou:
- Aninha, você plantou alguma coisa aqui?
Ana Maria assomando à janela e olhando para baixo respondeu:
- Não, mamãe... E que planta é?
- Brinco-de-princesa, a flor que você gosta.
              E a imaginação de Aninha bateu asas. Ela havia falado, uma vez, para a estrelinha piscante que amava aquele tipo de flor, parecia um brinco de verdade. Muitas vezes, ela e as amiguinhas, iam para a praça da cidade e, no jardim, colhiam a flor. Amarravam, nos cabinhos, um barbante e as penduravam nas orelhas como brincos.
            Então as estrelas ouviram a sua conversa, mesmo com o barulho dos trovões, e deixaram o sinal na forma de uma planta. O pé de flor cresceu. Ana ficava, horas e horas, olhando para o presente das estrelas e pensando como seria bom se uma delas viesse visitá-la. Naquela noite, antes de se deitar, Aninha deu boa noite para as estrelas e para o pé de brinco-de-princesa.
Dormiu. Sonhou que uma estrela brilhante com uma cauda de diamante desceu do céu e ficou pairando diante da janela do seu quarto, convidando-a para sair. A menina, entre a surpresa e a certeza, sorriu para a estrela dizendo:
- Eu sabia que um dia você viria me visitar!
Então a estrela, alegre que só ela, disse:
- Suba na minha cauda para uma viagem mágica.
            Ana Maria obedeceu. A estrela subiu rápida. Aninha olhou para baixo e viu a sua casa bem pequenina. A estrela subia mais e mais. Agora estavam sobre o oceano iluminado pelo sol. Baleias, golfinhos e as aves marinhas saltavam e planavam como se dançassem um balé cuja música só eles ouviam. Como era lindo o mar! Parecia estar todo coberto de ouro. Passaram por praias que eram verdadeiro paraíso e a menina aproveitou para pegar uma concha cor-de-rosa. Viu as montanhas nevadas; os pinguins; as focas; os leões-marinhos; os ursos polares, os esquimós entrando e saindo dos seus iglus. Que coisa maravilhosa! A menina agitava os braços e dizia aos gritos:
- Lindo, lindo, lindo...!
A estrela continuou levando Aninha. Agora estavam no deserto.
- Camelos, eu nunca havia visto um. Como são grandes! Olha a corcova deles! Olha lá um oásis! Olha quantos pés de tâmara!
E num voo rasante da estrela a criança apanhou algumas tâmaras com a mão direita, guardando-as no bolso do seu avental.
– Pena que não tem praia...! - arrematou penalizada.
- Olha ali as pirâmides! A esfinge! É o Egito! Olha o Taj Mahal! – gritava admirada.
            Já anoitecia e a estrela levou a menina para uma enorme floresta. A Lua, sabedora da aventura, aumentou seu clarão para iluminar a densa mata e os segredos que ela guarda. Aninha viu uma oncinha dormindo ao lado da mãe. Viu um ninho de papagaio com a mamãe abrigando os filhotinhos sob as asas quentinhas; os jacarés dormindo na margem do grande rio; a jiboia pesadona se escondendo no mato rasteiro; a jaguatirica oculta atrás de uma moita; um macaquinho abraçado a sua mãe; sapos e grilos. E aquela imensa flor que boiava na água do rio? - É a vitória-régia - explicou a estrela.
Ela deu um grito quando viu uma criaturinha da cara dourada sentada no galho da árvore centenária. A estrela lhe disse que era o mico-leão-dourado e que ele estava em extinção por culpa dos homens.
- Que lugar é este? Perguntou Ana Maria.
- É a floresta amazônica brasileira. – respondeu a estrelinha.
- Como é grande e linda! Acho que eu levaria toda a vida para conhecê-la. – disse a menina.
            A estrela concordou. Agora era hora de voltar. Ana Maria beijou a estrela e agradeceu a viagem. Já estavam perto da casa. A estrela, cuidadosamente, colocou a menina no batente da janela ajudando-a entrar no quarto. Pôs a criança na cama e acariciando seu rosto se despediu. Ana Maria sentindo a carícia abriu os olhos. Era sua mãe dizendo:
- Acorda filha, já está na hora da escola. Foi bom o seu sonho?
            Ana disse que sim, mas quando levantou o travesseiro lá estava a concha que ela pegara na praia paradisíaca. Lembrou-se das tâmaras. Pegou o seu avental branco e lá estavam elas no bolso direito. Fora mesmo um sonho? Ponha a sua imaginação para funcionar e vá para onde você quiser.

15/11/06.
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto) 

A SUGESTÃO DA ESTRELA (história infantil)

 



           O Todo-Poderoso, depois de criar a Terra, subiu ao céu, sentou-se numa nuvem e de lá ele se pôs a apreciar a sua obra. Nada tinha defeito: o mar, os rios, as florestas, os bichos, os insetos, as flores e os pássaros. Tudo estava harmônico. Cansado de observar e não ver defeitos, Deus subiu para sua morada que fica lá nos confins do Universo.
           Passados sete dias ele voltou. Sentou-se na mesma nuvem e olhou para baixo. Nada havia mudado. Deus, franzindo a testa, disse para a estrela que o acompanhava:
- Toda a obra está perfeita. Eu penso que não será preciso corrigir nem acrescentar nem tirar nada. Qual a sua opinião?
- Senhor, com todo o respeito, há uma falha na criação...
- Como? Qual foi o erro que eu cometi? – perguntou Deus.
- O som. Veja tudo é belo, belíssimo, mas tudo é mudo, mudíssimo... – respondeu a tímida estrelinha companheira do Pai Celeste.
           O Senhor, olhando com mais atenção, concordou, em parte, com a estrela dizendo não ser uma falha, um esquecimento, sim. A estrela continuou falando:
- Veja, Senhor, aquele canário ali na árvore. Ele é perfeito, mas se tivesse som alegraria a floresta... e o rio ali adiante, se tivesse som... é só uma sugestão...
- É verdade. Um pássaro mudo não serve para nada, um rio mudo... É como uma flor sem perfume. – Concordou o Senhor.
           E, a partir daquele instante, Deus deu o dom da voz aos seres da sua criação, de acordo com a espécie de cada um, por causa da sugestão de uma estrelinha observadora. E é por conta desta história que o pinto pia, o gato mia, o cão ladra, a galinha cacareja e o galo canta. Entendeu, menino?
- Entendi, vovó!
Então vá terminar a sua lição de português sobre as vozes dos animais.

01/01/07.
(histórias que contava para o meu neto).
(Maria Hilda de J. Alão)

LUZ DA MANHÃ (Cordel infantil)

 



(A menina que virou princesa)

Era uma vez, num palácio sombrio,
Uma menina que morava sozinha
Num quarto atrás da cozinha,
Pois era escrava a coitadinha,

De uma rainha muito malvada.
Luz da Manhã era o seu nome.
Doente, ela passava frio e muita fome.
Nos poucos momentos de descanso,

Para aliviar tal tormento, ela comia
Umas folhas que brotavam verdinhas
Na água corrente e límpida do riacho,
Um quilômetro floresta a dentro.

A idade de Luz da Manhã variava
Entre quatorze ou dezesseis anos,
Ninguém sabia ao certo,
Era o que ela aparentava.

A rainha megera observava
Que o castigo que aplicava
De nada adiantava
Pois a menina melhorava

Da forte tosse que incomodava
O sono dos outros empregados.
Com a falta de boa alimentação
O mal deveria piorar, pensava a bruxa.

Mal sabia a desnaturada
Que outros empregados do castelo,
Com muita pena de Luz da Manhã,
Escondiam pães, nozes e avelãs

Nos bolsos dos seus aventais
E antes de se dispersarem
Cada um para os seus afazeres
Deixavam tudo num cesto de vime,

Escondido num buraco da parede do quarto,
Para que a infeliz menina,
Ajudada por eles e pela planta,
Pudesse se livrar do mal para sempre.

Luz da Manhã crescia e a cada dia
Ficava mais rosada e mais bela
Com grandes olhos azuis
E longos cabelos cor de mel

Despertando a inveja e o rancor
Daquela rainha sem alma,
Que a expulsou do sombrio palácio,
Para aquela floresta fria e nevoenta

Com uma trouxa de roupas e mais nada.
O tempo foi passando e Luz da Manhã
Ainda vivia no mato junto com alguns bichos
Que se tornaram seus grandes amigos.

Um deles, um lobo velho de cor cinzenta,
Foi quem abrigou a menina em sua toca.
A princípio ela sentiu medo, mas o animal,
Tranquilizando-a, disse que não lhe faria mal.

Um macaco tornou-se seu grande amigo.
Se ficasse ao lado dele ela não correria perigo, dizia.
Além de presentear a amiga com tudo que comia
Ensinou-lhe a diferenciar as boas frutas das nocivas.

Aprendendo com os bichos, ela não passou fome,
Nem sentiu frio. Solidão? Estranho esse nome.
Vivia sempre cercada de amigos sinceros.
Numa tarde de sol muito bonita,

E na companhia do amigo macaco,
Ela se aproximou do riacho onde nasciam
Aquelas folhas verdinhas e gostosas
Que a sua tosse curou. Ficou ansiosa

Porque dali dava para avistar as torres
Do grande palácio dos horrores,
Sua casa por um tempo e ela queria
Esquecer para sempre o dia

Em que se embrenhou pela mata
Numa época de chuva e muito frio.
Pensativa olhava a água do riacho
Quando ouviu homens falando

Em tom nervoso e pesaroso.
Aproximando-se cautelosamente
E por entre os galhos observando
O motivo de tal confusão.

Foi então que viu um belo moço caído,
Por homens preocupados rodeado.
Ela foi chegando de mansinho,
Sem fazer nenhum barulhinho,

Mas o macaco assustado
E com medo dos cavalos,
Gritou subindo rapidamente
Num alto pé de carvalho.

Ao avistar Luz da Manhã entre as folhas,
Um dos homens, com um chapéu em forma de bolha,
Aproximou-se e perguntou como podia
Tão bela jovem estar ao meio-dia

Naquela floresta tão distante do seu castelo.
Supunha ele estar diante de uma princesa
Tal era a suavidade e a beleza
Da moça desconhecida.

Luz da Manhã contou sua história.
Era uma vida sem glória,
Mas vivia muito feliz ali
Entre macacos, lobos e javalis.

Quis saber quem era o jovem
Estirado, imóvel ali no chão.
-É um príncipe de bom coração,
Filho do poderoso rei João

Que nada teme nem urso nem leão.
Ele sofre de um mal que ninguém conhece
Tosse muito e desfalece
E, ao acordar, não reconhece

Quem o ajudar tenta.
Médicos já foram mais de setenta
Nenhum capaz de descobrir
A causa de tanto tossir.

Respondeu o homem de chapéu de bolha.
Apanhando de uma árvore a folha
Ele se pôs a abanar o jovem desmaiado
Para que se sentisse ventilado.

Luz da Manhã contou ao homem
Que um dia sofrera de mal igual,
E graças a um vegetal,
De cor verde magistral,

Recuperou a saúde
E que ela, amiúde,
Faz dessas folhas refeição.
Com todo respeito e admiração

O homem pediu à moça
Que o levasse até a planta,
E sua ansiedade era tanta
Que ele tropeçou caindo numa poça

De lama negra e fétida.
Segurando a mão do macaco,
Luz da Manhã acompanhou o homem
E com ele chegou ao riacho coberto

De folhas tenras verdejantes.
Perguntando insistentemente
Ele obteve a resposta finalmente:
Era aquela a planta milagrosa

Que livrou a moça do mal terrível.
Recolhendo punhados da erva
O homem foi até o belo rapaz
Que parecia dormir em paz.

Chamou os companheiros
E pedindo uma faca
Improvisou uma maca
Para levarem de volta ao castelo

O doente jovem e belo.
Lá chegando contaram ao rei João
O fato acontecido na floresta.
Sentindo partido seu coração

O rei pediu a um grupo de soldados:
- Tragam essa moça a minha presença
Para que me ajude a libertar de tal doença
Julian meu amado filho.

Horas depois o grupo voltou
Trazendo a jovem temerosa
De voltar aos dias terríveis
Vividos em outros tempos.

Luz da Manhã foi recebida
Pelo rei e pela rainha,
E nesse breve encontro
Ela sentiu grande simpatia

Pelo generoso casal real.
Os dias foram passando
E, com os cuidados da rainha
E de Luz da Manhã, o príncipe
Foi se recuperando do mal de tossir.

Todos os dias soldados iam ao riacho,
E em cestos traziam para o palácio
A milagrosa planta que virava
Grande prato de salada crua

Que o príncipe devorava com satisfação.
Numa tarde, quando ajudava a rainha
A enrolar lãs e linhas, Luz da Manhã
Contou que não conhecia seus pais,

Não sabia o lugar de seu nascimento
Nem como fora parar no castelo sombrio.
Ela percebeu que a rainha ficou triste.
-Majestade, eu disse alguma coisa errada?

Perguntou a menina assustada.
-Não, minha filha, não...
Mas não pôde esconder a lágrima
Que caiu morna na palma de sua mão.

Luz da Manhã soube da triste história,
Da longa busca sem vitória
Pela princesinha desaparecida
Aos dois anos de vida.

A rainha secou os olhos,
Deixou o cesto de linhas
E foi até a sala do trono
Onde estava o rei em pleno sono.

Chamou o marido que assustado
Perguntou o que ela queria.
Segurando a mão do rei João
Ela disse com toda a emoção:

- Já reparou nos olhos de Luz da Manhã?
São iguais aos da nossa Miriam.
Estou com um pressentimento,
Por isso peço que mande investigar
A origem desta menina e como ela foi parar

No castelo de Serafina megera.
Depois desse pedido o rei João
Mandou chamar o soldado Salomão
Especialista na investigação

De qualquer caso dito perdido.
Com as ordens do rei ele partiu.
Percorrendo várias estradas
Chegou a um vilarejo distante

E foi perguntando confiante
Se ali teria aparecido,
Há uns quatorze anos,
Uma linda menina

De olhos da cor do céu
E cabelos cor de mel.
Vinte moedas de ouro
Tinha ele na bolsa de couro
Para pagar regiamente
Qualquer informação convincente.

Foi aí que alguém disse
Que isso era sandice,
Tanto tempo se passou
E a criança já evaporou.

Saindo do meio do ajuntamento,
Uma senhora com esquisito paramento,
Segurando pela rédea um jumento
Pediu para falar naquele momento.

Fale senhora com clareza
Para que eu diga à realeza
Que cumpri a ordem dada
E que de mentira não tem nada

A sua informação. – disse Salomão.
- Foi num mês de quente verão
Que passou por aqui um gigante,
Vindo não se sabe de onde,

Procurando o castelo da rainha Serafina.
Ele trazia uma criança envolta
Em rica manta de veludo
Onde bordado havia um escudo

Com duas lanças e um coração.
Salomão ficou muito sisudo
Pensando: aquele era o escudo
Da família do rei João.

Continuou a mulher falando
Sobre o gigante e a criança.
- Soldado não tenha esperança
Porque a maldade da rainha é tanta

Que, talvez, tenha feito desaparecer
Aquele pequenino ser.
Salomão ligou os fatos:
- Nossa! Quatorze anos exatos...

Se fosse como ele pensava
A princesinha estaria agora
Com uns dezesseis anos de idade.
Seria Luz da Manhã a princesa?

Depois de tal informação
O experiente soldado Salomão
Entregou à mulher a bolsa de couro
Com as vinte moedas de ouro.

Voltou ao castelo cavalgando
Num cavalo que parecia voar.
Levantando poeira no ar
Parou estafado diante do castelo

Esperando a ponte descer,
E antes do completo escurecer
Estava narrando ao rei João
Todo o conteúdo da informação.

Então o rei valente decidiu
Ir pessoalmente ao castelo
Da rainha má Serafina,
Para esclarecer o mistério

Da origem de Luz da Manhã.
Nem bem rompeu o dia,
Vestindo uma armadura dourada,
Partiu o rei com seus duzentos soldados.
Depois de alguns dias, todos cansados,

Chegaram ao castelo sombrio.
Serafina ficou amedrontada
Ao ver diante de si o rei João
Que, em tom ameaçador, exigia

Que lhe dissesse quem era
A moça que, sem piedade,
Ela enviou para o meio da floresta.
O suor banhava a testa enrugada

Da malvada Serafina
Que outro jeito não teve
Senão pedir a um serviçal
Que fosse buscar a manta

Guardada no fundo de um baú.
Foi com aquela manta
Que Luz da Manhã lhe foi entregue
Pelo gigante Mussaregue.

O rei chorou ao ver a manta.
Então aquela menina da floresta
Era Miriam, a sua amada filha,
Levada para ser escravizada

Por tal criatura desprezível.
Antes de partir levando a manta
O rei passou a ordem:
- Libertem todos os escravos!

Um dos escravos, respeitosamente,
Disse ao rei que Serafina
Mandara prender covardemente
Augusto, o rei daquele lugar,

Tomando seus bens e suas terras
Escravizando a todos sem piedade.
João, imediatamente,
Enviou o soldado Clemente

Para libertar os prisioneiros.
Devolvendo a Augusto o seu reino,
Tornou-se amigo e aliado.
Os dois, em comum acordo,

Baniram Serafina para um lugar pantanoso
Onde vivem corvos e jacarés.
Por toda a sua vida viveria
Sem o luxo do castelo sombrio
Aprendendo que não se deve fazer aos outros
Aquilo que não quer para si.

Enviando à frente um mensageiro
Para comunicar a todo reino
A grande descoberta feita,
Voltou para casa o pai feliz
Para abraçar e beijar a princesinha.

25/10/10
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

FESTA NO INTERIOR (Folclore)

 



Eu vou contar pra você,
Ó menina,
Uma bela historinha,
Ó menina,
Ocorrida no interior de Minas,
Ó menina!
Era lá o mês de agosto
Quando, por seu gosto,
A Mula-sem-cabeça
E seu amigo Saci Pererê,
Encontraram-se pra ir a uma festa
No interior da floresta.

Era o Dia Nacional do Folclore:
E que ninguém implore,
Foi logo avisando o Caipora,
Pra se vestir diferente,
Porque aqui, felizmente,
É festa do folclore brasileiro.

Eu vou contar pra você,
Ó menina!
Cobra Norato falou bem alto:
Que ninguém se vista de bruxa,
Nem de Velho do Saco europeu,
Aqui é Brasil, ora puxa...!
Vamos receber, vindo de Minas,
Lá na Região Sudeste,
O nosso amigo Chibamba,
Que, por ser fantasma,
Nem roupa ele veste.

Eu vou contar pra você,
Ó menina,
Festa como essa nunca eu vi,
Beleza de canto e dança só aqui.
A Cabra-Cabriola, filha do Nordeste,
Dançando com o Papa Figo,
Chama pra beber, o Barba Ruiva,
O sumo extraído da uva,
E a Mãe D’Água pede um pente
Para os cabelos pentear.

O Zumbi provoca a Cuca
Pra cantar um desafio,
Enquanto o Boi-Tatá se diverte
Num gostoso arrasta pé.
Eu vou contar pra você,
Ó menina,

Vi o lobisomem uivando pra lua,
A Mulher da Meia Noite chegando,
E, finalmente, pra completar,
Chegou o Negrinho do Pastoreio,
O ilustre convidado da festa
Que aconteceu na floresta.
Foi a mais bela, ninguém contesta!

Eu vou contar pra você,
Ó menina,
Podemos definir o folclore
como um conjunto de mitos e lendas,
passado de geração para geração,
Nascidos da imaginação das pessoas.
Muitas destas histórias
deram origem às festas populares,
que ocorrem pelos quatro cantos do país.

20/06/08
(Maria Hilda de J. Alão)

(aprendendo nomes de personagens do folclore brasileiro)

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)