Era uma vez um leão orgulhoso que morava numa floresta imensa cheia de outros bichos e muitos pássaros. Um dia, depois de farta caça e comer demais, o leão engasgou-se com um pedaço de osso. Ficou deitado de boca aberta rugindo desesperado por causa da dor que o osso provocava em sua garganta. Foi então que ele avistou um pássaro pousado no galho de uma grande árvore. Gemendo ele falou:
- Passarinho, se você conseguir tirar
esse osso da minha garganta eu lhe prometo que nunca faltará comida para você e
sua família e para todos os pássaros desta floresta.
- Veja senhor leão, promessa é dívida e
uma mão lava a outra.
- Eu sei disso tudo passarinho, mas
pode tirar essa coisa da minha garganta?
Uma coruja, escondida entre as folhas
da mesma árvore onde o pássaro morava, murmurou:
- Não faça isso passarinho. Esse aí não
dá nada a ninguém. Volte para o seu ninho.
Sem ouvir o murmúrio da sábia coruja, o
pássaro voou para dentro da boca do leão e com muito esforço conseguiu tirar o
pedaço de osso que incomodava a fera. Tempos depois aconteceu uma seca
terrível. Todo o verde da mata desapareceu, os rios ficaram quase secos, tinha
uma poça de água aqui, outra acolá que os bichos disputavam com unhas e dentes.
Com a vegetação seca não havia brotos nem lagartas, nem sementes para alimentar
os pássaros. O pássaro que ajudou o leão estava no ninho com sua companheira
que chocava dois ovos. Ele saía todos os dias para procurar comida e nada. Ele
pensava:
- Desse jeito meus filhotes não
nascerão. A mãe deles não pode ficar sem comer.
E voou mais uma vez em busca de comida.
Numa dessas buscas por comida, lá bem distante do lugar onde ficava seu ninho,
o pássaro avistou o leão sob uma árvore seca roendo um grande osso. Ele pousou
em um dos galhos da árvore e pediu;
- Nobre leão, dar-me-ia algumas
migalhas desse seu banquete? Preciso alimentar minha companheira que ficou no
ninho chocando dois ovinhos.
- Não! Exclamou com voz forte e
ressoante o orgulhoso leão.
- Grande leão, lembra-se da promessa
que me fez quando tirei o osso da sua garganta?
- Por que me cobras o favor prestado?
Eu sou um rei e rei não deve nada a ninguém. Fique longe da minha comida ou
virará uma.
Triste o pássaro voltou para o ninho
sem nenhuma comida e pensando o quão mentiroso e mesquinho era aquele leão. A
coruja vendo a tristeza do passarinho puxou conversa:
- Meu amigo, nunca faça favores
esperando retribuição porque aquele que recebe o favor quase sempre é um
ingrato, um mentiroso que na hora da aflição promete tudo mesmo sabendo que não
cumprirá.
18/12/17
(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)
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