- Calma dona Coruja, não se apresse pra me
comer. A senhora não sabe nada sobre mim.
- Ah, essa não. Não sei nada? Você é um
insignificante jacaré de parede, só isso. Tem mais, eu não preciso saber nada
sobre os bichos dos quais eu me alimento. Eu quero apenas comê-los.
Tilico estava preocupado. Bastava a coruja dar
um pulo e ele cairia nas suas garras. Como entretê-la enquanto elaborava um
plano de fuga? Pensou e se saiu com essa:
- Vejam só que petisco
maravilhoso! Uma lagartixa geladinha.
- Calma dona Coruja, não se apresse pra me
comer. A senhora não sabe nada sobre mim.
- Ah, essa não. Não sei nada? Você é um
insignificante jacaré de parede, só isso. Tem mais, eu não preciso saber nada
sobre os bichos dos quais eu me alimento. Eu quero apenas comê-los.
Tilico estava preocupado. Bastava a coruja dar
um pulo e ele cairia nas suas garras. Como entretê-la enquanto elaborava um
plano de fuga? Pensou e se saiu com essa:
- Você não deve me comer
porque eu sou um animal útil, sou insetívoro, controlo as pragas...
- Grande coisa – interrompeu a coruja – todos os
animais são úteis, até o urubu, mas lembre-se que existe a cadeia alimentar e
você faz parte da minha.
Tilico argumentou:
- Meu gosto é horrível. Você terá indigestão,
diarreia e outras complicações. Ficará doente e não poderá cuidar dos seus
filhotes.
- Deixa de conversa mole, lagartixa, eu me
alimento de roedores, aves, répteis e insetos e nunca tive indigestão.
- Viu? Eu tenho razão. Eu não sou nenhum desses
que você citou. Você não disse lagartixa.
- Pode parar com a conversa fiada, você sabe que
é um réptil e como tal está no meu cardápio.
Tilico já não tinha mais
argumentos para retardar o ataque da coruja. Então recorreu à estratégia
que a natureza lhe ensinou. Quando a lagartixa está em perigo, ela fica
parada e desprende o rabo que cai no chão e se remexe por alguns minutos. Isso
confunde o atacante e dá tempo de escapar.
Foi isso que Tilico fez.
Enquanto a coruja voava
na direção do rabo se mexendo, ele escorregou para um vão no tronco e ficou
aguardando o momento de sair. Ficou triste com a perda daquele lindo rabo que
era seu orgulho, mas o importante é que ele estava vivo para realizar o seu sonho.
Conformou-se:
– Que mal há nisso – disse para si mesmo -
afinal o rabo só demora duas semanas para se regenerar.
25/12/21
(Maria Hilda de J. Alão)
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