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quarta-feira, 13 de abril de 2022

A CASINHA PERDIDA (história)

 


Era uma vez, no reino do Alfabeto, uma letrinha “A” que andava a procura de sua casa.
- Você viu a minha casinha? Ela tem o formato de uma palavra cuja porta sou eu.
- Não vi! – exclamou a letra “T”, alta e magra como um poste, que quis saber como uma porta pode perder a sua casa.
- Sabe! Foi por causa da letra “V”. Ela se transformou num vendaval, arrancando-me da minha casinha.
- Ih! Vai ser difícil, no meio de tantas letras e palavras, você encontrar a sua casa.
Mas a letra “X”, que tem o formato de tesoura, resolveu ajudar a letrinha “A”. E saíram as duas em busca da casinha perdida. Procuraram por todos os cantos do reino do Alfabeto, subindo e descendo, e nada encontraram. Cansadas, sentaram-se num “Travessão” (-) para descansarem. “A” e “X” estavam de olhinhos fechados, quase dormindo, quando um barulho as despertou.
- Será que encontraram a minha casinha?
- Amiga, não fique ansiosa! – avisou a letrinha “X”.
A letrinha “A” nem ouviu. Saiu correndo para o local de onde vinha a algazarra, seguida pela amiga. Chegaram e foram logo perguntando numa só voz:
- Acharam a casinha?
- Nada de casinha. – respondeu uma letra “D”, gorda como ela só.
É que o soberano do reino do Alfabeto havia feito um decreto doando todas as palavras que foram perdidas durante o vendaval.
- Procure sua casinha no meio desta bagunça! – disse a balofa letra “D” soltando forte gargalhada.
As demais letras começaram a escolher as palavras perdidas. Umas queriam a “fortuna”, outras a “beleza”, todas elas de significado vazio. Em pouco tempo o reino do Alfabeto ficou limpo. Todas as letras levaram as palavras perdidas para organizar o mundo da leitura. Mas e a letrinha “A” e a letrinha “X”? Coitadas. Estavam sentadinhas, lá no último parágrafo de um texto, quando a letra “M” avisou:

- No fim deste reino encantado,
Dorme num emaranhado,
Umas letras jogadas pelo vendaval
Dar uma espiada não faz mal.

E as duas letras correram para lá. Ao chegarem, as letras, que estavam dispersas, juntaram-se formando a palavra “MOR”.
- É a minha casinha! – gritava a letrinha “A” – É a minha casinha, e eu sou a sua porta. Encontrei, encontrei.
A letrinha “X”, emocionada, viu a porta se unir à casa, formando a palavra AMOR.
- Amiga letra “A”, a sua casa é tão linda. Agora eu entendo a sua aflição para encontrá-la. E também aprendi que AMOR é uma casa de aparência pobre, mas de um riquíssimo interior. Quando a letra “V”, do vendaval da vida, separar a porta da casa, todo esforço é válido para uni-las. Quero morar ao seu lado, amiga letra “A”.
Foi aí que a letra “X” teve uma ideia: formou o termo “AUXÍLIO” e convidou a gorda letra “D” a formar a palavra “CARIDADE” para viverem, sempre, ao lado do AMOR.
É por isso, crianças, que devemos seguir o exemplo da letra “A”. Procuremos sempre a casinha do AMOR porque é dentro dela que existe vida real.

24/02/08.
(histórias que contava para o meu neto).
(Maria Hilda de J. Alão)

A CASA DA TARTARUGA (história)

 





As crianças estavam reunidas no pátio da escola. Era hora do recreio e também de contar histórias. 

A professora, dona Estela, chegou e arrastou a cadeira para o meio da rodinha, formada por meninos e meninas, e começou a falar sobre a história que contaria para todos. Era a história da Branca de Neve e os Sete Anões. Luiza, uma das alunas de dona Estela, interrompeu pedindo:

- Professora, nós já conhecemos a história da Branca de Neve. Será que hoje a senhora não tem uma história diferente? Por exemplo: por que a tartaruga carrega a casa nas costas? Será que tem uma história dela?
A turma toda aplaudiu a ideia com gritos de isso mesmo, queremos saber a história da casa da tartaruga. A professora riu.
- Está bem, eu contarei. Quero silêncio absoluto.
E começou, em tom solene, a contar a história da casa da tartaruga.
- No tempo dos deuses do Olimpo, Zeus que era o chefão de todos eles, resolveu dar uma festa e convidar todos os animais. Assim foi feito. Chegou o dia da festa e lá estavam os animais vestidos a caráter. Então Zeus ordenou a Afrodite que fizesse a chamada para ver se não faltava ninguém.

A deusa, com o livro de chamada nas mãos, passou a chamar pelo nome os bichos marcando presente ou ausente. Depois de concluída a chamada, só a tartaruga estava ausente. O fato foi comunicado a Zeus que não gostou muito. Por que será que a tartaruga não compareceu à festa de Zeus? Era isso que perguntava o coelho para uma lebre. -Talvez ela não goste de festa. Respondeu a lebre.
Zeus, além de triste com a ausência da convidada, também estava curioso e resolveu descer a terra para saber o motivo da desfeita. Parando diante da casa da tartaruga ele chamou:
- Dona tartaruga! E ela saiu de dentro da casa. Vendo-se diante do chefe de todos os deuses ela tremeu. - que será que ele queria. Então, Zeus, com sua voz de trovão perguntou:

- Qual o motivo de sua ausência? Quando eu convido quero que estejam presente.
- Veja, Zeus, não quis depreciar o seu convite, mas eu gosto muito da minha casinha e dela só saio para procurar comida. Não me sinto bem em casa alheia. E Zeus ficou enfurecido com a resposta da tartaruga. Soltando raios e trovões ele sentenciou.
- A partir de agora eu te condeno a carregar a tua casa nas costas para onde quer que vás. Assim nunca mais rejeitarás um convite meu.
É por isso, crianças, que a tartaruga anda sempre dentro de casa. Concluiu a professora, bem na hora do sinal de volta à classe.
- Eu acho que Zeus pensou que ia castigar a tartaruga, mas ele acabou fazendo um grande favor pra ela. Pelo menos ninguém rouba a casa dela e ela pode se esconder todinha dentro dela. Disse a Mariana rindo muito.
E todos voltaram para a sala de aula gargalhando da observação de Mariana.

26/02/12
(histórias que contava para o meu neto)
(Maria Hilda de Jesus Alão)


 

terça-feira, 12 de abril de 2022

PARLENDAS (aula de 25/03/22)

 


Papagaio de pena dourada
Grita na mata de madrugada
Menina de boca fechada
Sempre será educada.

O cabelo de trancinha
É cabelo da Teresinha
Ela sempre o cabelo trança
Para brincar com as crianças.

Casinha de uma porta só
É a casa da senhora socó
Que fez o ninho com cipó
Para botar um ovo só.

25/03/22

(Maria Hilda de J. Alão)


segunda-feira, 11 de abril de 2022

O PÁSSARO E O MESTRE

 


Eram cinco horas da tarde, de um dia de verão escaldante, quando Jesus e seus discípulos chegaram a um morro onde havia muitas árvores. Eram oliveiras, as árvores que dão azeitonas. Jesus, cansado de andar, sentou-se à sombra de uma delas e, encostando-se no tronco, tirou as sandálias, esticou as pernas e, curvando-se, massageou os doloridos pés. Os seus apóstolos, chefiados por Pedro, confabulavam sobre o trabalho daquele dia. Foi estafante. Sermões, milagres e crianças, muitas crianças. A saúde de Jesus era a preocupação de todos. Pedro, com o olhar perdido no horizonte, lembrava de fatos acontecidos entre o Mestre e as crianças.

A presença de Jesus, em qualquer lugar da Galileia, atraía as crianças, e Pedro se perguntava de onde o Mestre tirava tanta energia para atendê-las. Ele sentava meninos e meninas em círculo e, no centro do círculo, ele, acomodado sobre um tapete, contava histórias da casa do seu pai. Depois brincava com elas. Jogos e cantoria eram os favoritos. Depois ele fazia desenhos na terra e perguntava:
- Quem sabe que bicho é este?
Foi num dia de muitas brincadeiras que, no meio da confusão de vozes, o Mestre ouviu a resposta a sua pergunta vinda do mais novinho dos meninos:
- É um tavalinho... um tavalinho.
Jesus, sorrindo, levantou o pequenino, sentou-o em seu colo para dar prosseguimento à brincadeira. A lembrança estampou um sorriso no rosto do discípulo. Mas as recordações alegres não foram suficientes para afastar, de Pedro, a preocupação com o bem-estar do Mestre.
- Ele precisa descansar. Não sei como aguenta. – resmungava ele.
- Pedro, não se esqueça: Ele é filho de Deus! – disse, enfático, Tiago, um dos seguidores de Jesus.
- Eu sei! Você reparou no semblante dele? Ele é de carne e osso como nós. – insistia o apóstolo.
- O melhor que se tem a fazer é deixá-lo sossegado. Não façamos barulho. Vamos parar com esta discussão sobre o trabalho de hoje para que ele possa dormir um pouco. – sugeriu André, outro apóstolo de Jesus.
Judas Tadeu, primo de Jesus, disse:
- Estou de acordo. Vamos nos calar. – repetiu “calar” duas vezes olhando para Bartolomeu (outro discípulo) que continuava falando sem parar.
Enquanto esta conversa acontecia, um pássaro, pousado num dos galhos da oliveira, começou a cantar como se quisesse alegrar e, ao mesmo tempo, amenizar o cansaço do Mestre. Eram trinados graves, agudos e médios. A voz do pássaro foi aumentando, aumentando. Jesus, maravilhado, ouvia o canto. Agora o seu rosto não tinha mais os sinais de fadiga. Ele ganhou um brilho, uma luz que só se vê na face de um santo. Em determinado momento, ele levanta os olhos e vê o cantor concentrado em sua melodia. Então Jesus começou a imitar o passarinho.
Os discípulos ficaram caladinhos. Só se ouvia o pássaro e o Mestre. E foram muitos minutos de disputa. Lá pelas tantas, Jesus parou, mas o pássaro continuou. Pedro, admirado, cochichou no ouvido de Tiago:
- Por que será que ele parou? Ele pode vencer o passarinho. Para quem derrotou doutores na sinagoga é muito fácil.
- Talvez não tenha mais fôlego para acompanhar a avezinha. Respondeu Tiago.
Jesus, que ouvira o cochicho de Pedro, disse sorrindo:
- Meu filho, cada um com seu talento. Minha garganta está seca. Mesmo que eu cantasse dia e noite, ele me venceria porque foi feito para cantar e eu para escutá-lo.
Os apóstolos ficaram de boca aberta. Que dizer diante de tanta sabedoria? Limitaram-se a olhar, com respeito e admiração, para aquele homem sábio, plácido e santo. As palavras dele ecoavam na mente de todos como um desafio, uma equação cujo resultado era sempre uma lição de vida.

04/02/08

(Histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão.)

quinta-feira, 7 de abril de 2022

A FADA E O SAPO

 


                  Todas as noites uma fada ficava um tempão olhando para o céu. Sentada numa árvore ela contava as estrelas, observava as constelações, a estrela polar, o cruzeiro do sul e todas as estrelas que seus olhos mágicos podiam ver. Ficava maravilhada. Como é lindo! O espaço, para ela, era como um imenso veludo negro bordado com faiscantes diamantes. Um sonho.

Desejava poder viajar por este espaço levando a varinha de condão para fazer suas mágicas: saltar de estrela para estrela do jeito que se pula a amarelinha; unir estrelas com um traço para formar variados desenhos; fazer aparecer uma ponte ligando a Terra à Lua e levar sua casinha de vitória-régia para passar férias. Mas na Lua não existe água! Não tem importância, com a varinha mágica ela riscaria o solo e nasceria um belo rio. Estava concentrada nesses pensamentos quando uma vozinha a despertou:

- Sonhar é bom; com o possível é melhor ainda.

Era o velho sapo que vivia na margem do rio, e que, há muito tempo, vinha observando a fada sonhadora.

- Tens razão, mas sonhos possíveis e impossíveis fazem parte de mim. Por acaso não conheces as histórias de fadas, gnomos e outros seres imaginários? – perguntou ela.

- Conheço. Nesta minha longa vida eu já vi de tudo, mas o que eu quero dizer é que não se deve olhar só para cima. Experimente olhar para baixo, a beleza lá do alto está refletida aqui de forma diferente. Já prestou atenção no beija-flor; na orquídea; na vitória-régia onde você mora; no rio que serpenteia o verde da mata? Você não precisa viajar para o espaço a fim de realizar seu sonho. Veja as águas plácidas do rio!

A fadinha olhou e viu refletido, no espelho da água, o céu com toda a sua maravilha. Bateu suas asinhas de libélula e voou sobre a água ouvindo o sapo que dizia:

- Vamos menina, faça a sua mágica. Use a varinha de condão para viajar da forma que sonhou. Você tem aí o universo a sua disposição. Voe, salte, corra.

Ela voava e cantava, pulando de estrela para estrela sem tocar a água. Era o seu jogo da amarelinha. Fazia traços no ar, com a varinha, como se estivesse unindo as estrelas. A ela se juntaram todos os pirilampos e o rio tornou-se encantado com a magia das luzes do céu e da terra.

A alegria da fada e a luz dos pirilampos despertaram os bichos que se propuseram a divinizar a viagem da fadinha pelo universo que corria com as águas. Formou-se um afinado coral entoando a sinfonia da natureza. As árvores emocionadas choravam lágrimas de sereno que caiam no rio formando pequenos círculos, e os peixes não nadavam para não quebrar o encanto da cena. O canto prosseguia e cada nota emitida era uma nave espacial levando os sonhos da fadinha e de todos os viventes que, de uma forma ou de outra, passam algum tempo com os olhos pregados no céu tentando decifrar o mistério das estrelas.


11/05/06.
(Histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)


terça-feira, 5 de abril de 2022

BRINCANDO COM RIMAS

 


Quebra pedra Pedro Pedra
Se pedra Pedro não quebrar
Quem pedra quebrará?

Pintinho amarelinho
Saiu do ovo molhadinho
Sua mãe o agasalhou
E logo o pintinho secou.

Disse a menina Zuleima:
Fico triste se alguém teima
Que a letra H é um fonema.

Maçaneta, saleta
Sacristão toca sineta
Areia na ampulheta
Menino sem camiseta.

Roupa pouca, pouca roupa
Quem dinheiro poupa
Não terá roupa pouca.

Para paralelepipedar
Tenha paralelepípedos.

Tigre tigrado
Cabelo trançado
Vidro trincado.

Trocadilho trocado
Fez trocador trocafiar.

Trilha a trilha trilhador
Deixada pela trilhadeira
Para não errar a trilha
Trilha a trilha trilhador.

Rico e rica
O fósforo risca
O olho pisca
A rica arrisca
No olho a faísca
Que faz pisca-pisca.

Fia o fio a fiadeira
Tem carne na frigideira
Menino desce a ladeira
Em desabalada carreira
Enquanto o fio fia a fiadeira.

É hora da retreta
Soldado de boina preta
Toca o boi da cara preta
Menino faz careta
Ouvindo o som da clarineta.

Prego pregado
Menino afobado
Tirou o prego pregado
Pelo seu empregado.

Uma tranca tranca
Uma tranca destranca
O portão que tranca tem.

Tem um lá
Tem um cá
Se cá há um
Lá também há um.

Pinga pingo
Pingo pinga
No copo de pinga
Ginga a gringa
E pinga o pingo.

Tem caqui
Ou caca aqui?

Hera, era.
Se verde é uma hera
Passado é uma era
Se não sabe diz a Vera
Seu estudo já era.

05/04/22

(Maria Hilda de J. Alão)

 

segunda-feira, 4 de abril de 2022

PARLENDAS – (Rimas Infantis)

 



Era uma vez
Um, dois, três
Um calabrês
Irmão da Inês
Que jogava xadrez.

Se mente cai o dente,
Corre, corre seu Prudente
A procura do dente
Perdido entre as sementes.

Patos a nadar,
Pássaros a voar,
Subiu o balão
Perdeu-se no ar.

Mexe, mexe seu Tião,
O doce de mamão
Com o rabo do cão.

Cabeça de cão,
Tim, tim, balalão,
Gato ladrão
Não tem coração
Tim, tim, balalão.

Chora a menina bonita,
Por ser tão infeliz,
Com um lencinho de chita
Limpa os olhos e o nariz.

Tenente Prudente
Perdeu o dente
Quem o achou
Dê um passo à frente.

Cara de rato,
No pelo do gato
Tem carrapato.

Eu ladrilharia,
Tu ladrilharias
Só com vidraria
A Rua Alquimia.

06/12/11

(Maria Hilda de J. Alão)

 

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)