Powered By Blogger

sexta-feira, 14 de julho de 2023

A FLOR E O VENTO (infantil)



A flor, nascida de um pequeno arbusto à beira do rio, caiu sobre a água transparente e tranquila. O vento, que soprava docemente, disse:

- Tu pareces uma linda bailarina vestida de branco pronta para dançar:
- Ah, meu querido vento, com quem eu dançaria?

- Se permites serei teu par. Aceitas?

A flor sorriu abrindo todas as pétalas e espargindo um doce perfume que o vento se encarregou de espalhar pela mata que cercava o rio. Gentil o suave vento conduziu a florzinha num bailado sobre as águas mansas do rio correndo para um encontro com o mar. Pelo caminho a flor convidava as outras flores:

- Amigas, venham, venham bailar ao sabor do vento.

As flores, das margens do rio, foram caindo uma a uma na água excitadas pelo convite da florzinha branca e, em pouco tempo, flores das mais variadas cores cobriam a água do rio bailando embaladas pela melodia do vento. A flor branca se destacava no meio das outras pela sua beleza e a graça de dançar. O vento só tinha olhos para ela; só cantava e soprava para a sua florzinha branca. E quando todos chegaram à curva do caudaloso rio ele percebeu que, de um momento para o outro, perderia a sua amada. 
A água do rio, agora apressada, não via a hora de chegar ao seu amado mar.

Enchendo-se de coragem o vento apaixonado soprou forte elevando a florzinha branca no ar. As outras flores deram adeus a amiga executando uma perfeita dança das flores sobre a água afoita. O vento foi levando a florzinha para o alto, mais alto, mais alto. Ela resplandecia, rodopiava no ar. Não tinha medo. Sabia que o amado não deixaria cair. O vento sorria para ela, mas um pensamento triste lhe passou pela cabeça: ele não poderia prendê-la no ar para sempre. Vendo a nuvem de tristeza no semblante do amado ela perguntou:
- Já não gostas mais de mim, querido vento? Não queres mais soprar para mim?
Ela não entendia. Ele não pertencia a um só lugar. Ele era de todos os lugares. Agora aqui, logo mais acolá. Não tinha morada fixa. Com o coração batendo forte ele respondeu:
- Tu serás a mais branca e brilhante estrela do firmamento e quando eu me sentir só olharei para o céu e estarás lá brilhando e dançando para mim. Farei de ti a estrela da alvorada.
Transformando-se em um violento furacão ele arremessou a florzinha branca para além da estratosfera onde moram as estrelas e os planetas.

Destacando-se das outras a florzinha branca, agora estrela, está lá no firmamento piscando e brilhando para o seu amado vento e para nós.

- Vovó, isso aconteceu de verdade? – perguntou o menino.

- Na nossa imaginação tudo acontece de verdade, menino! Tá vendo lá no céu a estrela Dalva? É a nossa florzinha branca.

(histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)