Powered By Blogger

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

FESTA NO INTERIOR (Folclore)

 



Eu vou contar pra você,
Ó menina,
Uma bela historinha,
Ó menina,
Ocorrida no interior de Minas,
Ó menina!
Era lá o mês de agosto
Quando, por seu gosto,
A Mula-sem-cabeça
E seu amigo Saci Pererê,
Encontraram-se pra ir a uma festa
No interior da floresta.

Era o Dia Nacional do Folclore:
E que ninguém implore,
Foi logo avisando o Caipora,
Pra se vestir diferente,
Porque aqui, felizmente,
É festa do folclore brasileiro.

Eu vou contar pra você,
Ó menina!
Cobra Norato falou bem alto:
Que ninguém se vista de bruxa,
Nem de Velho do Saco europeu,
Aqui é Brasil, ora puxa...!
Vamos receber, vindo de Minas,
Lá na Região Sudeste,
O nosso amigo Chibamba,
Que, por ser fantasma,
Nem roupa ele veste.

Eu vou contar pra você,
Ó menina,
Festa como essa nunca eu vi,
Beleza de canto e dança só aqui.
A Cabra-Cabriola, filha do Nordeste,
Dançando com o Papa Figo,
Chama pra beber, o Barba Ruiva,
O sumo extraído da uva,
E a Mãe D’Água pede um pente
Para os cabelos pentear.

O Zumbi provoca a Cuca
Pra cantar um desafio,
Enquanto o Boi-Tatá se diverte
Num gostoso arrasta pé.
Eu vou contar pra você,
Ó menina,

Vi o lobisomem uivando pra lua,
A Mulher da Meia Noite chegando,
E, finalmente, pra completar,
Chegou o Negrinho do Pastoreio,
O ilustre convidado da festa
Que aconteceu na floresta.
Foi a mais bela, ninguém contesta!

Eu vou contar pra você,
Ó menina,
Podemos definir o folclore
como um conjunto de mitos e lendas,
passado de geração para geração,
Nascidos da imaginação das pessoas.
Muitas destas histórias
deram origem às festas populares,
que ocorrem pelos quatro cantos do país.

20/06/08
(Maria Hilda de J. Alão)

(aprendendo nomes de personagens do folclore brasileiro)

terça-feira, 13 de setembro de 2022

A SEREIA RAIO DE LUAR (história infantil)

 




               Três príncipes disputavam a mão da bela sereia Raio de Luar, filha do rei das águas do mundo, o Rei Tritão. Os príncipes vieram, cada qual, de um oceano diferente. O príncipe Hector, valente e bonito, era do Oceano Atlântico, o príncipe Manus, sábio e de uma cultura invejável, era do Oceano Pacifico e o príncipe Stratus, atleta de físico perfeito, era do Oceano Índico.
              Para que um deles fosse escolhido seria preciso passar por uma prova, e o vencedor se casaria com a sereia princesa. Para a realização do evento, o rei mandou preparar uma enorme arena na frente do seu palácio de mais de dois mil metros de comprimento e quinhentos metros de altura, todo construído com pérolas e conchas cor-de-rosa peroladas que reluziam, sob a água claríssima, quando o sol ficava bem em cima do mar observando os seus habitantes.
               Chegou o tão esperado dia. O dia em que um dos três príncipes ganharia a mão de Raio de Luar. A arena estava lotada, e, se tudo corresse bem, os súditos seriam convidados para a festa do casamento. Um tubarão tocou uma espécie de concha gigante anunciando a chegada do rei acompanhado de sua corte e de sua filha Raio de Luar. O soberano sentou-se no trono tendo a sua direita a princesa, linda como uma deusa.
           O primeiro a chegar foi o príncipe Hector, do Oceano Atlântico, montando um cavalo-marinho gigante acompanhado por seu batalhão de peixes-espadas. Ele vestia um traje verde feito de algas entrelaçadas com corais multicoloridos o que o tornava mais bonito ainda. Raio de Luar sorriu para ele. Logo atrás, em companhia de alguns delfins, veio o príncipe Manus vestindo uma túnica branca que lhe foi enviada por uma das deusas do Olimpo. A princesa sorriu e acenou para ele. 
               O último a chegar foi o príncipe Stratus, do Oceano Índico, montado em sua baleia branca. Ele vestia um saiote de algas enfeitado com sargaços que balançavam a cada passo que dava, fazendo aparecer o calção, tecido em tela de ouro, presente de sua mãe. Pondo-se em frente ao trono real, Stratus curvou-se saudando o rei, a princesa e todos os nobres presentes. A princesa o presenteou com o seu mais belo sorriso. Aplausos, muitos aplausos da plateia que já o havia escolhido como favorito.
            Os três príncipes fantásticos tomaram assento nas cadeiras douradas, reservadas para eles, pois ia começar o espetáculo dos peixes-palhaços, contratados para divertir o rei e a corte enquanto aguardavam a hora da prova. Após a saída dos peixes-palhaços, entraram as medusas, lindas, com suas roupas transparentes, tendo como destaque a bela Melusina, primeira bailarina do grupo. Elas começaram a bailar, com graça, a música, cujos acordes lembrava a “Dança da Fada Açucarada”, composta e executada pelos peixes-trombeta. Depois da apresentação das medusas, era a vez das moreias. Elas serpenteavam uma dança que ficou eternizada no fundo do mar como: “a dança do ventre das moreias”. O espetáculo continuou com um enorme polvo fazendo malabarismo com ouriços do mar, até que o responsável pelo cerimonial do palácio anunciou que era hora de começar a prova.
            Quando os três príncipes se preparavam para dar início às provas, a concentração foi quebrada por um burburinho vindo dos espectadores. É que havia adentrado ao recinto um moço de rara beleza. Tinha cabelos negros e longos, trançados com muita habilidade, o que lhe dava um ar de guerreiro. O rosto bonito lembrava o de Narciso da lenda grega. Os olhos, de um verde irisado, pareciam hipnotizar a todos. Seu corpo atlético, pontilhado com escamas brilhantes que tremeluziam à luz do sol, arrancava suspiros das jovens sereias. Vestia uma calça bufante que se estreitava nos tornozelos deixando aparecer os pés, parecidos com pés humanos, mas feitos de barbatanas, diferentes dos outros príncipes que, da cintura para baixo, eram semelhantes às sereias.
            Os três príncipes ficaram sérios. O rei, levantando-se do trono, perguntou-lhe:
- De qual Oceano você vem, meu jovem?
- Majestade, eu venho das águas geladas do Oceano Ártico.
- Por que está aqui se não foi convidado?
- Majestade, eu ouvi falar do torneio e fiquei curioso, pois no meu país é o rei que escolhe o marido de suas filhas. O escolhido não precisa passar por prova alguma.
- Você é da realeza?
- Não, majestade! – respondeu ele.
             Mediante essa resposta o rei mandou que se iniciasse a prova que se dividia em duas partes. A primeira era a retirada do tridente sagrado que o deus do Olimpo lançara no mar bem na frente do palácio. O rapaz que conseguisse retirá-lo estaria apto para executar a segunda parte que era esticar o arco mágico e lançar a flecha a uma distância determinada pelo rei. E o primeiro candidato, Hector, tentou arrancar o tridente fazendo uma força incrível e não conseguiu. Tentou a segunda parte da prova e tendo fracassado, retirou-se envergonhado.
             Diante do fracasso do príncipe Hector, Manus e Stratus, desmotivados, desistiram da prova. O forasteiro, cujo nome era Nemister, pediu licença ao rei para tentar as duas fases da prova, mas fez questão de esclarecer que não era candidato à mão da sereia princesa. Então, ele saltou para a arena e espalmando o tridente, o retirou do chão e, antes de depositá-lo aos pés de Raio de Luar, fez um discurso onde exaltava a beleza da princesa e a bondade do rei o que deixou a sereia emocionada. O chefe do cerimonial aproximou-se com um estojo de madrepérola nas mãos e, de dentro dele, retirou o arco mágico entregando-o a Nemister e dizendo a distância que o rei determinou para o lançamento da flecha. O moço pegou o arco e, juntando a destreza à força, o estirou arrancando da plateia um “Oh” de admiração.
              Porém, quando lançou a flecha a mil metros como mandara o rei, os espectadores deliraram. Foi um grito só: “Ele merece a mão da princesa, ele merece a mão da princesa...”. A arena foi invadida pela multidão de seres marinhos fazendo um barulho ensurdecedor.   Com os olhos, Raio de Luar procurava o estrangeiro na multidão e não o viu mais. Ele partiu sem dizer nada. A princesa entristeceu. Nem sua amiga Melusina conseguia fazê-la sorrir. A imagem do jovem não saia de sua cabeça.  O rei Tritão, diante do estado emocional da filha, mandou que procurassem Nemister por todos os mares do planeta Terra. Meses depois a equipe de busca voltou sem nenhum resultado. 
               O mago da corte, em reunião com o rei, aconselhou-o a casar a princesa apesar do fracasso do torneio. A princesa disse ao pai que só casaria com Nemister. Diante da intransigência da filha, o rei tomou uma decisão: mandou que procurassem o misterioso Nemister na terra. E, para essa tarefa, foram designadas as sereias que, em noites enluaradas, seduzem com seus cantos, pescadores e tripulantes de barcos em rios e mares na tentativa de encontrar o amado da princesa que até hoje por ele espera no fundo do mar.

04/06/07. 
(Histórias que contava para o meu neto).
(Maria Hilda de J. Alão)

sábado, 27 de agosto de 2022

DONA BARATINHA VAI SE CASAR (poesia infantil)



Mimi, a baratinha,
Está querendo se casar.
Assobia, assobia
Chama o padre Zé Maria

Pro casamento realizar.
E depois pra festejar
Será preciso um fogueteiro
Pra foguete ele soltar.

E a música para animar?
Convide para cantar
A cantora popular
A baratinha Lucimar.

Comida não faltará,
Fome ninguém passará,
Além de almoço ajantarado
Haverá doce e salgado.

A baratinha já avisou
Que esforços não poupará
Pra trazer dois cozinheiros
Que conheceu em janeiro.

São dois baratões japoneses,
Famosos entre os franceses
Pelos pratos deliciosos
E os petiscos curiosos.

São os irmãos Sushi e Sashimi.
Sushi prepara o peixe e o shari
Pra Sashimi fazer o sushi
E com as sobras Sushi fará sashimi.

Haverá pastel de vento,
De Sushi o grande invento,
Preparado com talento
Pra servir no casamento.

E será uma confusão de “mi”
Os convidados gritando em mi:
“Seu” Sushi me dê sashimi!
“Seu” Sashimi me dê sushi!

23/05/08
(Maria Hilda de J. Alão)

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

A REVOLTA DO DICIONÁRIO (história infantil)

 



          Era noite. Na biblioteca da escola, em cima de uma mesa, estavam uma pilha de livros de gramática e um pesado dicionário. Na mesa, ao lado, um porta-lápis e várias réguas, tudo bem arrumadinho. Em frente das mesas ficavam as estantes com muitos livros. A estante preferida das crianças era a que guardava os livrinhos de história infantil. Essa ficava bem perto da mesa onde repousavam os livros de gramática e o dicionário. Silêncio total na vasta sala de leitura. A iluminação da rua, através das vidraças, lançava uma tênue claridade no ambiente. De repente um soluço. Um lápis, cuja cabeça era enfeitada com uma borracha vermelha, perguntou:

- Quem está chorando?

- É o dicionário. Ele está muito tristinho. – respondeu um dos livros de gramática.

- Qual é a razão do choro? – perguntou uma régua amarela muito curiosa.

- É por causa das crianças. – respondeu o livro de história infantil Branca de Neve lá do seu cantinho na estante em frente à mesa que abrigava o dicionário chorão.

- Mas as crianças cuidam bem de nós. Não vejo motivo para essa choradeira. – resmungou um dos livros de gramática.

- Não é isso, meu amigo! – exclamou o livrinho de história infantil. – É que as crianças, doravante, não precisarão dele e não mais o chamarão carinhosamente de “Pai dos Burros”.

- Ora, isso não acontecerá! Não será exagero da parte do dicionário? – questionou o livro de gramática da terceira série.

- Que nada, meu querido livrinho! Foi decretado que falar errado é o certo.

- Como assim? Perguntou assustado o livro de gramática da quarta série.

- Por exemplo: - começou a explicar o livrinho de história infantil. – de acordo com o decreto você pode falar: “nóis vai na praia”, “nóis pega o ônibus”, “nóis come os doce” que está tudo certo.

- Que coisa feia! Mas eu tenho certeza que as professoras não concordarão com esse absurdo, portanto a criança não se expressará dessa forma.

- As professoras não podem fazer nada. A ordem vem de cima, de gente que se diz entendida em português. Entendeu agora por que chora o dicionário? Ele sabe o destino dessas crianças, coitadas. Falar “nóis jogou bola depois da aula”, “as menina chegou atrasada na crasse” é como dar uma paulada na cabeça. – finalizou o livrinho de história infantil Branca de Neve.

O dicionário parou de soluçar e, fazendo um esforço grande devido ao seu peso, ergueu-se sobre a mesa e começou a discursar.

- Caros amigos, - começou ele revoltado, - nós, instrumentos de alfabetização, estamos fadados a desaparecer. Sim! Se o errado é o certo, o nosso prazo de validade já venceu, e material vencido vai para o lixo. Precisamos lutar a fim de que as crianças tenham um futuro digno. Que elas possam ser alfabetizadas com dignidade. Que saibam se expressar corretamente porque o idioma é a identidade de um povo.

Todos os livros, lápis e réguas da biblioteca aplaudiram calorosamente a fala do dicionário. Mas como em todo lugar sempre tem um engraçadinho, a biblioteca também tinha o seu. Um lápis de cor azul já descascado de tanto ser mordido pelas crianças:

- É isso aí, dicionário! – gritou entusiasmado. – falou pouco, claro e bonito. Ainda bem que você não usou as palavras difíceis que tem aí escondidinhas nas suas páginas, ah, ah, ah, ah.

Já era madrugada quando todos foram dormir. Antes de se acomodar para o merecido descanso, o lápis de cor azul, não se sabe como, conseguiu ficar de cabeça para cima e, com sua ponta fininha, escrever no papel que forrava a mesa:

- Abaixo a incompetência dos “filólogos”, tudo por um ensino digno. Ah, ah, ah, pensam que é só o dicionário chorão que sabe palavra difícil? Eu, lápis, também sei. Viram o que escrevi? Filóloooogoooooo. Gracinha!!!

25/05/11.
(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)

 

A RAPOSA E O GALO CARIJÓ (história infantil)

 


        O dia ainda não havia raiado e uma raposa perambulava pelas redondezas de um terreiro quando viu, no galho de uma árvore, um galo carijó cantando bem alto, có,có, cocoricó. Ao ver aquela ave tão gorda e bonita, a raposa decidiu que o seu café da manhã seria aquele belo galo carijó. Ela sentou-se e, olhando para o galo pousado no galho, disse:
 
- Sua voz é maravilhosa! Quando entoa a nota dó parece um deus do Olimpo. E esse seu peito estufado, ah, lembra-me a figura de Apolo. Mas como eu sou meio surda, peço que desça dessa árvore e cante para mim e bem pertinho de mim.
O galo, que não era bobo nem nada, respondeu:

- Eu canto para despertar os homens. Canto para anunciar o raiar do dia. Se canto alto, aboletado no galho dessa árvore, é para que todos, sem exceção, ouçam a minha voz.

- Ora, seu galo carijó, os homens se queixam do barulho que você faz acordando a todos nas madrugadas frias. A mim você não incomoda, pelo contrário, eu aguardo ansiosa a madrugada só para ouvir sua bela voz de tenor. Vamos, desça! Venha cantar só pra mim!
Para responder à raposa, o galo entoou um canto que dizia:

- Có, có, cocoricó!
A raposa é muito esperta,
Mas o galo é muito mais
Voo rasante, pouso em galhos
Isso raposa não faz.

A raposa, fingindo-se de simpática e paciente, respondeu com versos que inventou na hora:

- Vamos galinho cantor
Neste terreiro brincar.
Teu canto em ré, mi, fá
Parece de um canário a trinar. 
Foi aí que o galo respondeu cantando muito alto:

- Có, có, cocoricó,
Dona raposa manhosa
Teu pelo é uma formosura,
Tua voz uma doçura,
Mas se eu daqui descer
Sei bem o que pode acontecer.

E o canto insistente do galo, acordou os cães da fazenda que, farejando a raposa, invadiram o terreiro pondo em fuga a invasora que queria ter como café da manhã o belo e gordo galo carijó.

30/06/11
(Histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de J. Alão)

domingo, 21 de agosto de 2022

História- A Revolta das Cenouras - 1° e 2°Ano-Prof° Letícia.


(História escrita por Maria Hilda de J. Alão e publicada no seu livro de histórias infantis: Dona Baratinha não Casou à pag. 12)

A Fábrica de Ovos de Páscoa - Adaptação da história de Maria Hilda de Je...



(História escrita por Maria Hilda de J. Alão, publicada no livro de histórias infantis da autora: A Princesa Sofia à pag. 37.)

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)