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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

A MAMÃE GALINHA (conto)




Vivia, num grande galinheiro, uma galinha e sua ninhada de pintinhos. Eram doze lindos pintinhos amarelos e brancos. A mamãe galinha cuidava de todos com muito amor. Levava a ninhada para tomar banho no tacho que servia de bebedouro, espojar-se na terra para acabar com os piolhinhos que se escondem sob as penugens e penas das aves, e deitar ao sol para se aquecer até o momento de comer. Ah, neste momento a mamãe galinha dizia:

- Crianças, hora de comer! - E lá vinham todos correndo e piando alegremente liderados pelo pintinho que saiu primeiro da casca do ovo, o irmão mais velho. Avançavam na comida que o fazendeiro preparava diariamente para servir às aves, mas a mamãe galinha, sempre atenta, levava a prole para o cantinho onde o homem colocava o milho bem picadinho, acompanhado de verdura cortada bem fininha.

Eles ainda não podiam comer a comida das aves adultas, pois se engasgariam com os grãos de milho. Depois de comer iam descansar sob as asas quentinhas da mamãe galinha.

Assim eles foram crescendo. Já estavam empenados, sabiam ciscar o chão com força procurando bichinhos e pedrinhas para um rápido lanche enquanto não chegava a hora da próxima refeição.

Um belo dia a mamãe galinha chamou os pintinhos. Eles correm para ela. Então ela contou: um, dois, três, quatro...onze. Huuum! Está faltando o mais velho. A mamãe galinha ficou desesperada e começou a chamar:

- Có, có, có, có... - O pintinho não apareceu. Ela percorreu o imenso galinheiro, não encontrou o filhinho. Foi então que viu um buraco na rede de arame que cercava o galinheiro. Entendeu tudo. O pintinho saiu por ali.

E agora, fazer o quê? Ela não podia deixar os outros filhos desprotegidos. Se saísse na certa os outros pintinhos escapariam pelo buraco da cerca e se perderiam.

Ficou ali, diante do buraco, esperando. Os onze pintinhos estavam tristes, não tinham mais o irmão para liderar as brincadeiras. De vez em quando, ouvia-se o chamado da mamãe galinha. Era um có, có, triste, cheio de preocupação de uma mãe que espera o filho.

À tarde começou a chover, e o vento forte balançava a rede do galinheiro. A mamãe galinha se recolheu junto com os pintinhos na casinhola que era seu ninho. Agachou-se sobre as palhas, abriu as asas e recolheu todos os filhos.

As outras galinhas e os galos perceberam a tristeza da mãe. A galinha carijó, que dormia no poleiro em frente à casinhola, disse:

- Comadre, não fique triste... ele saiu para conhecer o terreiro da fazenda e como é muito extenso demora um pouco. Logo estará de volta.

- Sei não, carijó. Com esse tempo, esse vento forte... Penso que o vento pode levar meu filho para longe, e ele, tão pequeno, não saberá voltar para casa.

Enquanto as duas conversavam o dono fazenda, todo encapotado por causa do aguaceiro que caía do céu, abriu a porta do galinheiro e tirou de dentro da sua capa o pintinho desaparecido. Colocou-o no chão e ele correu gritando:

- Mamãe, mamãe, eu tive tanto medo da chuva...

Foi um alvoroço na casinhola. Os irmãos piavam de alegria. A mamãe cantava de felicidade pela volta do filho são e salvo. Abriu as asas para aquecer o fujão que estava todo molhado. O pintinho prometeu que nunca mais escaparia por aquele buraco por maior que fosse a sua curiosidade, porque amor e proteção de mãe ele só tinha ali no galinheiro.

E a mamãe galinha, num gesto de carinho, abria com o bico as penas molhadas do pintinho para limpar e ajudar a secar mais rápido.

- Puxa! Terminou a história, vovó? – perguntou o netinho.

- Claro, meu filho!

- Amor de mãe serve pra qualquer espécie, não é vovó!

- Sim, meu neto, qualquer espécie, até as cobras amam seus filhotes porque amor de mãe é o sentimento mais puro, mais sagrado que existe. Tudo pode passar, tudo pode desmoronar, mas o amor de mãe fica pairando sobre o mundo, sobre as pessoas através de séculos e milênios, é eterno meu querido neto.

- Agora me diga vovó, onde fica essa fazenda que tem uma galinha que fala?

- No país da minha imaginação...uai – respondeu a vovó, rindo.

04/05/06.

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto).

 

 

sábado, 25 de dezembro de 2021

TILICO, O JACARÉ DE PAREDE (história)



- Vejam só que petisco maravilhoso! Uma lagartixa geladinha.
- Calma dona Coruja, não se apresse pra me comer. A senhora não sabe nada sobre mim.
- Ah, essa não. Não sei nada? Você é um insignificante jacaré de parede, só isso. Tem mais, eu não preciso saber nada sobre os bichos dos quais eu me alimento. Eu quero apenas comê-los.
Tilico estava preocupado. Bastava a coruja dar um pulo e ele cairia nas suas garras. Como entretê-la enquanto elaborava um plano de fuga? Pensou e se saiu com essa:

- Vejam só que petisco maravilhoso! Uma lagartixa geladinha.
- Calma dona Coruja, não se apresse pra me comer. A senhora não sabe nada sobre mim.
- Ah, essa não. Não sei nada? Você é um insignificante jacaré de parede, só isso. Tem mais, eu não preciso saber nada sobre os bichos dos quais eu me alimento. Eu quero apenas comê-los.
Tilico estava preocupado. Bastava a coruja dar um pulo e ele cairia nas suas garras. Como entretê-la enquanto elaborava um plano de fuga? Pensou e se saiu com essa:

- Você não deve me comer porque eu sou um animal útil, sou insetívoro, controlo as pragas...
- Grande coisa – interrompeu a coruja – todos os animais são úteis, até o urubu, mas lembre-se que existe a cadeia alimentar e você faz parte da minha.
Tilico argumentou:
- Meu gosto é horrível. Você terá indigestão, diarreia e outras complicações. Ficará doente e não poderá cuidar dos seus filhotes.
- Deixa de conversa mole, lagartixa, eu me alimento de roedores, aves, répteis e insetos e nunca tive indigestão.
- Viu? Eu tenho razão. Eu não sou nenhum desses que você citou. Você não disse lagartixa.
- Pode parar com a conversa fiada, você sabe que é um réptil e como tal está no meu cardápio.

Tilico já não tinha mais argumentos para retardar o ataque da coruja. Então recorreu  à estratégia que a natureza lhe ensinou.  Quando a lagartixa está em perigo, ela fica parada e desprende o rabo que cai no chão e se remexe por alguns minutos. Isso confunde o atacante e dá tempo de escapar.
Foi isso que Tilico fez. 
Enquanto a coruja voava na direção do rabo se mexendo, ele escorregou para um vão no tronco e ficou aguardando o momento de sair. Ficou triste com a perda daquele lindo rabo que era seu orgulho, mas o importante é que ele estava vivo para realizar o seu sonho. Conformou-se:
– Que mal há nisso – disse para si mesmo - afinal o rabo só demora duas semanas para se regenerar.

25/12/21

(Maria Hilda de J. Alão)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O SENHOR DÍGRAFO (poesia)




Estavam todas preocupadas
Pois com afinco haviam estudado
Mas não conseguiam entender
O esquema do Senhor Dígrafo.

Assim falavam as cinco vogais
Depois das notas semestrais
Sofrerem terrível baixa.
Pobre mestra cabisbaixa

Pensa com seus ricos botões:
“Será que minhas explicações
Não valem nem dois tostões!”
Foi de partir corações.

Disseram as cinco vogais:
“Muito iremos estudar
Até que possamos assimilar
A formação de um dígrafo.”

Com apoio da mestra Gramática
Que imbuída de muita tática
Disse que dígrafo é garoto simpático
Trabalhar com ele não é ato antipático.

“Ele é só um doce encontro
De duas letras formando um fonema:
Chave, olho, ilha, quilo, ossos, descer,
Não há problema é fácil de entender.

Esses são os dígrafos consonantais,
Disse a Gramática: ainda há os tais
De dígrafos vocálicos formados
Com vogal e as letras M e N

Eles são: am, an, em, en, im, in
Om, on, um, un, este não é o fim
De do que tenho para explicar
Peguem seus cadernos para anotar

Os exemplos que irei ditar
E nunca mais esquecerão
Desse encontro singular:
Amplo, anta, semente, fundo
Conto, tinta, por hoje isso é tudo.”

22/12/21

(Maria Hilda de J. Alão)


O DILEMA DA LETRA H

 



 Muito sofria a letra H

Dizendo ter um problema
Seria ela um fonema
Ou só a função de enfeitar?

No idioma português
Sofres de plena mudez,
Mas surges com altivez
No início ou final

De algumas interjeições.
Em outras ocasiões
Honras a etimologia
De palavras gregas e latinas

Como horizon, hoje e hilário
Constantes em dicionário
Porém sempre sem som
Pois não carregas esse dom.

Assim respondeu a letra F
Dizendo não ser blefe
Fazendo sorrir a letrinha H
Que achou ter muita lógica
Em ser letra etimológica
Podendo também enfeitar.

22/12/21

(Maria Hilda de J. Alão)


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

A REVOLTA DAS CENOURAS

 



Havia um homem que tinha uma horta grande com plantação de cenoura, beterraba e pepino. Todo santo dia o homem, cujo nome era João, cuidava dos legumes retirando as ervas daninhas e regando para que eles não sentissem sede.
Outras vezes ele cavava a terra, ao redor das plantas, e colocava adubo químico para fertilizar as raízes fazendo nascer cenouras, beterrabas e pepinos fortes e bonitos. Quando descobria insetos que podiam prejudicar o desenvolvimento da plantação, ele borrifava inseticida para acabar com os bichinhos. Os vizinhos comentavam sobre o agrotóxico que João colocava na horta e ele se defendia dizendo que se não fizesse isso, a praga acabava com tudo.
Foi num dia muito quente, após terminar o seu trabalho na área das cenouras, que ele parou para comer e descansar um pouco antes de continuar. Almoçou planejando o serviço que faria nas áreas das beterrabas e dos pepinos. Guardou a marmita na sacola e foi se deitar sob uma árvore frondosa. Adormeceu e sonhou. Sonhou que havia uma movimentação estranha na horta e ele foi, de mansinho, ver o que estava acontecendo. Ficou de boca aberta quando viu as cenouras, todas em pé, com um avental xadrez vermelho e branco amarrado na cintura, tendo cada uma, como braços, um galhinho verde de cada lado. Elas agitavam os bracinhos e diziam alguma coisa que ele não entendia.

As beterrabas, mais baixinhas e gordinhas, trajavam uma saia de listras verdes e brancas e também tinham galhinhos, um de cada lado. Elas batiam palmas fazendo ritmo ao que diziam as cenouras. Os pepinos, mais altos e mais gordos, vestindo macacões amarelos com alças e um grande bolso na frente, também agitavam os braços. Eles colocavam os dedinhos na boca e assoviavam alto fazendo coro com as vozes das suas amigas. João chegou mais perto e pôde ouvir:
- Abaixo o lixo químico! Queremos tratamento natural! – diziam as cenouras revoltadíssimas.
De repente uma das cenouras apontou:
- Olha ele ali, gente! E todos correram na direção de João que, em poucos minutos, se viu cercado por cenouras, beterrabas e pepinos.
- O que é que está acontecendo aqui? Vocês deviam estar nas suas covas crescendo para serem colhidos. – disse João nervoso. – Vocês são legumes, não são gente.
- Atchim... hoje é o nosso dia de protesto. Protesto contra o envenenamento dos alimentos. – disse uma cenoura espirrando depois de uma pulverização de inseticida.
- Eu não faço isso. – disse o homem.
- Não! Por acaso este adubo que você põe nas nossas raízes é o quê? E o pesticida que espalha sobre nós é, por acaso, perfume para deixar nossas folhas cheirosas? – perguntou um pepino alto e muito forte.
- Eu faço isso para o bem de todos... – respondeu João preocupado.
- Cof, cof, cof...para o nosso bem! Além de nós, você envenena indiretamente as pessoas. Elas nos comem e...coitadas...cof, cof...! – disse, tossindo, uma beterraba limpando o narizinho na barra da sainha.
- Qual a solução? Como posso plantar sem usar esses produtos? – perguntou João.
- Já ouviu falar em produto orgânico? Procure conhecer os métodos naturais...ai..ai...– disse um pepino amarelo de dor de barriga por causa do adubo químico.

Neste momento o homem acordou e na sua cabeça ainda ecoava a palavra “orgânico”. No dia seguinte ele foi falar com o pessoal da Cooperativa agrícola da sua cidade. Queria muito saber sobre o assunto. Um técnico foi visitar a horta de João e passou para ele todas as instruções para implantar o sistema orgânico de plantio. Quando os dois saíram, ouviu-se um assovio vindo lá do canto onde estavam plantados os pepinos:
- Fiiiiiiiii...meninas, agora a coisa muda! Não seremos mais envenenados.
- Graças a nós. – disseram todas as cenouras numa única voz.
E todos terminaram rindo muito. Rindo de felicidade por saber que ainda tem gente que pensa mais no semelhante do que no dinheiro.
- Pois é, crianças, não devemos comer frutas, legumes e verduras sem lavá-los corretamente. Lembrem-se que nem todos os plantadores têm a sabedoria do João e nem têm uma horta revolucionária como a dele.

21/03/07.

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto).

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

A FESTA DO FOLCLORE

 

No mundo das lendas e dos mitos do Brasil havia um grande alvoroço. Estava chegando o dia de festejar o Folclore brasileiro. A preparação estava acelerada. A Mula-sem-cabeça, agitada, preparava as bandeirinhas coloridas, o Saci-pererê, que havia prometido ajudar, fazia suas peraltices trançando as crinas dos cavalos das fazendas, o que deixava os fazendeiros furiosos. Quando se lembrou da promessa, correu para ajudar a Mula a enfeitar o terreiro. Com seu cachimbo vermelho, soltando grandes baforadas, ele dizia:
- Cumade Mula-sem-cabeça, eu num sei si vai chegá muita gente pra essa cumemoraçãu. Hoji tá tudo tão isquisito! - A Mula-sem-cabeça, cortando as bandeirinhas, perguntou:
- Pur causa di quê, cumpadi?
- Minina, tu num sabi não? U pessoar dessi país anda inventandu umas festanças qui eu num sabia qui inxistia. Um tar de Dia das Bruxas. Ocê cunhece, aqui nu Brasir, essa tar de Bruxa?
- Nunca ouvi falá di tar sinhora. – respondeu a Mula-sem-cabeça.
Foi neste momento que chegou o Boitatá com seus grandes olhos de fogo e ouviu boa parte da conversa.
- Mi disse u meu amigu lubisome, qui é dama da terra dus gringus. Eli tamem num sabi pruque insinam as crianças a festejá um custume qui nãu é du povu brasilero.
Estavam nesta conversa animada quando chegou o Curupira. Como ele é o protetor das matas e da caça, trazia a carne para o churrasco que não deve faltar em qualquer festa. Chegou o Lobisomem avisando que antes do sol nascer ele teria de voltar para casa. Uns minutos depois, tocou uma corneta no meio do rio: era a Mãe d’água, a Uiara, que vinha numa canoa enfeitada com muitas flores brancas para participar da festa. O Negrinho do Pastoreio veio lá do Rio Grande do Sul montado num cavalo baio.
E prepararam tudo para a festa do Folclore no dia 22 de agosto. O terreiro estava lindo. O trabalho dos personagens folclóricos ficou perfeito. Faltava a luz para iluminar tudo, pois chegariam muitas crianças. A Mãe d’água deu a ordem:
- Dona Mula-sem-cabeça, acenda as tochas com o seu fogo!
- Sim, rainha das águas. – Ela obedeceu. O terreiro ficou claro como o dia. E começou a chegar a meninada. As crianças foram sentando e, curiosas, perguntavam, umas às outras, como seria o saci, o boitatá, o lobisomem. Elas nunca viram nenhum deles. Os acompanhantes das crianças organizam filas, dividiam-nas por idade e tamanho antes de abrir a cortina do palco. Todo mundo sentado, abriu-se a cortina e o Saci apareceu. As crianças bateram palmas e diziam: - Ele é igualzinho como nos livrinhos de histórias. – Vejam, o gorro vermelho e o cachimbo. É tudo igualzinho.
O Saci se curvou para agradecer e disse em voz alta:
- Mininada, vai cumeçá a festa du folclore! Pra iniciá, vem aí a Mãe d’água! – e estendeu o braço apontando para a Uiara, com seu vestido branco e azul, bordado com estrelas brilhantes. Ela cantou, lindamente, a canção de amor que enfeitiça os pescadores, levando-os para o fundo das águas onde ela mora. Depois foi a vez do Boitatá, grande cobra de fogo. Ele é o gênio protetor dos campos e carrega consigo o orgulho de ter sido citado pelo padre José de Anchieta, como personagem de mito indígena. Foi aplaudidíssimo.
O Curupira, com seus pés para trás, sentou no chão do palco e narrou as suas aventuras em defesa das matas e dos animais. - Muito bem! Gritavam as crianças. O mesmo fez o Lobisomem com relação a sua história. Era o oitavo filho de mãe que teve sete filhas, por isso ele virava lobisomem nas noites de lua cheia. As crianças ficaram com peninha dele. – Coitadinho! Murmuravam. Depois foi a vez do Negrinho do Pastoreio. A história dele é muito bonita, pois Nossa Senhora o salvou dos maus tratos que ele sofria na fazenda. Os olhos da garotada ficaram cheios de lágrimas de tanta emoção. – Ainda bem que Nossa Senhora cuida das criancinhas! – disse uma delas enxugando os olhos com a manga da blusa.
Conhecida a lenda de todos, imediatamente, o Saci anunciou a segunda parte da festa. Era o momento das cantigas e das danças. E como foi bonito ver as crianças, vestidas com roupas alusivas à data, cantando e dançando, mostrando a riqueza do folclore do Brasil.

19/06/06.
(Maria Hilda de J. Alão)

 

sábado, 18 de dezembro de 2021

DONA CORUJA SABICHONA (Cordel)

 

Numa noite quente enluarada
Reunida estava a bicharada
E como pra fazer não tinha nada
Iniciou-se uma acirrada discussão
Com gritos e firmeza na afirmação
Que era o nobre parente do leão
O morador da grande lua do céu.

A girafa esticando o seu pescoção
Disse não ser a sombra de um leão
Aquela que se via daqui do chão,
Parecia mais com a assombração
Do seu nobre antepassado Girafão.

Ora, não seja metida sua convencida,
Com sua ideia este rato não compactua
E veja se esta discussão não tumultua
Pois o bicho que vive lá na bela lua
Que tem a forma de um queijo de cuia
É o meu tataravô e toda sua família.

Grande coisa! Disse um chimpanzé
Se for por causa de forma eu garanto
E não será pra vocês grande espanto
Se a lua tem forma de grande banana
Quem é que nela mora? Quem? Quem?
É o macaco que o rabo sempre abana.

E a discussão prosseguiu acelerada
Até que uma turma de bichos enfezada
Antes de dar a querela por encerrada
Resolveu consultar a ave mais esclarecida,
A mais inteligente: a Coruja Sabichona.

E foi uma raposa vermelha espertalhona
Junto com uma arara azul falastrona,
Que se dirigiram para a grande árvore
Onde tudo vigiava placidamente
A mais sábia ave da floresta existente.

Senhora dona da sabedoria e da verdade,
Viemos consultá-la com toda seriedade
Sobre um assunto que gera contrariedade:
Quem é o ser que da lua é habitante?
Leão, rato, macaco ou uma girafa gigante?

Rindo respondeu a dona do conhecimento:
Raposa, espanta-me o seu desconhecimento
Na lua não mora bicho e muito menos gente
A condição de vida lá é inexistente:
Não há água nem ar, fique você ciente.

A sombra que daqui se vê é de montanhas
Não de bichos contadores de façanhas,
E se fosse permitido na lua vivermos
Não seria o rato nem a raposa charlatona,
Seria dona Coruja Sabichona. Ah, ah, ah.

12/06/13 

(Maria Hilda de J. Alão)

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)