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sexta-feira, 1 de julho de 2022

A BOCA, AS MÃOS, O ESTÔMAGO E OS PÉS (História infantil)

 


Havia uma grande disputa entre a boca, as mãos, o estômago e os pés. Os pés diziam: somos superiores porque carregamos vocês e todo o resto do corpo.

- Vejam, -dizia um dos pés – além de carregar vocês, eu ando, pulo, corro, salto, subo e desço levando um grande peso.

- Grande coisa! – exclamou o Estômago – Se eu não distribuir os alimentos pelo corpo, quero ver vocês, pés, saírem do lugar, seus convencidos!

- Será que dá para parar com esta disputa boba! – interrompeu a Boca nervosa. - Se eu não mastigar e engolir a comida, você, Estômago, não faz nada além de roncar de fome. Imagine se alguém engolisse os alimentos inteiros, sem mastigar, o que faria? Eu até sei. Você sentiria azia, teria congestão, enjoo e vomitaria tudo. Percebeu por que eu sou mais importante?

- Pode ficar calada, dona Boquinha! Nós, as duas Mãos, somos superiores. Nós somos o máximo. Importância em nós é o que não falta.

- Por que está dizendo isto? – indagou o Estômago.

- Ora, meu caro amigo! São as mãos que plantam, colhem, preparam os alimentos e os levam até a dona Boca faladora para que ela os mastigue e os entregue, de mão beijada, para você, querido Estômago. Também lavamos, costuramos, acariciamos, oramos, e damos remédio para você, meu amigo, quando está doentinho. Lembra da última crise de azia que você teve? Pois eu me lembro de você gritando desesperado: - Estou pegando fogo, estou pegando fogo... E quem o socorreu? Nós, as mãos, dando-lhe um remedinho para aliviar o seu mal. Por isso fique bem quietinho e deixe de ser exibido, tá bom?

Depois de pensar muito, entre um ronco e outro, o Estômago chegou a conclusão que as Mãos estavam cobertas de razão.

- Vocês estão certas, amigas. O alimento é o combustível que faz movimentar a máquina humana. Vocês ouviram amigos, pé direito e pé esquerdo? – perguntou o estômago dando um ronquinho.

- É verdade, querido amigo Estômago. Todos os membros do corpo humano são importantes. – disseram os dois pés que já sentiam câimbras por causa do tempo que estavam ali, parados, discutindo sobre quem é mais ou menos importante.

E, para terminar a discussão, a Boca, sorridente, beijou as amigas Mãos que fizeram uma massagem nos seus dois amigos, os Pés e foi aplaudida pelo senhor Estômago com um belo ronco.

(Histórias que contava para o meu neto.)

(Maria Hilda de J. Alão)

 

A AVENTURA DE KITO E BRISA (História)

 


Eu sou um cãozinho vira-lata. Meu nome é Kito. Vocês podem dizer que é um nome esquisito, mas eu gosto dele. Gosto de ouvir o meu dono, o menino Ricardinho, gritar:
- Kito, pega a bola! Corre Kito... Vem comer Kito...!
Nós moramos numa rua perto da praia, e quando chegam as férias escolares, eu e Ricardinho passamos boa parte do dia na areia. Conheço todos os seus amigos e, dentre eles, o meu preferido é o Paulinho. Ele tem uma cadelinha branca da raça poodle, de pelo macio, linda como eu nunca vi outra igual. Enquanto meu dono e seus amigos jogam bola, eu exploro a praia na companhia de Brisa. Este é o nome da beleza de cadelinha. Numa tarde ensolarada, enquanto todos jogavam a mais animada das partidas de futebol, eu e Brisa resolvemos caminhar para mais longe. 
Queríamos conhecer toda a extensão da praia. Fomos tão longe que nem o meu faro aguçado conseguiu encontrar o caminho de volta. Estávamos perdidos. Eu não fiquei preocupado. Sabia que meu dono sairia a minha procura e, tinha mais, estar ao lado de Brisa não é estar perdido, é estar “achado” e feliz.
Exploramos aquele trecho de praia desconhecido para mim. Brisa mostrava uma preocupação fora do comum. Para tentar acalmá-la, eu contava as minhas aventuras ao lado de Ricardinho. Ela ria e, ao mesmo tempo, perguntava:
- Será que eles vêm? Eu estou com fome...!
Ela estava com fome. As palavras caíram no fundo do meu coração. Eu não podia deixar a dama, que estava em minha companhia, passar por uma situação como esta. Então resolvi caminhar mais um pouco deixando a cadelinha deitada na areia à minha espera. O meu instinto de explorador me dizia que era preciso procurar alguma coisa. Os banhistas costumam deixar restos de sanduíches na areia. Não encontrei nada. Aquele trecho da praia não era frequentado. Voltei.
Deitei-me ao lado da minha amiga, que choramingava tristemente. Comecei a latir forte e alto na esperança de que Ricardinho e Paulinho pudessem ouvir.
- Eles não ouvirão, fomos longe demais... – disse Brisa chorosa.
Como não sou de desistir facilmente, continuei com os latidos. Parei por uns segundos para lamber o focinho da minha amiga e, desta forma, dizer a ela: “eu estou aqui, não tenha medo.” O céu começara a escurecer. Calculei que eram mais de seis horas da tarde. Logo ficaria escuro como breu. Sou corajoso, não tenho medo do escuro. E Brisa? Será que ela temia o escuro? Perguntei a ela:
- Quem disse que eu tenho medo do escuro? Não seja bobo, Kito!
- E se tivermos de passar a noite aqui? – insisti em perguntar.
- Nada demais. Basta que nos afastemos do mar. A noite a maré costuma subir e, se nos molharmos, vamos sentir muito frio.
Sábias palavras. Concordei com ela. Então fizemos um acordo: latir juntos. Assim fizemos. Ainda havia um pouco de claridade quando ouvi a voz do meu dono:
- Kitooo! Aqui menino! Kitooo...
Foi felicidade demais. Primeiro: ia voltar para casa; segundo: ganhei tantos beijos (lambidas) de Brisa que fiquei apaixonado. Corremos, eu e Brisa, na direção da voz e, quando avistamos nossos donos, pulamos para seus braços. Na volta para casa ouvi uma boa reprimenda de Ricardinho:
- Onde já se viu! Isso não se faz com ninguém! Por que foi para tão longe? Consegue imaginar o susto que me deu? Nunca mais faça algo parecido...
Eu pedi desculpas lambendo-lhe o rosto até que ele dissesse:
- Chega! Já entendi. Nunca mais fará isso, não é?
Antes de me despedir de Brisa, ouvi os dois meninos combinando uma partida de futebol para a tarde do dia seguinte. Brisa piscou o olho para mim como a dizer: “amanhã estaremos correndo pela areia da praia.”

(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 10 de junho de 2022

PARLENDAS 34



I
A de prata é linda
A de ouro é mais linda
Brilha muito este tesouro
Minha pulseira de ouro.
II
Que bom, que bom
Que tenho um edredom
Pois o frio não é bom
Pra quem dorme no porão.
III
Rainha você é
De tudo dona é
Só não sabe que seu pé
Tem catinga de chulé.
IV
Da Lili estou a espera
Com uma florzinha na mão
Pois sou amiga sincera
Do fundo do coração.
V
Os tamancos de madeira
Arrumados em fileira
Todo dia a arrumadeira
Desarruma esta fileira.
VI
Fio tecido, fio fiado
Palhaço de circo vaiado
Ficou todo atrapalhado
Bombom não se vende fiado.
VII
Bola, bolinha, bolão
Acha que é bala de canhão
Esta doce criação
É apenas um bombom
Na lancheira do Carlão.
VIII
Amassa a massa amassador
Amassador a massa desamassa
Quem não é amassador
A massa não desamassa.
IX
O juiz não tem juízo
Do lucro ao prejuízo
Pagar a conta é preciso
Do juiz que não tem juízo.
 
10/06/22 
(Maria Hilda de J. Alão)                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

sábado, 4 de junho de 2022

PARLENDA – Salada, saladinha

 

Salada, saladinha,
Pode ser um saladão
De alface ou agrião,
De chicória ou almeirão.

Pra crescer tem que comer
Uma rica saladinha
Com arroz e com feijão,
Carne, frango ou sardinha.

Pra beber? Suco de fruta,
Laranja, limão ou caju,
Evite qualquer refrigerante,
Pra não virar um elefante.

Depois da sadia refeição,
Coma uma banana madurinha,
Prata ou nanica pintadinha
Faz muito bem ao coração.

Eu adoro a saladinha
Ela me faz forte e bonitinha.
No estudo não há quem me passe,
Sou a primeira da classe.

(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 3 de junho de 2022

O SONHO DO GATO (História)



          Tim-Tim, o velho gato, perguntou a boneca japonesa Tizuka, o que azia ela, ali parada, a noite, diante de um velho balde de boca para baixo. A boneca respondeu que queria subir para sentar no balde, mas como era pequena não alcançava.
- Ora! – exclamou o gato – Isso não é problema! - E, abaixando-se, cedeu o seu dorso para que a boneca subisse e assim alcançasse o balde.
- Pronto, linda bonequinha!
        Tizuka arrumou o quimono azul, ajeitou os cabelos negros e, muito devagar, com a elegância oriental, sentou-se no balde. Tim-Tim estava num canto do jardim observando a boneca. Do seu trono, o balde, a boneca olhava as estrelas e a Lua que se escondia atrás de uma nuvem. Era a lua cheia. O que Tim-Tim viu e ouviu o deixou maravilhado. Tizuka começou a recitar versos numa língua que ele não entendia. Cada sílaba emitia um som cristalino formando uma frase musical que foi se espalhando por todo o jardim.
De repente uma luz brilhante desceu do céu trazendo consigo mariposas, grilos, duendes, elfos, minúsculas fadas e todos os seres do mundo da fantasia irmanados pela beleza e musicalidade da voz da bonequinha japonesa.
          Tim-Tim viu o jardim mudar de aspecto. Agora havia bonsai por todos os lados, um pequeno lago com carpas, canteiros de flores artisticamente desenhados, lanternas coloridas espalhadas por todas as árvores, havia até um pequeno templo dedicado a Buda. Seria magia? Tizuka continuou a declamar os versos que enchiam de música o jardim fazendo com que todos os seres dançassem.
           Não era uma dança vertiginosa, era uma dança de leveza angelical. Ela mesma não resistiu ao encanto e, levantando-se, bailou suavemente sobre o velho balde de boca para baixo. Foi aí que ela avistou os olhos de Tim-Tim no canto do jardim. Rápida, ela saltou do balde e correu até ele.
              - Amigo, venha bailar conosco. Veja! Todos estão alegres, felizes. Vem! – Ah, que voz tinha aquela boneca! O timbre parecia milhões de sininhos tocando delicadamente à emissão de cada palavra. O gato, emocionado, quase pediu para ela repetir o convite só para ouvir os sininhos. Meio sem jeito, Tim-Tim perguntou:
 - Como aconteceu tudo isso? Por que mudou tudo?
- Querido amigo Tim-Tim, tudo isso que você está vendo ao seu redor é fruto da magia das palavras, é o poder da poesia que existe em cada coisa, em cada ser. Venha fazer parte desse mundo de sonho deixando que a poesia invada sua alma. Deixe que a força das palavras faça bater forte o seu coração de gatinho.
           Quando Tim-Tim ia se levantar para acompanhar Tizuka, um barulho forte o assustou. Era Isadora, a menina de sete anos que entrou na sala chamando em altos brados.
- Acorda, Tim-Tim, está na hora de tomar seu leite morninho e bem gostosinho. Já são seis horas, gatinho!
          Depois desse dia, todas as vezes que Tim-Tim vai dormir ele passa diante da bonequinha japonesa, que fica acomodada numa cadeirinha de balanço no quarto de Isadora, na esperança de que ela fale com ele, convidando-o para a próxima dança

(histórias que contava para o meu neto)

 (Maria Hilda de J. Alão)

PARLENDA BEATRIZ, TRIZ, TRIZ

1
Beatriz, triz, triz
Tira caca do nariz
Corre, corre Beatriz
Lava a mão no chafariz.
2
Amaral pôs no varal,
Antes de ir para o arraial,
O seu casaco legal. Veio um vendaval
E teve o Amaral
De ir buscar o casaco
No meio do bananal.
3
Sapo sapudo,
O que está olhando
Seu abelhudo?
Estou olhando você
Seu narigudo.
4
Maria Clara
Come do ovo a clara
Maria Filomena
Come do ovo a gema.

(Maria Hilda de J. Alão)

PARLENDA DOS NÚMEROS

 


UM, maionese de atum,

DOIS, é pra comer depois,

TRÊS, e dar a um gato xadrez.

QUATRO, o sol é um astro,

CINCO, telhado de zinco.

SEIS, festa de reis,

SETE, masca chiclete.

OITO, menino afoito,

NOVE, hoje não chove.

DEZ, arraste os pés,

ONZE, no assoalho de bronze.

 (Maria Hilda de J. Alão)

 

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)