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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O CÃO, O LOBO E O MESTRE MACACO (história infantil)

 


Um dia um cão saiu para caçar porque tinha quatro filhotinhos para alimentar. Depois de muito tempo procurando pegou um gordo coelho. Vinha todo feliz com o bichinho na boca quando saiu do mato um enorme lobo. O lobo rosnou, pôs os dentes de fora e disse com sua voz cavernosa:

- Está muito apressado, primo?
- Bem – gaguejou o cão -, é que meus filhotes estão com fome e eu estou levando o almoço pra eles.
O lobo, rosnando, disse:

- Quem autorizou você a caçar no meu território? Como eu não autorizei esse coelho me pertence. Pode largar aí mesmo e sair correndo porque, do contrário, você vira comida agora mesmo. O cão ponderou, mas não teve acordo. O jeito foi deixar o coelho e sair com o rabo entre as pernas.
Enquanto tudo isso acontecia, um macaco esperto estava no alto da árvore, coçando a barriga e de olho no cão e no lobo. O pobre cão já estava se afastando, triste por ter perdido o almoço, quando o macaco, com uma voz estridente, disse:
- Se eu fosse você não iria embora de boca vazia. Esconda-se entre a folhagem e espere um pouco.
- Você não entende macaco, se eu ficar serei morto por esse lobo enorme e os meus filhotes ficarão sem pai.
- Você, cão, nem sabe onde está caçando, não é verdade?
- Bem, o lobo disse que é no território dele.
- E você acreditou. Ora! Você não conhece as histórias desse espertalhão? Veja que a alcateia não está com ele, ele está só, portanto é um lobo mentiroso e oportunista. Cá pra nós, amigo cão, esse seu primo quer mesmo é comer sem trabalhar.
Enquanto conversavam, macaco e cão, o lobo, que já havia pegado o coelho, foi se afastando com aquele ar de vencedor. Foi neste momento que saiu do mato um leão. O macaco disse ao cão:

- Agora você vai entender o que eu disse. Veja: aquele coelho foi morto no território do leão, e quem é que está com ele na boca? Quem? Quem? Você sabe que um animal não pode invadir o território do outro. O lobo será castigado por sua arrogância e covardia e você, embora culpado de invasão, irá recuperar a sua caça.

- Como, mestre macaco? Agora é que não tem jeito. Se eu não posso enfrentar o lobo que é meu primo, imagine um leão.

- Observe, observe...

Foi só o tempo de o cão virar a cabeça e ver o leão saltar sobre o lobo e o belo coelho voar pelos ares. Neste momento o cão aproveitou para pegar o coelho e partir para alimentar seus filhotes. Não sem antes agradecer ao macaco pelo conselho que lhe valeu a recuperação do almoço.

- Aprenda a esperar, meu amigo cão! A situação, às vezes, se reverte em favor do perdedor, principalmente se uma das partes é desonesta. Disse o macaco rindo.

01/09/23

(Maria Hilda de J. Alão)

 

A ESTRELA-DO-MAR (história infantil)

 


- Vovó, como nasceu a estrela-do-mar? – perguntou a menina Lúcia, uma garotinha de grandes olhos verdes e uma fantasia maior do que ela, apontando para uma estrela que jazia ressecada na areia da praia.

- Ah, filhinha! É uma história muito bonita.
- Conte para mim, vovó. – pediu a menina.
E a vovó Mariana começou:
- Num tempo muito antigo, quando ainda não existia gente no mundo, os astros do céu eram deuses. O deus Sol, a deusa Lua e tantos outros. Eles ficavam vagando pelo espaço sem ter muito que fazer. A deusa Lua, moça formosa, acompanhada pelo seu séquito de estrelas brilhantes, estava entediada. Nada de novo acontecia. Era sempre a mesma coisa. Uma das estrelas, a mais brilhante, vendo a tristeza da deusa disse:
“Por que não olha ao seu redor? Veja aquele planeta. Reparou que você gira em torno dele? Que o acompanha para um destino desconhecido? “Espere o despertar do deus Sol e verá como ele é majestoso, de um azul que não existe em nenhum lugar da galáxia.”

E o deus Sol acordou. Iluminou o espaço e a deusa Terra. Então a deusa Lua voltou seus olhos para admirar a beleza do planeta Terra. Que bola maravilhosa! Toda azul girando no espaço. Ela queria ver mais. Então foi se aproximando mais e mais até quase tocar o planeta. Viu o mar. O seu olhar de deusa ficou extasiado. Apaixonou-se pelo gigante azul com espuma branca que mais parecia renda de um véu de noiva. Como se unir a ele? Impossível, - disse a estrelinha brilhante -, o lugar dele é na Terra e o seu é aqui.
A tristeza tomou conta da deusa Lua. Começou a ficar minguante, outras vezes crescente como o sonho de se unir ao mar. Só a realização do seu sonho de amor a faria se renovar e se tornar cheia de vida e de felicidade. E lhe veio a ideia. Cresceu, cresceu tanto que tocou o corpo do seu querido Mar. Foi um momento de magia pura.

Toda a natureza se aquietou e ela sentiu o perfume do amado, recebeu a carícia das ondas e brilhou como nunca enquanto durou o longo beijo. Realizado o sonho, a deusa Lua foi se afastando do Mar e voltou ao seu lugar no espaço. Foi então que a estrelinha brilhante perguntou: “Por que não ficou com o seu amor?” “Minha missão é a de iluminar a escuridão. Eu sou a lanterna do céu. Mas deixei com meu amado a prova da minha paixão. Uma sementinha que logo eclodirá como uma belíssima estrela-do-mar, filha do nosso amor impossível.
- E foi assim, minha querida neta, que nasceu esta estrela, filha da Lua e do Mar.

(histórias que contava para o meu neto)

01/09/23
(Maria Hilda de J. Alão)

A RAINHA FORMIGA (poesia infantil)

 



Correndo no chão cálido,
A formiga rainha veloz
Passa, num talo verde pálido,
Levada por operárias que a sua voz

Obedecem sem pestanejar.
Atrás, dividido em batalhões,
Vem o formigueiro a marchar
Como milhões de soldados anões.

Mudam para outro lugar,
Ali já não dá para viver,
O bicho papão veio a mata devastar,
Secou tudo, não há o que comer.

Ela quer um lugar sem som
De machado e das vozes gritantes
Dos papões que têm um nefasto dom:
Transformam tudo em pastos gigantes.

Vai a rainha apressando as comandadas,
Aprofundando-se na mata densa.
Não serão mais importunadas,
Bicho papão aqui não vem: ela pensa.

01/09/23
(Maria Hilda de J. Alão)

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

O PAPAGAIO E A CACATUA (poesia infantil)

 


Havia uma grande disputa
Em uma floresta verdejante
Entre duas aves bem falantes:
O papagaio verde e a cacatua.

Com gritos e blá blá blá
Ouvia-se a cacatua a falar:
Sou melhor que o papagaio
Para palavras pronunciar,

Ao que o papagaio respondia:
Com esse nome que carregas
Nunca falarás melhor do que eu
Numa disputa o mérito será meu,

E se nesse espaço eu caca fizer
Essa caca será tua, pois assim diz
Teu nome minha bela ave aprendiz.
E a disputa, sem data para acabar,

Já perturbava a boa convivência
Naquela grande floresta verdejante
Até que uma branca calopsita
Gritou com um alto-falante:

Chega de gritaria e tanto falatório
A sagrada floresta não é auditório
Encontrei uma solução para disputa
E para vencer depende da conduta

Do papagaio verde e da cacatua
Que deverão pronunciar rápido
Cinco vezes e não pode errar:
“Troca troca trocadilho”

E ao final dessa grande disputa
Venceu o falante papagaio verde
Que gritava como narrador de futebol:
“Vai bela cacatua que a caca é tua”

03/08/23

(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 21 de julho de 2023

CONCERTO NA LAGOA (poesia infantil)

 


Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si,
Solfeja o sapo na lagoa,
Corre, corre gente boa
Hoje tem concerto aqui.

Tem rã coaxando em fá bemol,
Crocodilo bramindo em ré, dó, mi,
Cobra sibilando em lá, mi, sol,
Gazeia a garça em fá, lá, si.

Vem que já começa o tié
A cantar num fôlego só
Canção de amor em dó, mi, ré,
Responde sua amada em mi, ré, dó.

Na lagoa deslizando
Grasna o pato em ré, mi, fá,
Embaixo d’água nadando
Ronca o peixe em sol, dó, lá.

Vem chegando o gafanhoto
A ziziar em ré, fá, mi,
Num balançado maroto
Desafia a cigarra em lá, sol, si.

Canta sabiá lá no seu canto
Uma canção em sol maior,
Enquanto uirapuru ensaia o canto
Na escala lá menor.

Canto vai, canto vem,
Passam as horas lentamente
E o concerto finalmente
Termina ao som dos grilos

Cantando uma canção de ninar
Para os que vivem na lagoa
É verdade, meninada boa,
Todos vão dormir e sonhar.


(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 14 de julho de 2023

A FLOR E O VENTO (infantil)



A flor, nascida de um pequeno arbusto à beira do rio, caiu sobre a água transparente e tranquila. O vento, que soprava docemente, disse:

- Tu pareces uma linda bailarina vestida de branco pronta para dançar:
- Ah, meu querido vento, com quem eu dançaria?

- Se permites serei teu par. Aceitas?

A flor sorriu abrindo todas as pétalas e espargindo um doce perfume que o vento se encarregou de espalhar pela mata que cercava o rio. Gentil o suave vento conduziu a florzinha num bailado sobre as águas mansas do rio correndo para um encontro com o mar. Pelo caminho a flor convidava as outras flores:

- Amigas, venham, venham bailar ao sabor do vento.

As flores, das margens do rio, foram caindo uma a uma na água excitadas pelo convite da florzinha branca e, em pouco tempo, flores das mais variadas cores cobriam a água do rio bailando embaladas pela melodia do vento. A flor branca se destacava no meio das outras pela sua beleza e a graça de dançar. O vento só tinha olhos para ela; só cantava e soprava para a sua florzinha branca. E quando todos chegaram à curva do caudaloso rio ele percebeu que, de um momento para o outro, perderia a sua amada. 
A água do rio, agora apressada, não via a hora de chegar ao seu amado mar.

Enchendo-se de coragem o vento apaixonado soprou forte elevando a florzinha branca no ar. As outras flores deram adeus a amiga executando uma perfeita dança das flores sobre a água afoita. O vento foi levando a florzinha para o alto, mais alto, mais alto. Ela resplandecia, rodopiava no ar. Não tinha medo. Sabia que o amado não deixaria cair. O vento sorria para ela, mas um pensamento triste lhe passou pela cabeça: ele não poderia prendê-la no ar para sempre. Vendo a nuvem de tristeza no semblante do amado ela perguntou:
- Já não gostas mais de mim, querido vento? Não queres mais soprar para mim?
Ela não entendia. Ele não pertencia a um só lugar. Ele era de todos os lugares. Agora aqui, logo mais acolá. Não tinha morada fixa. Com o coração batendo forte ele respondeu:
- Tu serás a mais branca e brilhante estrela do firmamento e quando eu me sentir só olharei para o céu e estarás lá brilhando e dançando para mim. Farei de ti a estrela da alvorada.
Transformando-se em um violento furacão ele arremessou a florzinha branca para além da estratosfera onde moram as estrelas e os planetas.

Destacando-se das outras a florzinha branca, agora estrela, está lá no firmamento piscando e brilhando para o seu amado vento e para nós.

- Vovó, isso aconteceu de verdade? – perguntou o menino.

- Na nossa imaginação tudo acontece de verdade, menino! Tá vendo lá no céu a estrela Dalva? É a nossa florzinha branca.

(histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)

A Caixa Mágica (cordel)

AS DUAS CARTAS

  Faltavam duas semanas para o encerramento das aulas e as crianças do Grupo Escolar Cristo Rei tinham aulas de recreação. Todos estava...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)