(História escrita por Maria Hilda de J. Alão, publicada no livro de histórias infantis da autora: A Princesa Sofia à pag. 37.)
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domingo, 21 de agosto de 2022
O Gato que Queria ser Tigre [Vovó Miloka]
(História escrita por Maria Hilda de Jesus Alão e publicada no livro da autora "Os Bichos Contando suas Histórias" pag. 76)
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
A MISSÃO DO ANJO SERAFIM (história infantil)
Entre os anjos do céu havia um que se chamava Serafim e que era um anjo de primeira grandeza, mas, era meio da esquerda. Vivia fazendo brincadeiras com os amiguinhos. Puxava as trancinhas das anjinhas, prendia as asas dos outros anjos com pregadores transparentes, fazia “buuuuuuu” para assustar São Pedro, na portaria do céu, e colocava nuvens na Lua para apagar o brilho. Mas, mesmo sendo peralta, era muito querido do anjo Guardião, responsável pela ala em que viviam os anjos.
Um dia Deus chamou o Guardião à Sua sala. Os megafones do céu retumbaram:
- Atenção, senhor Guardião dos anjos, compareça à sala do Altíssimo!
Esse chamado foi repetido várias vezes. O Guardião tomou conhecimento. Arrumou a sua vestimenta, aprumou as asas, ajeitou a auréola de luz da sua cabeça, iluminou o rosto com um sorriso e lá se foi para a sala do Pai.
Chegou. A porta, entreaberta, mostrava o brilho da magnificência de Deus. Bateu timidamente. A voz grave veio lá de dentro:
- Entre, meu filho!
O Guardião entrou e viu na face do Pai toda a bondade, toda a placidez que existe no universo. Então ele disse:
- Pai, estou aguardando suas ordens!
O Pai o chamou para perto de si e, sorridente, cochichou algo ao seu ouvido. Depois disse enfático:
- Que se cumpra!
Enquanto isso, na ala dos anjos havia um forte burburinho. O que seria que Deus queria conversar com o anjo Guardião? Neste momento entra o Guardião, muito sério. - Crianças, o Senhor destinou uma tarefa para um de vocês. Não será fácil porque a tarefa não será no céu, será na Terra.
Ouviu-se, em uníssono, o “oh” dos anjos. Realmente será uma missão quase impossível. Humanos não são fáceis. E o anjo? Qual deles estava designado para essa tarefa? Mais uma vez, ouviu-se a voz do Guardião:
- O anjo escolhido por Deus é o anjo Serafim. – Nesse momento a falange fez: - “chiiiiiiiiiii!” - eles não botavam fé no pobre do Serafim. O Guardião continuou a falar:
- O anjo escolhido tem a missão de salvar as baleias dos mares da Terra e tem sete dias para fazer o trabalho.
Um anjo curioso perguntou:
- Por que Deus quer que sejam salvas as baleias?
- Porque elas fazem parte do equilíbrio do ecossistema do planeta. Cada animal, cada planta, cada macro e micro organismos são um elo da corrente. Rompido um elo, todo o sistema desaba. O ecossistema da Terra já está quase falido porque o homem não sabe cuidar da casa que Deus lhe deu.
E Serafim desceu para a Terra para cumprir sua missão. Assustou-se com o movimento de carros, tossiu com o ar poluído, viu a devastação das matas, a erosão do chão, tremeu diante da poluição das águas e até chorou quando viu a enormidade de lixo boiando em rios e mares. Já estava no terceiro dia. Partiu para o oceano para conhecer as baleias.
Ficou com o coração partido ao ver aqueles barcos com homens arpoando os enormes animais.
Ficou pairando no ar imaginado como ele, tão pequenino, poderia salvar aquele imenso animal, caçado por outro de menor porte. Já estava no sexto dia e ele ainda não sabia como fazer para salvar as baleias. Voltou para a terra. Ficou invisível no cais, vendo e ouvindo as pessoas. Foi neste momento que chegou um grupo indignado com aquela matança. - Veja, - dizia uma mulher – a baleia azul, a baleia orca e a cachalote, já tiveram diminuída a sua população nos oceanos. E ficaram contando as baleias mortas que eram descarregadas no cais.
Então Serafim teve uma ideia. Aproximou-se do grupo e soprou no ouvido de uma das pessoas, a ideia:
- Pessoal, já sei como vamos acabar com isso!
- Como? – perguntou um homem alto e forte.
- Vamos partir para o mar em barcos, botes, seja lá o que for, com megafones no último volume, ficaremos na frente do baleeiro e só sairemos quando eles desistirem. Se algum de nós morrer, será por uma causa justa. Vamos atrapalhar essa caçada.
E assim foi feito. Embora não tenham acabado, totalmente, com a mortandade de baleias, ela diminuiu um pouco. Foi muito trabalho. Muita luta com os países que defendem a pesca sem limites das baleias.
Isto aconteceu no sétimo dia da missão de Serafim. Feliz ele voltou para o céu. Toda a falange estava em festa. Tinha sido cumprida a ordem de Deus. O anjo Guardião entregou a medalha de “honra ao mérito” a Serafim, sob os aplausos de todos. Depois da recepção, o Guardião pegou Serafim pela mão e foi subindo com ele para a esfera mais alta do céu, onde habita o Pai, porque, a partir daquele instante, Serafim tornou-se um dos anjos que estão à direita de Deus.
(histórias que contava para o meu neto).
(Maria Hilda de J. Alão)
A LENDA DA HARPIA (lendas)
Para o poeta grego Homero, o fundador da poesia épica nascido em local desconhecido presumidamente entre os séculos 11 e 7 a.C., apesar de sete cidades gregas reivindicarem tal honra, a harpia Celeno, ou Podargéia, uniu-se a Zéfiro para dar origem aos cavalos de Aquiles, que voam no ar com os ventos; já para os poetas alexandrinos (que polvilhavam sua poesia com explicações técnicas e científicas, com alusões sábias e observações eruditas que exigiam do leitor conhecimentos aprofundados para a sua compreensão) e também para os latinos, elas eram colocadas entre os gênios infernais, confundindo-se frequentemente com as Fúrias dos romanos, ou Erínias dos gregos, três divindades maléficas (as irmãs Alecto, Megera e Tisifone) que presidiam a todos os crimes. Mas as Harpias aparecem com maior destaque, sobretudo, nas lendas relacionadas com Fineu, rei da Trácia que se tornou cego por vontade de Zeus (Júpiter).
O mito principal dessas divindades confunde-se com a história de Fineu, sobre quem pesava a seguinte maldição: toda a comida que fosse colocada à sua frente seria carregada pelas Harpias, que inutilizavam com seus excrementos aquilo que não pudessem levar com elas. Segundo a versão mais conhecida, Fineu era o rei da Trácia, região histórica do sudeste da Europa, banhada, a leste, pelo mar Negro e pelo estreito do Bósforo; ao sudeste, pelo mar de Mármara; e ao sul, pelo estreito do Dardanelos e pelo mar Egeu.
O soberano também era adivinho, mas por ter abusado das faculdades proféticas que possuía, acabou deixando Zeus (Júpiter) aborrecido, e por isso foi castigado com a perda da visão, passando a ser perseguido pelas Harpias. Estas cuidavam de lhe roubar a comida, ignorando os servos que tentavam afugentá-las, e quando o infeliz soberano já estava prestes a morrer de fome, os Argonautas chegaram ao seu reino e as venceram, deixando-as vivas diante da sua promessa de que não mais atormentariam o soberano, e de que se recolheriam a uma caverna na ilha de Creta.
Maria Hilda de J. Alão
terça-feira, 16 de agosto de 2022
A LANTERNA MÁGICA (história infantil)
Existiu um homem que era viajante. Vendedor de tralhas, ele só viajava à noite entre uma cidade e outra. Os amigos censuravam o hábito dizendo que as estradas eram perigosas e que ele poderia ser assaltado.
O homem, porém, não dava ouvidos aos conselhos. Dizia a todos que possuía uma lanterna mágica e com ela nunca ficaria na escuridão durante suas viagens. A lanterna mágica, segundo ele, iluminava quilômetros de estrada e nunca se apagava porque era abastecida com o melhor óleo do mundo. O óleo de baleia.
Depois de vender toda a mercadoria que trouxera, o homem se preparou para voltar para a sua cidade. Arrumou seus pertences em uma mala e, por baixo da roupa bem dobrada, ele colocou a bolsa com o dinheiro que ganhara vendendo as suas tralhas. Esperou a noite chegar. Despediu-se dos amigos e partiu levando a lanterna mágica que iluminava tudo.
Andou muito. Faltavam uns dois quilômetros para chegar a sua cidade quando começou uma forte ventania. Levantando a poeira da estrada e limitando a visualização do caminho, o vento apagou a lanterna mágica. O homem ficou desesperado. Logo se lembrou dos fósforos que carregava no bolso da calça.
Foi riscando e o vento apagando. Quando parecia que o vento tinha dado uma trégua, ele puxou o último palito de fósforo e riscou. Assim que aproximou a chama do fósforo da lanterna mágica, uma forte lufada de vento apagou o palito.
Preocupado, o homem tateou no escuro procurando um lugar para sentar e aguardar o dia amanhecer. Finalmente a manhã chegou. O vendedor olhou a sua volta procurando a mala com seus pertences e a bolsa de dinheiro. Não encontrou nada. Só a lanterna apagada que para ele mais perecia um mostrengo sem utilidade.
Então percebeu que durante a ventania ele fora roubado. Com esse acontecimento ele aprendeu duas lições: não existe magia para dominar a força da natureza e sensato é aquele que sabe ouvir conselhos. Assim ele voltou para casa com a lanterna mágica na mão e sem dinheiro no bolso.
(Histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)
A DOR DE DENTE DO URSO (história infantil)
Ai. Eu tenho um espinho no dente
Ai. Quem puder retirar que entre de sola
Ai. De frutos darei uma sacola,
Ai. Pra quem curar esta dor de dente.
Era assim que gemia um enorme urso marrom no meio da floresta. Os outros bichos tinham pena, porém não se arriscavam.
- Coitado! Queria muito ajudar, mas eu tenho medo porque sou tão pequeno e para alcançar o espinho preciso entrar em sua boca. – dizia um coelho branco.
- Eu também tenho medo, - disse uma anta – nunca se sabe o que pode um urso fazer. Ele já não come há dias. Sinto muito, mas não posso ajudar.
- Acho que desse jeito ele não vai parar de gemer. É certo não fazermos nada? – perguntou a raposa vermelha.
- Será que somos tão covardes? Como saber se o urso atacará quem o aliviar da torturante dor? – perguntou o leão de juba negra.
- Pelo sim ou pelo não, é melhor não arriscar. Se fosse você faria o quê? – perguntou a prudente coruja.
O leão não respondeu. O urso continuava a gemer com sua forte dor, quando chegou um caçador. Ao ver o urso, ele preparou a arma para atirar, mas percebeu que o animal gemia e não esboçou nenhum movimento de ataque. Alguma coisa estava fazendo aquele urso sofrer muito. O urso, deitado no chão, parecia não ter notado a presença do homem. Gemia e se contorcia muito. O caçador se aproximou medroso, e oculto por um tronco, olhou, e viu espetado na gengiva do urso um grande espinho. Saiu do seu esconderijo e chegando mais perto arriscou: ele pôs a mão na cabeça do urso. Nenhuma reação brusca. Neste instante um macaco exclamou:
- Meu Deus! – e cobriu os olhos com uma das mãos para não ver o urso atacar o homem. Silêncio total na mata. O caçador, devagar, mesmo tremendo abriu a boca do urso e com uma ferramenta, puxando de uma só vez, arrancou o espinho que causava tanta dor ao bicho. O animal soltou um urro que se ouviu muito além da floresta. Ficou ali, deitado, aliviado. Já não havia mais dor. O caçador, ainda receoso, acariciava a cabeça do urso. Em dado momento o urso se levantou. Ouviu-se, em uníssono, um “oh” de preocupação pela vida do homem. O vento parou e todos os bichos fecharam os olhos para não ver. Quando abriram, a cena era inusitada. Aquele enorme urso lambia, agradecido, o rosto do caçador. Depois, afastou-se silencioso para o meio da floresta. Então a bicharada explodiu em aplausos para o caçador, exaltando a sua coragem, a sua humanidade, a sua sabedoria e a sua fé. O caçador partiu emocionado, e depois desse acontecimento nunca mais caçou animal algum.
(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)
A DISCUSSÃO DOS TALHERES (história infantil)
Garfo, faca e colher estavam numa gaveta discutindo um assunto sério: quem era o melhor
e o mais útil no mundo dos homens. A faca, vaidosa, dizia:
- Eu facilito a vida do homem. Corto coisas enormes que ele jamais poderia utilizar ou comer sem a minha ajuda.
O garfo, muito metido, disse com empáfia:
- Sem mim os homens teriam de usar os dedos para levarem os alimentos à boca, e como esquecem de lavar as mãos engoliriam tanta bactéria que teriam indigestão bacteriana.
- Você sabe por que o homem comia com os dedos?
- Não. – disse o garfo.
- Porque achavam que o alimento era sagrado e por isso devia ser comido com os dedos.
- Mas sem lavar as mãos, não é dona faca? Eu continuo dizendo que sou a ferramenta indispensável na mesa dos humanos.
A faca, nervosa, retrucou:
- Deixa de ser burro, garfo tonto. Garfo sem faca é o mesmo que relógio sem ponteiro, um não funciona sem o outro. Eu sou talher mais antigo da história! Fui feita de pedra e servia para a caça e defesa. Depois passei a ser feita de bronze, isso numa outra época.
- Eu sei, seu bobo enxerido, que o homem oriental usava pauzinho à guisa de garfo, feito de bambu e tinha um nome engraçado, hashi. Isso você não sabia. Sabia? Sei, também, que apesar de você ser antigo só chegou ao mundo ocidental no século XI, na Itália. Você foi criado pelos gregos e adotado no século VII pelo Império Bizantino.
Na Inglaterra, até o início do século XVII você era considerado utensílio efeminado.
- Não fale assim de mim, dona faca. – choramingou o garfo - Eu não sou efeminado. Eu nasci para facilitar, não para complicar. Eu sei tudo isso que você falou. Sei que ainda hoje, entre os orientais, permanece o uso dos pauzinhos. Com os pauzinhos o homem demorava muito tempo para comer. Cada vez que ele pegava uma porção para levar à boca, caía tudo de volta para o prato. Comigo não. Ele me enche de comida e eu atafulho a sua boca.
- Você, seu garfo, é malvado porque incita o homem a comer demais e muito rápido. O costume de comer muito e rápido é prejudicial à saúde. Os pauzinhos são uma forma de disciplinar a alimentação. Aos poucos e devagar. Com eles não se pode pegar um bolão de comida
.- Não adianta, dona faca, sem esse garfinho aqui o homem é nada vezes nada.
- Ora, não seja convencido! - exclamou a faca – às vezes você machuca a boca das pessoas.
- Ah, é!? E você que corta os dedos das crianças.
- Só das crianças desobedientes. Eu ouço sempre as mães dizendo:
- Crianças não brinquem com facas.
E o garfo exultante acrescentou:
- Viu, viu como eu sou mais útil do que você? Eu nunca ouvi uma mãe dizer: - Não peguem o garfo, crianças! Ah, ah, ah, eu sou bom demais!!!
- Pode rir seu bobo. – disse a faca amuada – o seu deboche não me atinge, porque eu sei que você também é perigoso nas mãos das crianças.
E a discussão continuou. A colher, que estava quietinha lá no seu cantinho, numa das divisões do porta-talher, interferiu:
- Dá licença!
- Pois não, dona colher – disse o garfo.
- Vocês estão nessa discussão boba de quem é melhor, quem é mais útil sem pensar que somos um conjunto. Deus permitiu que o homem tivesse a inspiração para nos criar e fazer de nós o pai, o filho e o espírito santo das cozinhas. Somos a tríade que facilita o trabalho de preparar e ingerir os alimentos. A minha história é meio nebulosa. Foram encontrados, em escavações, objetos semelhantes a mim, provavelmente, com mais de vinte mil anos. Sei que os gregos antigos utilizavam a colher de pau para preparar e comer os alimentos. Como vocês podem ver a minha história não é tão interessante quanto as suas. O que tenho certeza é que já fomos objetos rústicos, hoje somos mais modernos. Somos feitos de metal, plástico e madeira. Somos até joias feitas em ouro e prata. Mas a nossa função é a mesma, desde que surgimos na civilização: ajudar o homem na sua alimentação.
Nós somos a união, e a união faz a força. Lembrem-se que um é complemento do outro. E se é para se gabar de utilidade, eu quero fazer uma pergunta:
- Diante de um fumegante prato de sopa, quem é o mais útil? Ah, ah, ah, ah, peguei vocês.
(histórias que contava para o meu neto).
(Maria Hilda de J. Alão)
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