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sábado, 2 de julho de 2022

A CONFERÊNCIA ANUAL DOS SAPOS (história infantil)

 


Houve um tempo que os animais falavam e se portavam como gente. Foi nesse tempo que existiu um boi de grande beleza e muito elegante. Quando ele passava pelas trilhas da mata, os outros animais ficavam admirados.
- Que elegância! – exclamava o macaco extasiado com a vestimenta do boi e o seu porte atlético. Sim, meus amigos! O boi se vestia com tal bom gosto que gerava inveja. A calça bem esticada com vinco perfeito, a camisa branca por baixo do colete prateado, a casaca de talhe perfeito lhe caia bem e lhe dava um ar de nobreza, a cartola dourada bem aprumada entre os dois chifres e os sapatos. Ah! Os sapatos. Estes eram feitos de material especial e brilhavam tanto que ofuscavam os olhos dos bichos. Ninguém sabia o tipo do material, mas corria a boca pequena, entre os outros bois, que os sapatos foram feitos em Paris por um boi sapateiro que, em visita ao Brasil ainda não descoberto por Cabral, tornou-se muito amigo do nosso boi. Que ele era um boi de alta estirpe não se pode negar.

Foi num desses passeios pela mata que o boi se aproximou do rio. Fazia sol forte e o calor aguçava a sede. Justamente naquele dia realizava-se A Conferência Anual dos Sapos, evento de grande prestígio sempre aguardado com ansiedade. O falatório era grande, mas ao verem aquele boi elegantíssimo bebendo água no rio, fez-se silêncio total, até o vento parou. Quando terminou de beber, o boi tirou, do bolso do colete, um lenço branquíssimo com as iniciais do seu nome bordadas no canto direito, e enxugou os beiços. Os sapos se rederam a beleza daquele imenso boi. Foi nesse instante que o sapo, presidente da conferência, disse com desprezo:
- Grande coisa! Se eu quisesse seria igual a ele...
O primeiro secretário da Conferência Anual dos Sapos, olhando sério no olho do presidente disse-lhe:
- Não seja bobo. Veja o tamanho do boi! Ele é imenso. Quanto a você... – e riu baixinho da estatura do sapo presidente.
- Caro presidente, sabe como se chama este seu desejo de ser igual ao boi? Não? Não sabe? Inveja pura. Um dos sete pecados capitais condenado por aquele que nos criou. – disse-lhe, enfática, uma sapinha com um jeitinho de ser muito inteligente.
- Ora, isso tudo é bobagem. Eu vou mostrar a vocês como é fácil.
Os sapos fizeram um círculo e no centro ficou o sapo invejoso que começou a inchar para ficar do tamanho do boi. Volta e meia ele perguntava aos companheiros:
- Já estou como ele...?
- Não. Ainda falta muito... – respondiam os sapos.
E o sapo foi estufando, estufando, estufando... e já estava quase estourando quando uma sapa, já bem velhinha, gritou:
- Pare com isso, seu tolo! Que pensa que está fazendo? Se estufar mais um pouco explodirá como uma bomba. Será que vale a pena? Seja você mesmo sem invejar a condição física de outro animal. Ele é um boi, você é um sapo e ponto final.
O presidente da Conferência Anual dos Sapos, muito envergonhado, parou de estufar, mergulhou na água do rio para não ouvir os risos e comentários dos outros sapos que aplaudiam a sapa velhinha que, além de lhe salvar a vida, deu-lhe uma lição de moral extensiva ao gênero humano.
Crianças, em todas as circunstâncias da vida, sejam sempre vocês mesmos.

(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)

A CIGARRA E A FORMIGA (história infantil)

 



A vovó entrou na sala e viu o netinho com os olhos pregados em um livro de história:
- Que história está lendo, meu filho? – perguntou a vovó.
- A cigarra e a Formiga. – respondeu o menino.
- É uma boa história. – disse a vovó.
- Sabe, vovó, eu não entendo porque a cigarra tem de pedir ajuda para a formiga. A senhora não acha que ela poderia trabalhar?
- Acho sim, mas eu te contarei como tudo começou:
- Ela era uma formiga muito trabalhadeira. Passava os dias cortando folhas para guardar em sua despensa pensando no inverno que logo chegaria. Assim era a formiga Maricota. Maricota tinha uma vizinha que também trabalhava muito. Era a cigarra Sofia. Nos encontros de todas as manhãs elas se cumprimentavam sorridentes:
- Bom dia, Maricota!
- Bom dia, Sofia!
Lá iam as duas para o trabalho estafante de carregar folhas.
- Ainda bem que você pode voar Sofia. – dizia Maricota imaginando que se ela pudesse voar como a cigarra quanta folha não traria para sua casa.
- Pois é! Eu posso voar, mas não tenho a sua força. Veja! eu só carrego um pedacinho de folha e fico muito cansada. - Respondia a cigarra Sofia.
Como nesse tempo Deus ainda não havia designado função para cada bicho, as duas criaturinhas, assim como os outros animais, trabalhavam demais.
- Amiga Maricota, eu estou muito cansada. Acho que não nasci para este trabalho. – reclamava a cigarra.
- Eu não sinto cansaço. Veja quantas idas e vindas eu dou durante o dia e à noite ainda organizo o estoque de comida para o inverno. – afirmou a formiga.

E era a pura verdade. Maricota era incansável. Às vezes carregava coisa com o dobro do seu tamanho. Dava gosto ver a força de Maricota. Um dia Deus, revisando a sua criação, viu as duas, Maricota e Sofia, trabalhando sem parar. Ele ficou pensativo. Minutos depois chamou um anjo e ordenou:

- Desça e diga à formiga que a função dela é a de trabalhar muito, ser precavida para não passar necessidade. Já para a cigarra, diga-lhe que a função dela é a de cantar por todo o verão para alegrar os outros animais.
- Senhor, e o trabalho? A cigarra não precisa mais trabalhar? – perguntou o anjo.
- Tudo depende dela. – respondeu o Senhor.
- Então ela pode cantar e trabalhar? – insistiu o anjo.
- Sem dúvida. – respondeu pacientemente Deus.

O anjo desceu para dar o recado do Senhor. A formiga ficou satisfeita e disse que assim faria. Já a cigarra disse ao anjo que se a função dela era a de cantar para alegrar seus companheiros, ela só faria isso. Trabalhar? Não, ela não se cansaria mais. Ouvindo a resposta da cigarra para o anjo, a formiga disse:
- Não se esqueça do inverno, Sofia. É preciso guardar para ter, e só se tem alguma coisa com muito trabalho. Só cantoria não enche barriga.
- E é por isso que a cigarra canta no verão e no inverno ela não tem casa nem comida e vai pedir ajuda a vizinha Maricota. - completou a vovó.

(histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)

A CANÇÃO DO CAVALINHO (poesia infantil)

 



Passa imponente sem rédeas,
Livre como Deus o fez
Tirando de suas patas o toque
Ploc, ploc, ploc.

É a canção de carinho
Que escreve o cavalinho
Com seu trotar de mansinho
Pelas pedras do caminho.
Ploc, ploc, ploc.

Sua marcha tem objetivo
Por isso o seu porte altivo.
Relincha para todos feliz,
Seus olhos são só alegria
E a vila aplaudindo diz:

Cantemos todos juntos,
De juízes a seus adjuntos,
A canção do cavalinho,
Ploc, ploc, ploc.

E lá se foi para o verde prado
Atrás dos seus companheiros
O cavalinho compositor,
Deixando o canto de liberdade
Ecoando nos corações,
Ploc, ploc, ploc.

(Maria Hilda de J. Alão)

 


sexta-feira, 1 de julho de 2022

A BOCA, AS MÃOS, O ESTÔMAGO E OS PÉS (História infantil)

 


Havia uma grande disputa entre a boca, as mãos, o estômago e os pés. Os pés diziam: somos superiores porque carregamos vocês e todo o resto do corpo.

- Vejam, -dizia um dos pés – além de carregar vocês, eu ando, pulo, corro, salto, subo e desço levando um grande peso.

- Grande coisa! – exclamou o Estômago – Se eu não distribuir os alimentos pelo corpo, quero ver vocês, pés, saírem do lugar, seus convencidos!

- Será que dá para parar com esta disputa boba! – interrompeu a Boca nervosa. - Se eu não mastigar e engolir a comida, você, Estômago, não faz nada além de roncar de fome. Imagine se alguém engolisse os alimentos inteiros, sem mastigar, o que faria? Eu até sei. Você sentiria azia, teria congestão, enjoo e vomitaria tudo. Percebeu por que eu sou mais importante?

- Pode ficar calada, dona Boquinha! Nós, as duas Mãos, somos superiores. Nós somos o máximo. Importância em nós é o que não falta.

- Por que está dizendo isto? – indagou o Estômago.

- Ora, meu caro amigo! São as mãos que plantam, colhem, preparam os alimentos e os levam até a dona Boca faladora para que ela os mastigue e os entregue, de mão beijada, para você, querido Estômago. Também lavamos, costuramos, acariciamos, oramos, e damos remédio para você, meu amigo, quando está doentinho. Lembra da última crise de azia que você teve? Pois eu me lembro de você gritando desesperado: - Estou pegando fogo, estou pegando fogo... E quem o socorreu? Nós, as mãos, dando-lhe um remedinho para aliviar o seu mal. Por isso fique bem quietinho e deixe de ser exibido, tá bom?

Depois de pensar muito, entre um ronco e outro, o Estômago chegou a conclusão que as Mãos estavam cobertas de razão.

- Vocês estão certas, amigas. O alimento é o combustível que faz movimentar a máquina humana. Vocês ouviram amigos, pé direito e pé esquerdo? – perguntou o estômago dando um ronquinho.

- É verdade, querido amigo Estômago. Todos os membros do corpo humano são importantes. – disseram os dois pés que já sentiam câimbras por causa do tempo que estavam ali, parados, discutindo sobre quem é mais ou menos importante.

E, para terminar a discussão, a Boca, sorridente, beijou as amigas Mãos que fizeram uma massagem nos seus dois amigos, os Pés e foi aplaudida pelo senhor Estômago com um belo ronco.

(Histórias que contava para o meu neto.)

(Maria Hilda de J. Alão)

 

A AVENTURA DE KITO E BRISA (História)

 


Eu sou um cãozinho vira-lata. Meu nome é Kito. Vocês podem dizer que é um nome esquisito, mas eu gosto dele. Gosto de ouvir o meu dono, o menino Ricardinho, gritar:
- Kito, pega a bola! Corre Kito... Vem comer Kito...!
Nós moramos numa rua perto da praia, e quando chegam as férias escolares, eu e Ricardinho passamos boa parte do dia na areia. Conheço todos os seus amigos e, dentre eles, o meu preferido é o Paulinho. Ele tem uma cadelinha branca da raça poodle, de pelo macio, linda como eu nunca vi outra igual. Enquanto meu dono e seus amigos jogam bola, eu exploro a praia na companhia de Brisa. Este é o nome da beleza de cadelinha. Numa tarde ensolarada, enquanto todos jogavam a mais animada das partidas de futebol, eu e Brisa resolvemos caminhar para mais longe. 
Queríamos conhecer toda a extensão da praia. Fomos tão longe que nem o meu faro aguçado conseguiu encontrar o caminho de volta. Estávamos perdidos. Eu não fiquei preocupado. Sabia que meu dono sairia a minha procura e, tinha mais, estar ao lado de Brisa não é estar perdido, é estar “achado” e feliz.
Exploramos aquele trecho de praia desconhecido para mim. Brisa mostrava uma preocupação fora do comum. Para tentar acalmá-la, eu contava as minhas aventuras ao lado de Ricardinho. Ela ria e, ao mesmo tempo, perguntava:
- Será que eles vêm? Eu estou com fome...!
Ela estava com fome. As palavras caíram no fundo do meu coração. Eu não podia deixar a dama, que estava em minha companhia, passar por uma situação como esta. Então resolvi caminhar mais um pouco deixando a cadelinha deitada na areia à minha espera. O meu instinto de explorador me dizia que era preciso procurar alguma coisa. Os banhistas costumam deixar restos de sanduíches na areia. Não encontrei nada. Aquele trecho da praia não era frequentado. Voltei.
Deitei-me ao lado da minha amiga, que choramingava tristemente. Comecei a latir forte e alto na esperança de que Ricardinho e Paulinho pudessem ouvir.
- Eles não ouvirão, fomos longe demais... – disse Brisa chorosa.
Como não sou de desistir facilmente, continuei com os latidos. Parei por uns segundos para lamber o focinho da minha amiga e, desta forma, dizer a ela: “eu estou aqui, não tenha medo.” O céu começara a escurecer. Calculei que eram mais de seis horas da tarde. Logo ficaria escuro como breu. Sou corajoso, não tenho medo do escuro. E Brisa? Será que ela temia o escuro? Perguntei a ela:
- Quem disse que eu tenho medo do escuro? Não seja bobo, Kito!
- E se tivermos de passar a noite aqui? – insisti em perguntar.
- Nada demais. Basta que nos afastemos do mar. A noite a maré costuma subir e, se nos molharmos, vamos sentir muito frio.
Sábias palavras. Concordei com ela. Então fizemos um acordo: latir juntos. Assim fizemos. Ainda havia um pouco de claridade quando ouvi a voz do meu dono:
- Kitooo! Aqui menino! Kitooo...
Foi felicidade demais. Primeiro: ia voltar para casa; segundo: ganhei tantos beijos (lambidas) de Brisa que fiquei apaixonado. Corremos, eu e Brisa, na direção da voz e, quando avistamos nossos donos, pulamos para seus braços. Na volta para casa ouvi uma boa reprimenda de Ricardinho:
- Onde já se viu! Isso não se faz com ninguém! Por que foi para tão longe? Consegue imaginar o susto que me deu? Nunca mais faça algo parecido...
Eu pedi desculpas lambendo-lhe o rosto até que ele dissesse:
- Chega! Já entendi. Nunca mais fará isso, não é?
Antes de me despedir de Brisa, ouvi os dois meninos combinando uma partida de futebol para a tarde do dia seguinte. Brisa piscou o olho para mim como a dizer: “amanhã estaremos correndo pela areia da praia.”

(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 10 de junho de 2022

PARLENDAS 34



I
A de prata é linda
A de ouro é mais linda
Brilha muito este tesouro
Minha pulseira de ouro.
II
Que bom, que bom
Que tenho um edredom
Pois o frio não é bom
Pra quem dorme no porão.
III
Rainha você é
De tudo dona é
Só não sabe que seu pé
Tem catinga de chulé.
IV
Da Lili estou a espera
Com uma florzinha na mão
Pois sou amiga sincera
Do fundo do coração.
V
Os tamancos de madeira
Arrumados em fileira
Todo dia a arrumadeira
Desarruma esta fileira.
VI
Fio tecido, fio fiado
Palhaço de circo vaiado
Ficou todo atrapalhado
Bombom não se vende fiado.
VII
Bola, bolinha, bolão
Acha que é bala de canhão
Esta doce criação
É apenas um bombom
Na lancheira do Carlão.
VIII
Amassa a massa amassador
Amassador a massa desamassa
Quem não é amassador
A massa não desamassa.
IX
O juiz não tem juízo
Do lucro ao prejuízo
Pagar a conta é preciso
Do juiz que não tem juízo.
 
10/06/22 
(Maria Hilda de J. Alão)                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

sábado, 4 de junho de 2022

PARLENDA – Salada, saladinha

 

Salada, saladinha,
Pode ser um saladão
De alface ou agrião,
De chicória ou almeirão.

Pra crescer tem que comer
Uma rica saladinha
Com arroz e com feijão,
Carne, frango ou sardinha.

Pra beber? Suco de fruta,
Laranja, limão ou caju,
Evite qualquer refrigerante,
Pra não virar um elefante.

Depois da sadia refeição,
Coma uma banana madurinha,
Prata ou nanica pintadinha
Faz muito bem ao coração.

Eu adoro a saladinha
Ela me faz forte e bonitinha.
No estudo não há quem me passe,
Sou a primeira da classe.

(Maria Hilda de J. Alão)

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)