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sexta-feira, 21 de julho de 2023

CONCERTO NA LAGOA (poesia infantil)

 


Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si,
Solfeja o sapo na lagoa,
Corre, corre gente boa
Hoje tem concerto aqui.

Tem rã coaxando em fá bemol,
Crocodilo bramindo em ré, dó, mi,
Cobra sibilando em lá, mi, sol,
Gazeia a garça em fá, lá, si.

Vem que já começa o tié
A cantar num fôlego só
Canção de amor em dó, mi, ré,
Responde sua amada em mi, ré, dó.

Na lagoa deslizando
Grasna o pato em ré, mi, fá,
Embaixo d’água nadando
Ronca o peixe em sol, dó, lá.

Vem chegando o gafanhoto
A ziziar em ré, fá, mi,
Num balançado maroto
Desafia a cigarra em lá, sol, si.

Canta sabiá lá no seu canto
Uma canção em sol maior,
Enquanto uirapuru ensaia o canto
Na escala lá menor.

Canto vai, canto vem,
Passam as horas lentamente
E o concerto finalmente
Termina ao som dos grilos

Cantando uma canção de ninar
Para os que vivem na lagoa
É verdade, meninada boa,
Todos vão dormir e sonhar.


(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 14 de julho de 2023

A FLOR E O VENTO (infantil)



A flor, nascida de um pequeno arbusto à beira do rio, caiu sobre a água transparente e tranquila. O vento, que soprava docemente, disse:

- Tu pareces uma linda bailarina vestida de branco pronta para dançar:
- Ah, meu querido vento, com quem eu dançaria?

- Se permites serei teu par. Aceitas?

A flor sorriu abrindo todas as pétalas e espargindo um doce perfume que o vento se encarregou de espalhar pela mata que cercava o rio. Gentil o suave vento conduziu a florzinha num bailado sobre as águas mansas do rio correndo para um encontro com o mar. Pelo caminho a flor convidava as outras flores:

- Amigas, venham, venham bailar ao sabor do vento.

As flores, das margens do rio, foram caindo uma a uma na água excitadas pelo convite da florzinha branca e, em pouco tempo, flores das mais variadas cores cobriam a água do rio bailando embaladas pela melodia do vento. A flor branca se destacava no meio das outras pela sua beleza e a graça de dançar. O vento só tinha olhos para ela; só cantava e soprava para a sua florzinha branca. E quando todos chegaram à curva do caudaloso rio ele percebeu que, de um momento para o outro, perderia a sua amada. 
A água do rio, agora apressada, não via a hora de chegar ao seu amado mar.

Enchendo-se de coragem o vento apaixonado soprou forte elevando a florzinha branca no ar. As outras flores deram adeus a amiga executando uma perfeita dança das flores sobre a água afoita. O vento foi levando a florzinha para o alto, mais alto, mais alto. Ela resplandecia, rodopiava no ar. Não tinha medo. Sabia que o amado não deixaria cair. O vento sorria para ela, mas um pensamento triste lhe passou pela cabeça: ele não poderia prendê-la no ar para sempre. Vendo a nuvem de tristeza no semblante do amado ela perguntou:
- Já não gostas mais de mim, querido vento? Não queres mais soprar para mim?
Ela não entendia. Ele não pertencia a um só lugar. Ele era de todos os lugares. Agora aqui, logo mais acolá. Não tinha morada fixa. Com o coração batendo forte ele respondeu:
- Tu serás a mais branca e brilhante estrela do firmamento e quando eu me sentir só olharei para o céu e estarás lá brilhando e dançando para mim. Farei de ti a estrela da alvorada.
Transformando-se em um violento furacão ele arremessou a florzinha branca para além da estratosfera onde moram as estrelas e os planetas.

Destacando-se das outras a florzinha branca, agora estrela, está lá no firmamento piscando e brilhando para o seu amado vento e para nós.

- Vovó, isso aconteceu de verdade? – perguntou o menino.

- Na nossa imaginação tudo acontece de verdade, menino! Tá vendo lá no céu a estrela Dalva? É a nossa florzinha branca.

(histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)

segunda-feira, 3 de julho de 2023

A RAPOSA VIDENTE (cordel infantil)

 




Boa tarde meninos e meninas,
Sejam bem-vindos a esta escola.
Sentem-se em ordem e silêncio,
Pois contarei em forma de verso
Uma história acontecida
Com uma raposa muito esperta.

Cansada de só caçar coelhos
Dona Raposina vivia vigiando
Um galinheiro de um fazendeiro
Zeloso de sua propriedade.
Raposina arquitetava planos
Mas das galinhas, só o cheiro.

Um dia a natureza resolveu
Colaborar com dona Raposina
E fez desabar um forte temporal
Que arruinou o sólido galinheiro
Da fazenda do senhor Agostinho.
Derrubada a casa, as galinhas

Espalharam-se pelo denso matagal.
Sabedora do fato, Raposina resolveu
Que era hora de tirar de sua boca
Aquele gosto ruim de carne de coelho.
E foi para o mato em busca das galinhas
Já planejando o farto jantar que faria.

Caminhou, farejou e nada das penosas.
Cansada voltou para sua toca dizendo:
- Vamos aos coelhos porque ninguém
Neste mundo merece dormir com fome.
Amanheceu o dia e a procura continuou
A noite chegou e nada de galinhas.

Ouvindo a conversa dos outros animais
Raposina soube que as galinhas estavam
À procura do caminho para voltarem
À fazenda Três X de onde elas saíram
Na noite escura do grande temporal.
A raposa, agitada, bolava mais um plano.

Pensou muito e olhando em volta da toca
Viu uma tábua quadrada e teve a ideia:
- Já sei! Farei uma placa com os dizeres:
“Perdeu seu caminho? Raposina, a vidente
O encontra para você.  Consulta grátis.”
E colocou a enorme tábua ao lado da toca.

Cansadas de caminhar sem rumo, as aves
Resolveram consultar dona Raposina.
E fizeram uma fila. Na frente ia Teodoro
O galo chefe cantando um, dois, três, quatro
Motivando pintinhos e galinhas mais velhas
A caminharem rápido. Era preciso chegar

Antes de a noite estender seu negro véu
E como sabem galinhas dormem cedo.
Enquanto isso na fazenda, Agostinho
Preparava seu mais forte e esperto cão
Para sair em busca de suas belas galinhas.
Subiram e desceram morros e nada viram

Até que o cão começou a farejar inquieto.
O fazendeiro soltou o animal com a ordem:
- Não me volte sem as minhas galinhas.
O cão Spartacus, em desabalada carreira,
Foi cumprir a ordem dada pelo patrão,
Mas no caminho encontrou a dona Paca:

- O amigo canino está neste mato perdido?
Não se preocupe Raposina, a vidente,
Achará seu caminho de volta. É só consultá-la.
Spartacus ficou intrigado com aquela história
E foi até a toca da raposa para averiguar.
- Ah, malandra! Então é assim que quer pegar

As galinhas do meu patrão, pois receberás
Tudo que mereces pelo engodo bolado.
Encontrando-se com as galinhas bem perto
Do consultório da raposa vidente
O cão expôs ao galo o seu plano.
E chegaram finalmente à toca de Raposina.

De lá de dentro vinha a voz fina e rouquenha:
- Entrem minhas belezas, minhas lindinhas.
Raposina, a vidente, sentada em uma pedra,
Tendo na cabeça um véu azul com estrelas,
Só via diante de seus olhos frangos e galinhas
Todos assados sobre a pedra em que sentava.

A saliva escorria pelo canto de sua bocarra
Quando o primeiro cliente entrou dizendo:
- Quero achar o caminho da fazenda.
Acordada do seu sonho de comer galinha
Ela deu de cara com o cão Spartacus.
Sabendo que na luta ela levaria a pior,

Raposina saiu em desabalada carreira
Deixando o véu e a placa de vidente.
Dizem os bichos que quando perguntam
Se ela ainda gosta de galinha assada
A resposta é que galinha não tem carne nobre
Como a dos coelhos que ela come todo dia.

(Maria Hilda de J. Alão)

 

domingo, 11 de junho de 2023

OS RELÓGIOS



Presos na branca parede
Protegidos por fina rede
Estavam relógios de valor
Daquela lojinha de penhor.

Quando a noite caía
Ouvia-se o tique, taque que saía
Do coração de cada relógio
Como uma carta de necrológio

Contando a terceiros
Os sofrimentos verdadeiros
Dos relógios de valor
Daquela lojinha de penhor.

Era só tique, taque e tirrim
Dia e noite sem ter fim.
Diziam os relógios de valor
Daquela lojinha de penhor.

Mas, um dia veio de mansinho
O senhor de cabelo branquinho,
Dono dos relógios de valor
E daquela lojinha de penhor,

Com um grande pacote
Seria o relógio do sacerdote?
Pensou um dos relógios de valor
Daquela lojinha de penhor.

Aberto foi o grande pacote:
Não é o relógio do sacerdote
Disse um dos relógios de valor
Daquela lojinha de penhor.

Era um relógio diferente:
Tem um passarinho atente,
Que sai de uma janelinha.
Se faz tirrim certeza não tinha

O relógio que dizia aos outros:
Iguais a este deve ter poucos.
E baixou a noite de calor
Naquela lojinha de penhor.

O tique, taque aumentou de volume
Espalhando-se como era de costume
Pelo salão tornando-o assombroso.
Aos olhos de um relógio audacioso

Que perguntou ao recém-chegado:
Que fazes nesta lojinha exilado?
Esta não é bem a minha situação,
Sou de grande valor e estimação.

E por que não fazes tirrim como a gente?
O meu despertar pessoas é diferente.
E na lojinha, naquela memorável noite
Ouviu-se as badaladas da meia-noite

E o canto dizendo cuco, cuco em voz alta
E os relógios viram o passarinho peralta
Daquele relógio de estimação e de valor
Ali, na parede da lojinha de penhor

Cantando alegremente as doze badaladas
Cuco, cuco, cuco com voz articulada.
E assim foi quebrada a monotonia
Do tique, taque e tirrim de todo dia

Naquela lojinha de penhor
Fundada com muito amor
Pelo pai do menino Marinho
O senhor de cabelos branquinhos.

(Histórias que contava para o meu neto)
11/06/23. 

(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 9 de junho de 2023

BRINCANDO COM PARLENDAS

 


Sargento sardento
Fugiu do regimento
Dizendo: eu não aguento
Este quartel barulhento.
II
Menina sapeca
Irmã da Rebeca
Tem uma boneca
E joga peteca.
III
A prata perguntou ao prato:
És tu um prato de prata?
O prato respondeu à prata:
Não sou de prata, sou um prato.
IV
Que bom, que bom,
Falava o menino João,
Que escondi meu bombom
Lá no fundo do porão.
V
Margaridinha, margaridão
Abra logo o seu botão
Com pétalas branquinhas
Margaridinha, margaridão.
VI
Tem na mata uma nascente
De água fresca e límpida
E quem dela beber
Inteligente há de ser.
VII
Sobe o grande balão
Grita alegre o capitão
Que levou um pitão
Do general bonitão.
VIII
Panela, panelinha
Sobre o fogão da cozinha
Esquentando a papinha
Para o bebê da Ritinha.
IX
Manoela come moela
Maria come mortadela
A menina de fita amarela
Come mortadela com moela.
X
A casinha da barata
Tem o chão todo de prata
Ela anda de alpercata
Para o chão não arranhar.

 09/06/23

Maria Hilda de J. Alão

 

domingo, 14 de maio de 2023

TRAVA-LÍNGUA 2023

 

Em um trigal estavam três tigres
O que faziam num trigal três tigres?
Quis saber um touro sem chifres:
Se não come trigo, o tigre?

O papagaio tagarelaria
E sem controladoria
Ele alto cantaria
Ou então trautearia.

Na mesa tu a massa amassas
Para fazer o pão de passas.
Se tu a massa não amassas
Não farás o pão de passas.

O pingo pinga na pia
Na pia o gato mia
Se o pingo na pia mia
O gato na pia pinga.

Eu mensuraria
Se ele mensurasse
O terreno imensurável 
Que não tem mensuração.

29/04/23

(Maria Hilda de J. Alão)

A FOCA TUMÉ E O DIA DAS MÃES

 



A foca Tumé estava fora de casa, pescando para se alimentar para que não faltasse leite para o seu filhote Caxuté. O filhote estava ansioso, queria comer e como ainda não podia entrar no mar sozinho, andava com os outros filhotes que também esperavam suas mães.
Uma tarde eles pararam na praia, bem onde as ondas descansam da caminhada, e Caxuté disse:

- Pessoal, nossas mães estão trabalhando para não faltar comida para nós. Vocês sabem que amanhã é o Dia das Mães para os filhotes humanos? Eles presenteiam suas mães, fazem festa. Nós não fazemos nada, nada para dizer as nossas mães o quanto nós as amamos e dependemos delas.

- Ô Caxuté, acorda pra vida. Que presente nós podemos dar? Nós somos focas, focas, ouviu...ô ô...

– falou alto um filhote descrente da capacidade das focas.

- Ora, eu vou te mostrar que nós, as focas, também podemos homenagear nossas mães, do nosso jeito, é claro, mas será um presente. Quem concordar comigo que se apresente.

Todos se juntaram e confabularam, segredando algo. Depois se separaram indo um na direção oposta do outro. Depois voltaram, outra vez cochicharam, para que a autora deste texto não ouvisse a conversa, e foram dormir porque já era noite. No dia seguinte, dia das mães, as focas voltaram extenuadas da pesca. Os filhotes não estavam na beira da praia como de costume. Para onde foram as crianças focas? Tumé, preocupadíssima, gritava pelo seu filhote e nada. As outras mães, também preocupadas, se juntaram à Tumé e partiram em busca dos filhotes.

Chegaram perto de um rochedo e, sobre as pedrinhas que forravam a areia estavam todos os filhotes arrumadinhos formando um círculo. No centro do círculo, Caxuté equilibrava, no focinho, uma concha de madrepérola fazendo malabarismos enquanto os outros filhotes, em pé, batiam palmas com suas nadadeiras, e rugiam imitando um canto no idioma das focas. As mães pararam emocionadas. Elas entenderam a cena, e qual é a mãe que não entende o filho? Depois de alguns minutos de espetáculo, Caxuté cansado, pois não comia há alguns dias, disse:

- Hoje é dia de festa para todos os filhotes. Nós agradecemos a vocês, mamães, o trabalho que têm conosco. Vão tão longe em busca de comida para não faltar o leite quentinho pra nós. Nada mais justo do que esta homenagem. Não temos presente para todas como os filhotes humanos, mas tudo que fizemos aqui foi de coração, foi com amor de filho pra mãe.

A foca Tumé, emocionada, correu para o seu filho. Foi tanto carinho que ela se esqueceu da comida. Então Caxuté, com a barriga roncando, gritou:

- Pessoal, é hora de comer... de mamar...

- É mesmo! Disseram todos.

E as focas mamães alimentaram seus filhotes e depois foram dormir, pois ninguém é de ferro.
Foi aí que a autora do texto entendeu a jogada dos filhotes. Eles se separaram para encontrar um lugar para a apresentação do espetáculo e Caxuté foi em busca de um objeto que seria a atração. Danadinhos! Quem diria! Criança é criança... eheheheheh.

(histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)