Dias gelados, muita neve, chuva e vento.
Ele, lá do alto, olhava para a Terra
E via as pessoas vestidas com grossos casacos,
Tremendo de frio, andando apressadas
Para chegarem as suas casas
E se aquecerem ao calor do fogo.
Os bichos não saiam de suas tocas.
Dava até para ouvir o ronco do urso
No seu longo sono invernal.
As árvores, sem a roupagem de folhas,
Pareciam esqueletos balançando ao vento.
O céu era cinzento e o azul
Escondia-se nas grossas nuvens.
O sol batalhava para aparecer,
Mesmo que fosse por uma brechinha
Entre as pesadas nuvens.
O senhor Inverno passeava pela Terra
Fiscalizando o seu trabalho.
Não tendo moradia certa,
Ele passa um tempo num continente
E outro tempo em outro. É assim que ele vive.
Um dia, depois de gelar tudo, ele foi descansar.
Adormeceu. Quando acordou e olhou para baixo
Não acreditou no que via.
O sol estava no meio do céu azul
Sorrindo e aquecendo tudo,
Flores coloridas e viçosas estavam por todo lado.
As árvores vestiam roupa nova
De folhas tenras de um verde-dourado.
Os animais viviam seus romances de amor
Para perpetuar a espécie.
Os humanos substituíram as grossas roupas
Por outras mais leves.
As crianças, nos parques, escolas e quintais,
Brincavam e cantavam modinhas infantis
Batendo os pés e palmas para ritmar.
- Oh! Quem ousou fazer semelhante estrago!
-Vociferou, lançando uma rajada de vento gelado,
O senhor Inverno.
E procurou com seus olhos de gelo.
Encontrou. Era a deusa Primavera.
Ele queria reclamar, advertir,
Dizer a ela que não podia ir chegando
E invadindo seu espaço sem pedir licença.
Quando ia abrir a sua bocarra gelada,
A jovial Primavera desfez o nó do lenço
Que tinha no seu regaço, e dele saíram
Milhões de borboletas coloridas.
A Primavera, no seu vestido branco vaporoso,
Cantava e dançava a sinfonia da vida.
O senhor Inverno ficou apaixonado.
Percebendo o sentimento do Inverno,
A Primavera disse a ele que era impossível,
Embora ela se sentisse atraída por ele:
- Eu sou só alegria, calor e vida,
Você é só frio e tristeza. - disse ela.
O Inverno nada disse, sabia que ela tinha razão.
Agradecida pelo amor do senhor Inverno,
Ela lhe deu uma semente com a recomendação:
- Plante no gelo esta semente
E quando nascer a flor branquinha
Saberá que estou pensando em você.
E lá se foi o senhor Inverno
Para um outro continente
Deixando sua amada reinando absoluta.
23/09/2009
(Maria Hilda de J. Alão)
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