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terça-feira, 16 de agosto de 2022

A DANÇA DA FADA AZUL (história infantil)

 


- Venham! Venham ver a Fada Azul! – gritava Maria Luiza, de seis anos, para seus dois irmãos menores, correndo na direção do jardim da casa.

- Eu não estou vendo nenhuma Fada Azul. – reclamou Serginho, o irmão de quatro anos.
- Eu também não! – exclamou, choramingando, Marcinho o outro irmão de apenas três anos.
- Ora! “É preciso usar os olhos da alma para tudo que não está visível”. Não é assim que
a vovó diz quando a gente pensa que não vê aquilo que muito se deseja? Então! Andem! Vamos fechar os olhos de fora e abrir, bem abertos, os olhos da alma para apreciar a beleza das flores deste jardim e assim estaremos preparados para receber a Fada Azul. Aspirem, com toda a força de seus pulmões, o ar e sintam o perfume das flores: huuum... sentiram?
- Eu senti, eu senti, maninha...! – gritou alvoroçado o Marcinho.
- Ponham a mão em forma de concha na orelha para ouvir melhor o canto dos passarinhos.
- Por que, maninha? – perguntou o Serginho.
- Porque se você ouvir bem o canto dos passarinhos, também ouvirá a voz da Fada Azul. – respondeu a menina.
- E precisa fazer tudo isto para ouvir a voz de uma fada?
- Vamos logo, deixa de tanta pergunta. – apressou ela.
E os três irmãos fecharam os olhos e ouviram os passarinhos, entre as árvores, entoando uma sinfonia de louvor à natureza. Depois de alguns minutos, Maria Luiza perguntou aos dois.
- Então? Ouviram os passarinhos?
- Eu ouvi, mas Fada Azul que é bom eu ainda não vi... – respondeu o Serginho fazendo cara de quem não acredita em nada.
Enquanto as crianças conversavam, algo acontecia no canteiro das hortênsias azuis, azuis como o céu de um conto de fadas. Um bando de fadinhas, todas vestidas de branco e de asas translúcidas, faziam um zunzum que terminou por chamar a atenção das crianças.
- Eu não disse! As fadas chegaram...! – exclamou Maria Luiza sorrindo feliz da vida. – Eu ouvi o barulho delas.
- Eu também... – confirmou o Marcinho.
- Eu também ouvi, parecia zumbido de abelha... – disse o Serginho rindo.
E o bando de fadinhas batia as asas sobre o canteiro de hortênsias declamando uma estrofe que assim dizia:

“Deus criou as flores: branca, amarela e azul,
E deu a todas agradáveis odores.
E, aos pássaros cantores,
O dom de cantar os amores
Em louvor a nossa rainha a Fada Azul.”

Terminada a declamação, aconteceu uma explosão de luz surgindo, deslumbrante, a Fada Azul. Trajava um finíssimo vestido azul salpicado de pedras preciosas, suas asas transparentes brilhavam a luz do sol como se fossem de cristal. No manto esvoaçante estavam bordadas, com o mais fino fio de ouro, as flores existentes no jardim da casa. As crianças estavam maravilhadas. Correram para o canteiro de hortênsias a fim de dar boas-vindas à fada que sorria para elas de braços abertos.
E ali, ao redor das hortênsias, a Fada Azul falou do seu mundo:
- O luar é furta-cores, a neblina é como um véu de noiva, as nuvens são camas macias para o descanso de fadas e elfos. O vento é só um sopro que não desarruma os cabelos. O sol é um grande espelho que reflete a inocência dos sonhos das crianças. A chuva é só um orvalho que dá de beber as plantas.
- Que mundo encantador! Eu posso ir até ele quando eu quiser? – perguntou o Marcinho.
- Meu mundo é de todas as crianças, e qualquer uma delas pode visitá-lo. Basta que tenha o coração puro e os olhos da alma bem abertos. – respondeu a fada, encostando a varinha mágica na cabeça do menino.
- Eu reparei que o seu manto é enfeitado com flores diferentes. Por que não tem hortênsia? – perguntou Maria Luiza.
- Querida, em meu manto eu carrego todas as flores da terra, mas as hortênsias, elas são do céu das fadas, assim como é o arco-íris de chocolate, os pássaros de alfenim, a tartaruga de jujuba e tantas outras personagens que se inventa na infância. Muitas vezes, ao olhar o céu, você vê tufos de nuvens que se parecem com hortênsias, saiba que aqueles tufos são as verdadeiras hortênsias e estas aqui - apontou a fada para o canteiro -, são cópias feitas pela mamãe Natureza. Entendeu, pequenina?
E girando no ar, começou a executar uma dança elegante, acompanhada pela música dos sininhos das fadinhas vestidas de branco. O pé da fada tocava as flores com tanta delicadeza que elas nem se moviam. Os passarinhos, pousados nos arbustos do jardim, abriram as asas e, juntando-as à frente, mais pareciam mãos postas em oração, as abelhas interromperam o seu trabalho, as formigas fizeram fileiras como um exército, tudo para assistirem a dança da Fada Azul.
No auge da dança, um bando de elfos, com roupa verde e gorro vermelho, saiu do meio das hortênsias lançando no ar o pólen das flores do jardim que se transformava em minúsculas estrelinhas coloridas. O espetáculo estava simplesmente divino.
As crianças, envolvidas pela magia da Fada Azul, só perceberam que já era tarde quando a mãe as chamou. O encanto foi quebrado e tudo desapareceu. Então os irmãos fizeram um pacto.
- Não contaremos a ninguém. Esse é o nosso segredo. – afirmou Maria Luiza.
- Ora, maninha! E quem iria acreditar na Fada Azul? As pessoas grandes não acreditam.
– disse o Serginho fazendo uma cara muito séria.
- Mas nós acreditamos. – respondeu a menina. E fazendo cócegas no irmão foi entrando, na maior alegria, para o jantar que já estava à mesa esperando por eles.

(histórias que contava para o meu neto.)
(Maria Hilda de Jesus Alão)

 

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

A CORRIDA DA LEBRE (cordel infantil)

 



No tempo em que bicho falava
Correu pela mata uma história,
Que ninguém acreditava,
De determinação e de glória
Era o lobo que os fatos contava

Para animais adultos e filhotes.
O silêncio, entre os ouvintes, reinava
Quando um leão de grande porte,
Interrompeu a narrativa
Exigindo do velho lobo

Que agilizasse a narração,
Pois ele não era bobo
E sabia da fama de mentiroso
Do lobo contador de casos.
- Amigo leão, não fique em alvoroço

Findarei a história dentro do prazo.
E retomou o lobo a falação
Cuidando em ser muito claro
No desenrolar da ação
Da lebre e seu preparo.

Contava a lebre para a tartaruga
Que ela treinava todo dia,
Simulando desesperada fuga,
Mesmo quando chovia
Subindo e descendo montanha,

Da olimpíada ela queria participar
Ser vencedora da campanha,
E a coroa de louro ganhar.
E continuou o lobo a dissertar
Sobre as façanhas da lebre atleta

Que corria, corria sem se cansar,
Vencer no Olimpo era a sua meta.
Chegou a época das disputas no Olimpo
E lá estava a lebre bem treinada
Ela sabia que ali se jogava limpo,

E que a qualquer deslize seria eliminada.
Continuou o velho lobo a contar:
Chegou o dia da maior corrida
A lebre pensou: vou abafar
Esta é a corrida da minha vida.

E foi dada a largada
Para a sonhada corrida.
A lebre bem preparada,
Hidratada e nutrida
Saiu em carreira desabalada,

Segundo ela, venceu o guepardo,
Fato que deixou incomodada
A onça amiga do leopardo
E foi realizado da lebre o sonho
A coroa de louro sua cabeça enfeitou

Deixando o guepardo tristonho,
Vendo perdido o que mais desejou.
Lobo, você é desprovido de memória,
Disse o leão coçando a juba com a unha,
A verdade verdadeira é contraditória,

Do fato eu fui testemunha.
Essa lebre atleta da sua história
Foi vencida pela tartaruga Vicência
Provando que pra se chegar à vitória
É preciso honestidade e persistência

E não usar de trapaça
Para vencer o adversário.
Calma e muita raça
Igual da tartaruga Vicência
Que enquanto dormia a lebre

Ela continuou a sua marcha
Chegando ao final vitoriosa
E a lebre que queria ser célebre
Saiu muito envergonhada
Ficando muito abalada,

Aprendeu a grande lição
Que é preciso abnegação
Caráter e muita honestidade
Em tudo que se faz na vida
Mesmo sendo celebridade
Para ser muito querida.

(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)

 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

MINHA BONECA DE PANO (poesia infantil)

 


Esta é minha boneca Dora
De pano e recheada de palha,
Aos meus olhos ela é tão linda,
Outra não há, não senhora!

Os olhos negros são dois botões,
A boca é de feltro vermelho
Recortado e preso com maestria.
O corpo, amarrado com cordões,

Veste um vestido cor-de-rosa.
As pernas são bem costuradas
E tem nos pés uns sapatinhos
Que a deixam muito vaidosa.

Tem o bracinho direito enfeitado
Com pulseiras feitas de arame,
E as mangas bufantes realçam
O vestido na cintura apertado.

Nos cabelos de lã amarela
Eu fiz duas tranças lindíssimas,
E prendi cada uma com uma fita
Que comprei no bazar para ela.

Sentada numa cadeira de balanço,
Na cômoda do meu quarto,
Dora conversa comigo
E ri de mim quando eu danço,

E faço um montão de perguntas.
Ela me diz: “- Não tenhas pressa,
Deixa-te ficar mais um pouco criança
Vamos viver esta aventura juntas

Porque misterioso é o amanhã.
Juntemos tudo que a infância nos dá
Guardemos na sacolinha da lembrança
Como um precioso talismã”.

Boneca querida e companheira
Tanto eu aprendo contigo,
Sei que de ti irei me lembrar
Pelos anos da minha vida.

06/04/07.

(Maria Hilda de J. Alão)

sábado, 23 de julho de 2022

DONA BARATINHA (poesia infantil)

 


Lá vem a dona baratinha
Vestindo a sua sainha
Enfeitada com sinhaninha,
Na cintura apertadinha.

Vem rebolando garbosa,
Na cabeça uma pétala de rosa
E chapéu que a faz glamorosa,
Ó dona baratinha vaidosa!

Pisa firme com seu sapatinho
De verniz com um saltinho,
De braço dado com o baratinho
Vai dançar um fandanguinho,

No baile do arrasta pé,
Na velha fazenda de café
Que fica lá no sopé
Da montanha em Guaxupé.

E chegou dona baratinha
Formosa e maquiadinha,
À festa animada e lotadinha
De baratões e baratinhas.

E ela se pôs a dançar,
E não queria mais parar,
Pois a intenção era mostrar
A sua técnica de bailar.

Depois de muita pirueta,
Ela já estava um tanto zureta
Apoiada foi por um maneta
Baratão de calça violeta

Que a queda não pôde evitar
E do sapato o salto quebrar,
Dona baratinha se desesperar
Sentar no chão e muito chorar.

22/07/22

(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 22 de julho de 2022

MEMEIA, A CENTOPEIA (poesia)

 

Lá vem Memeia, a centopeia,
Na cabeça tem uma ideia
Deixando-a triste e nervosa:
Quem levou seus sapatos cor-de-rosa?

Todos têm um laço de fita
Feito pela minhoca Rita,
As solas são de ouro do sol
Feitas pelo senhor caracol.

Neles bordou o gafanhoto,
De mão esquerda porque é canhoto,
As verdes folhinhas de murta
Com linha de grama curta.

As fivelas, feitas com amor,
Todas de botão de flor,
Pela cigarra Azulina
Num cantinho da campina.

E foi colado cada sapato,
Isso é verdade, é um fato,
Com resina vinda da colmeia
Para enfeitar os pés de Memeia.

Sumiram, ninguém sabe nem viu,
Os sapatos no mês de abril
Deixando descalça Memeia
Procurando entre as azaleias.

- Sorri Memeia lindinha!
Sou eu, o grilo, nesta banquinha
Munido de viola e de pandeiro
Sendo o cantor o meu velho companheiro,

O canário-da-terra soltando a voz.
Tem tambor de casca de noz
Para o esquilo fazer batucada
Entrando pela madrugada,

Em frenético rebolado
Para não ficar bicho parado
E assim restaurar a tua alegria,
Memeia, tristeza só dá agonia!

(15/11/05)
(Maria Hilda de J. Alão)

quinta-feira, 21 de julho de 2022

CACÓFATOS (infantil)

 


Pensando como ensinar
Para uma criança evitar
A forma feia de grafar
Que provoca risos ao falar

O vício de linguagem
Cacófato que vem
Do grego cacofonia
Muito usado no dia-a-dia

De quem fala português
E que do cacófato é freguês.
Para isso escolhi umas frases
Dos alunos do Bloco H. (cagá)

Neste dia que o céu está cinza (celta cinza)
De matemática há maratona
Entre a equipe Nico (penico)
E a equipe Dreira (pedreira)

A notícia que a TV havia dado (aviadado)
Era a mesma dos jornais de hoje:
O governo confisca gado de fazenda (cagado)
No pantanal do Mato Grosso.

Só negam é cacófato
Pois gera sonegam
A quem impostos não paga
E não adianta: Desculpe então (pintão)

Porque o couro do devedor
O governo arranca.
Os meninos da rua de cima,
Como fizeram na vez passada (vespa assada)

Ganharam a corrida de obstáculo
Desde então sempre são convidados (dentão)
Para todos os eventos esportivos.
Sendo Anna a mascote do grupo

Maria passou batom na boca dela (cadela)
E a menina Anna tão linda ficou
Que o Otto exclamou:
Meu coração por ti gela (tigela)

Despertando o ciúme em Maria
Que colocou a culpa nela (panela)
E despedindo-se disse: vou-me já (mijá)
Porque o céu está preto. (celta preto)

21/07/22

(Maria Hilda de J. Alão)

 

 



CORDELZINHO DE CRIANÇA (cordel)

 


Sou menina sonhadora
Sou uma criança feliz
O meu nome é Beatriz
Sou filha de dona Dora
E aos sete anos eu fiz
Uns versos sobre perdiz:

Livra-se a perdiz por um triz
De ser caçada e assada
Depois de depenada
Pelo Sebastião aprendiz
Que de cozinha não entendia
Mas sonhava ser um dia
Um chefe de gastronomia.

21/07/22
(Maria Hilda de J. Alão)

 

A Caixa Mágica (cordel)

AS DUAS CARTAS

  Faltavam duas semanas para o encerramento das aulas e as crianças do Grupo Escolar Cristo Rei tinham aulas de recreação. Todos estava...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)