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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

MEQUETREFE, O BONECO (poesia infantil)

 


Mequetrefe, o boneco de pano,
Jogado na caixa de papelão
Onde se deixa todo ano
Brinquedos de segunda mão.

Carrinhos, bonecas e bolas
Moram na caixa até o Natal
Quando os levam como esmolas
Para a favela do canal.

Meninos vêm pelos caminhos
Rotos, pesinhos pisando o duro chão,
E escolhem, pobrezinhos,
Os brinquedos da caixa de papelão.

Guia-lhes os rápidos passos
O sonho, a infantil ilusão
De bola no pé ou boneca nos braços
Ainda que o estômago peça pão.

Levaram tudo ou quase tudo,
Meninas e meninos da favela.
Sobrou o boneco de gorro pontudo
Vestido com roupa amarela.

E a última menina a chegar
Não tinha mais que cinco anos
Dava pulinhos para alcançar
A boca da caixa e sem danos

Ver se brinquedo havia dentro dela.
Tombada a caixa a menina entrou,
Saiu levando para sua casa na favela
Mequetrefe, o único que sobrou.

27/11/06.

(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)


sábado, 12 de novembro de 2022

NINA E RICO (cordel infantil)



Diziam no reino dos bichos,
Em altos brados e cochichos,
Que Nina, a cobra feiticeira,
Todas as noites de sexta-feira

Rastejava na direção do buraco
Onde vivia um rato meio fraco
E sonhava alegre a cobra Nina
Abocanhar o ratinho na surdina.

Mas os falatórios e os cochichos
Espalhados pelas bocas dos bichos
Chegaram aos ouvidos do ratinho
Que era fraco, mas muito espertinho.

Pensando em escapar de tal destino
Rico, o rato, murmurava: É desatino
Mas enfrentarei de peito a situação
E se tudo der certo será a salvação.

E numa noite escura de sexta-feira
De bote preparado estava a feiticeira
Defronte a entrada da toca de Rico
Que tremendo enfrentou o risco

De ser abocanhado imediatamente
Dizendo: Nina, indubitavelmente,
Você é a mais esperta das cobras
Sei porque conheço as suas obras.

Mas de que obras falas grande tolo?
No me venhas querer fazer rolo
Pois estou aqui para o banquete
Antes que sumas como um foguete.

E foram chegando bichos curiosos
Para testemunharem atenciosos
O desfecho de disputa tão perigosa
Entre o ratinho e a cobra ansiosa.

Rico disse, falando forte e bem alto:
Uma corrida em direção ao planalto.
Nina pensou: Vai ser fácil, moleza.
Dou-lhe um bote certeiro de surpresa

E esse rato atrevido já era. Fim do Rico
Nem choro nem vela, nem triste eu fico.
Enquanto planejava o seu bote certeiro
Ela não viu o ratinho Rico sorrateiro

Saindo da toca em desabalada carreira
E parando esbaforido na enorme clareira
Disse: Adeus Nina, cobra feia e perigosa
Reconheça que foi uma derrota amargosa.

E a partir desse dia, Nina, a cobra feiticeira
Que vigiava Rico nas noites de sexta-feira
Aprendeu a grande lição que a vida ensina:
Nem sempre o forte vence o fraco.

07/11/22
(Maria Hilda de J. Alão)

REVIVER A INFÂNCIA (poesia infantil)

 


Quero reviver minha infância
Lembrar da boneca de pano
Que eu vestia com elegância
Com vestidos feitos todo ano

Pela avozinha tão saudosa.
Eu quero reviver as folias,
O cravo brigou com a rosa
E todas as infantis cantorias.

Saudade do grande terreiro
Da corrida dentro do saco
E quem chegasse primeiro
Recebia de prêmio um naco

Do enorme bolo de chocolate
Ou um belo Diamante Negro
Cujo sabor se media em quilate.
Saudade do grande amigo Pedro

E de quando ele forte gritava:
Sai de baixo que lá vai chumbo
Mirando a porta do gol alertava:
Bola na rede e batam o bumbo

Pois chutador melhor que eu não há.
Ríamos, corríamos e chorávamos
A doce infância jamais passará
Era assim que nós pensávamos.

Hoje, debruçada na janela dos anos,
Vêm-me aos olhos o mágico cenário
Dessa infância tão boa sem danos,
Como um presente extraordinário.

12/11/22
(Maria Hilda de J. Alão)

 

terça-feira, 18 de outubro de 2022

DIA DAS CRIANÇAS (poesia)

 


Quando ouço os risos
Imagino muitos guizos
Pequenos, bem pequeninos
Soando no céu e por isso,

Sei que são os espíritos
Das inocentes crianças
Que nos ensinam a amar,
Pois adulto é tão carente,

Incapaz de compreender
A simplicidade da vida.
Singelas e feitas de luz
Para elas não há embaraços

Ao exprimirem a verdade,
Como um mestre elas ditam,
Com a didática da alma,
Para o adulto escrever

E ao mesmo tempo saber
Que para ter uma vida feliz
Ouça a sua criança
Com paciência e amor.

02/10/11

Maria Hilda de J. Alão

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

AS LETRINHAS II (Poesia infantil)




A letra Ó rechonchuda
Ficou zangada e bicuda
Quando a letra A abelhuda
Veio conferir sisuda
Se ela é mesmo barriguda
A, e, i, o, u.

A letra J é tão magrela
Igual a vara de marmelo
E com o pingo na cabeça
Mais parece um cogumelo
A, e, i, o, u.

A letra U é uma bela obra
Parece mais uma cobra
Fazendo uma manobra
Criando uma dobra
Com duas pontas pra cima
A, e, i, o, u.

A letra F é esquisita
Parece forca à primeira vista
Ela precisa de um estilista.
A letra W nada mais é que a M
Caindo de pernas pro ar
Das páginas de uma cartilha.
A, e, i, o, u.

A letra A uma escadinha
Que ninguém pode subir
Disse a letra I a sorrir
Se alguém duvidar é só tentar
Que no chão vai se esborrachar.
A, e, i, o, u.

13/01/12
(Maria Hilda de J. Alão)
(ensinando o netinho)

ANA MARIA E A ESTRELA (história infantil)

  


            Ana Maria era uma menina de sete anos. Tinha tranças negras, olhos castanhos e uma imensa imaginação que sua mãe, muitas vezes, precisava pôr um freio. Aninha, era assim que todos a chamavam, amava tudo e todos. Era carinhosa, conversava com gente, com os bichos, com as plantas, com os pássaros sempre contando, para eles, coisas que a sua fantasia criava.
            A família de Aninha morava numa casa antiga, um sobrado pintado de branco com janelas azuis e uma varanda que circundava todo o andar superior. Do lado direito do pavimento superior ficava o quarto das crianças.
            Depois que seus irmãos adormeciam, Ana Maria sentava-se no chão do quarto, diante da vidraça da janela e, apontando o dedinho para o céu, contava as estrelas. Daquele pedaço de céu que ela avistava do seu quarto já havia contado todas as estrelas. Sabia quantas tinha, conhecia as suas cores, a intensidade do brilho. Sabia tudo. Conversava com elas. Quando alguma das estrelas piscava, Aninha sorria imaginando que, mesmo tão distante, ela ouvira e entendera tudo que foi dito. E ia dormir feliz.
            Numa noite de mau tempo, céu encoberto, muita chuva, Aninha não pôde ver as estrelas. Tudo estava escuro. Então ela se ajoelhou diante da sua cama, pôs as mãos em posição de oração e pediu:
- Estrelas do céu, hoje eu não posso vê-las e sendo assim vou só falar. Espero que o barulho dos trovões não atrapalhe e que vocês possam me ouvir.
E com sua fértil imaginação ela contou tudo que fizera pela manhã e à tarde antes de cair o temporal. Finalizando a conversa ela pediu:
- Se alguma de vocês, estrelinhas, me ouviu, mande uma resposta.
            O dia amanheceu ensolarado. Do temporal não havia nenhum sinal. A mãe de Ana Maria vistoriava o jardim em torno da casa quando viu uma nova planta. Chamou a menina e perguntou:
- Aninha, você plantou alguma coisa aqui?
Ana Maria assomando à janela e olhando para baixo respondeu:
- Não, mamãe... E que planta é?
- Brinco-de-princesa, a flor que você gosta.
              E a imaginação de Aninha bateu asas. Ela havia falado, uma vez, para a estrelinha piscante que amava aquele tipo de flor, parecia um brinco de verdade. Muitas vezes, ela e as amiguinhas, iam para a praça da cidade e, no jardim, colhiam a flor. Amarravam, nos cabinhos, um barbante e as penduravam nas orelhas como brincos.
            Então as estrelas ouviram a sua conversa, mesmo com o barulho dos trovões, e deixaram o sinal na forma de uma planta. O pé de flor cresceu. Ana ficava, horas e horas, olhando para o presente das estrelas e pensando como seria bom se uma delas viesse visitá-la. Naquela noite, antes de se deitar, Aninha deu boa noite para as estrelas e para o pé de brinco-de-princesa.
Dormiu. Sonhou que uma estrela brilhante com uma cauda de diamante desceu do céu e ficou pairando diante da janela do seu quarto, convidando-a para sair. A menina, entre a surpresa e a certeza, sorriu para a estrela dizendo:
- Eu sabia que um dia você viria me visitar!
Então a estrela, alegre que só ela, disse:
- Suba na minha cauda para uma viagem mágica.
            Ana Maria obedeceu. A estrela subiu rápida. Aninha olhou para baixo e viu a sua casa bem pequenina. A estrela subia mais e mais. Agora estavam sobre o oceano iluminado pelo sol. Baleias, golfinhos e as aves marinhas saltavam e planavam como se dançassem um balé cuja música só eles ouviam. Como era lindo o mar! Parecia estar todo coberto de ouro. Passaram por praias que eram verdadeiro paraíso e a menina aproveitou para pegar uma concha cor-de-rosa. Viu as montanhas nevadas; os pinguins; as focas; os leões-marinhos; os ursos polares, os esquimós entrando e saindo dos seus iglus. Que coisa maravilhosa! A menina agitava os braços e dizia aos gritos:
- Lindo, lindo, lindo...!
A estrela continuou levando Aninha. Agora estavam no deserto.
- Camelos, eu nunca havia visto um. Como são grandes! Olha a corcova deles! Olha lá um oásis! Olha quantos pés de tâmara!
E num voo rasante da estrela a criança apanhou algumas tâmaras com a mão direita, guardando-as no bolso do seu avental.
– Pena que não tem praia...! - arrematou penalizada.
- Olha ali as pirâmides! A esfinge! É o Egito! Olha o Taj Mahal! – gritava admirada.
            Já anoitecia e a estrela levou a menina para uma enorme floresta. A Lua, sabedora da aventura, aumentou seu clarão para iluminar a densa mata e os segredos que ela guarda. Aninha viu uma oncinha dormindo ao lado da mãe. Viu um ninho de papagaio com a mamãe abrigando os filhotinhos sob as asas quentinhas; os jacarés dormindo na margem do grande rio; a jiboia pesadona se escondendo no mato rasteiro; a jaguatirica oculta atrás de uma moita; um macaquinho abraçado a sua mãe; sapos e grilos. E aquela imensa flor que boiava na água do rio? - É a vitória-régia - explicou a estrela.
Ela deu um grito quando viu uma criaturinha da cara dourada sentada no galho da árvore centenária. A estrela lhe disse que era o mico-leão-dourado e que ele estava em extinção por culpa dos homens.
- Que lugar é este? Perguntou Ana Maria.
- É a floresta amazônica brasileira. – respondeu a estrelinha.
- Como é grande e linda! Acho que eu levaria toda a vida para conhecê-la. – disse a menina.
            A estrela concordou. Agora era hora de voltar. Ana Maria beijou a estrela e agradeceu a viagem. Já estavam perto da casa. A estrela, cuidadosamente, colocou a menina no batente da janela ajudando-a entrar no quarto. Pôs a criança na cama e acariciando seu rosto se despediu. Ana Maria sentindo a carícia abriu os olhos. Era sua mãe dizendo:
- Acorda filha, já está na hora da escola. Foi bom o seu sonho?
            Ana disse que sim, mas quando levantou o travesseiro lá estava a concha que ela pegara na praia paradisíaca. Lembrou-se das tâmaras. Pegou o seu avental branco e lá estavam elas no bolso direito. Fora mesmo um sonho? Ponha a sua imaginação para funcionar e vá para onde você quiser.

15/11/06.
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto) 

A SUGESTÃO DA ESTRELA (história infantil)

 



           O Todo-Poderoso, depois de criar a Terra, subiu ao céu, sentou-se numa nuvem e de lá ele se pôs a apreciar a sua obra. Nada tinha defeito: o mar, os rios, as florestas, os bichos, os insetos, as flores e os pássaros. Tudo estava harmônico. Cansado de observar e não ver defeitos, Deus subiu para sua morada que fica lá nos confins do Universo.
           Passados sete dias ele voltou. Sentou-se na mesma nuvem e olhou para baixo. Nada havia mudado. Deus, franzindo a testa, disse para a estrela que o acompanhava:
- Toda a obra está perfeita. Eu penso que não será preciso corrigir nem acrescentar nem tirar nada. Qual a sua opinião?
- Senhor, com todo o respeito, há uma falha na criação...
- Como? Qual foi o erro que eu cometi? – perguntou Deus.
- O som. Veja tudo é belo, belíssimo, mas tudo é mudo, mudíssimo... – respondeu a tímida estrelinha companheira do Pai Celeste.
           O Senhor, olhando com mais atenção, concordou, em parte, com a estrela dizendo não ser uma falha, um esquecimento, sim. A estrela continuou falando:
- Veja, Senhor, aquele canário ali na árvore. Ele é perfeito, mas se tivesse som alegraria a floresta... e o rio ali adiante, se tivesse som... é só uma sugestão...
- É verdade. Um pássaro mudo não serve para nada, um rio mudo... É como uma flor sem perfume. – Concordou o Senhor.
           E, a partir daquele instante, Deus deu o dom da voz aos seres da sua criação, de acordo com a espécie de cada um, por causa da sugestão de uma estrelinha observadora. E é por conta desta história que o pinto pia, o gato mia, o cão ladra, a galinha cacareja e o galo canta. Entendeu, menino?
- Entendi, vovó!
Então vá terminar a sua lição de português sobre as vozes dos animais.

01/01/07.
(histórias que contava para o meu neto).
(Maria Hilda de J. Alão)

A Caixa Mágica (cordel)

AS DUAS CARTAS

  Faltavam duas semanas para o encerramento das aulas e as crianças do Grupo Escolar Cristo Rei tinham aulas de recreação. Todos estava...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)