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segunda-feira, 28 de março de 2022

OS PINGOS DE CHUVA (história)




Bem além da estratosfera, onde Deus guarda o relâmpago, o trovão, o vento e a água que evapora com o calor do sol, um santo estava concentrado fabricando chuva, porque recebeu pedidos das crianças da Terra, preocupadas com a seca destruindo tudo. Ele fazia pingo por pingo para formar a chuva e ia armazenando todos numa imensa caixa d’água. Depois de tudo pronto é só abrir as torneiras para cair a água abençoada.
O santo terminou o trabalho e, muito feliz, disse:
 
- Meus pinguinhos, está na hora de atender a todos os pedidos recebidos. Quero que cada um de vocês faça o seu trabalho corretamente. Não quero enchente, tudo deve ser calmo para não prejudicar as pessoas. Entenderam?
- Sim, meu santo. – responderam todos juntos.
O santo caminhou em torno da caixa d’água olhando atentamente para ver se não faltava nada, se todos os pingos de chuva estavam organizados para caírem um após o outro, quando ouviu um psiu. Virou-se e viu que quem chamava era um dos pingos do lado esquerdo da caixa d’água. Muito atencioso, o santo perguntou:
- Deseja alguma coisa?
- Sim, meu santo! Eu não quero ir. – disse o pingo timidamente.
- Por quê? – perguntou o santo.
- Veja a altura. Quando eu cair daqui, vou me esborrachar na terra. Eu gostaria de ser vapor, virar nuvem e ficar vagando pela atmosfera.
- Mas para que a chuva seja completa não pode faltar um pingo, compreende?
Pacientemente, o santo falou da importância da chuva, mas o pingo de chuva continuava irredutível. O santo, para não atrasar mais a entrega da chuva, pediu permissão ao Pai para mostrar ao pingo a situação da Terra. Dada a permissão, o santo abriu o portal do céu deixando ver todo o universo. Com um poderoso telescópio focalizou a Terra. Chamou o pingo de chuva e ordenou:
- Olhe para o planeta e veja como tudo está seco.
- É mesmo, meu santo. Veja aquele enorme país do continente americano. As regiões norte e nordeste tão ressequidas, o chão todo rachado, rios e lagos secos, os bichos com tanta sede e fome. Ah, meu santo, eu não aguento.
- Então, meu querido pingo de chuva, vai se unir aos seus companheiros?
- Sim, meu santo, mesmo que eu me caia dessa altura, eu me uno aos meus amigos. Pode dar a ordem.
E o santo ordenou:
- Ventos, avancem!
E começou a ventania na Terra. Vieram os raios e os trovões abrindo o caminho para a entrada triunfante da chuva. Ela caiu forte no chão seco. Era como se cada pingo dissesse um ao outro:
- Sai da frente que eu quero chegar primeiro.
 
As plantas pareciam bocas sedentas do precioso líquido. Os lagos eram como taças se enchendo de vinho puro até a borda. Os rios pareciam veias recebendo injeção de sangue novo. O chão se vestiu de verde. A atmosfera ficou transparente, limpa da poluição. E a terra exalou seu perfume para agradecer ao céu o milagre do renascimento que vem junto com os pingos de chuva.

(Maria Hilda de J. Alão.)

(histórias que contava para o meu neto)



MAMÃE (poesia)

 


Mamãe eu estou aqui
Com a cara suja de bolo
Para te dar um beijo e um abraço
Neste dia de muita alegria.

Não tenho presente de loja
Porque ainda sou pequenina,
Mas o meu coração é tão grande
Que cabe mamãe inteirinha.

Se eu fosse grande
Pegaria mamãe pela mão
E a levaria ao parque de diversão
Para brincar na roda gigante.

Depois iríamos até praça,
Comemorar esse dia de graça
Com pipoca, algodão doce
E um belo cachorro-quente.

Pular corda, brincar de roda,
Correr atrás do cachorro,
Subir correndo o morro
Para pegar a pipa que cai.

Depois uma brincadeira legal
Pentear os cabelos da boneca,
Fazer comidinha na caneca
Inventando um grande almoço

Para nós duas em alvoroço
E não te deixar lavar a louça.
Depois de tanta brincadeira
Alegres voltaríamos para casa

Eu te poria para dormir cantando:
- Dorme mãezinha do meu coração,
Que os anjos estão rezando
Pedindo a Jesus com devoção

Que te faça muito feliz.
Este seria o meu presente
Que daria a minha adorada mãezinha
Neste sagrado DIA DAS MÃES.

(Maria Hilda de J. Alão)

sexta-feira, 25 de março de 2022

O CÃOZINHO FELPUDO



No meu peito o coração batia,
De alegria as mãos eu contorcia
Em saber que a caixa continha
O presente da minha vida.

Era branco, macio e tão peludo,
Olhos vivos muito inquietos.
Farejava tudo, lambia tudo,
Era o meu cãozinho Felpudo

Cuidava dele com carinho.
Meu pai até fez um carrinho
Para eu levar ao parque
Aquela bolinha de pelos

Que atendia aos meus chorosos apelos
Quando no quarto de castigo eu estava,
Por traquinagem ou desobediência.
Ele vinha dócil e com sua paciência

Ouvia, silencioso, as minhas queixas,
Lambia as lágrimas do meu rosto
Como a dizer: pra quê desgosto?
O tempo leva tudo, nada deixa.

Quando do castigo mamãe me tirava
A alegria na casa reinava.
Eu corria, cantava e pulava corda
Acompanhando Felpudo pela borda

Da velha piscina de forma ovalada.
Depois mergulhávamos na água tratada,
E nadando de uma extremidade a outra
Apostávamos quem era o mais rápido.

Com uma toalha branca eu secava Felpudo
Penteava seu pelo com pente de tartaruga
Depois, com o espelho da vovó na mão,
Mostrava a sua carinha perguntando: Gostou?

De cinco hoje eu tenho dez anos,
E na alma uma esperança grande
De encontrar o meu cãozinho Felpudo
Levado por um velho barbudo.

19/01/07

(Maria Hilda de J. Alão)

segunda-feira, 21 de março de 2022

CANTO DE PÁSCOA (poesia)




Adulto: - Diz-me tu criancinha,
O que viste pelo caminho?

 

Criança: - Vi Jesus ressuscitado,

Tendo anjos por testemunhas,

Subindo ao céu numa nuvem,

Deixando pra nós a esperança

De sermos adultos melhores.

 

Adulto: - Feliz és tu, ó criança,

De olhos abençoados,

Tal é tua pureza d’alma

Que pra ti foi reservado

O espetáculo do milagre

De ver surgir das sombras

O filho de Deus poderoso.

 

Criança: - Glória ao cordeiro da paz!

Seja ele nosso companheiro

Nas brincadeiras com bonecas,

Ou nos jogos de bola na escola.

Ele será para nós a ponte firme

Para chegarmos ao outro lado

Do caminho que vamos percorrer,

Depois de passada a infância.

 

Cantemos todos em louvor

Ao nosso amigo Jesus

Neste lindo domingo de Páscoa,

Porque na nossa imaginação

Ele está com sua família,

Servindo ao Pai e a Mãe

O pão do seu grande amor.

Todos: - Feliz Páscoa!

 

03/04/07.

 

(Maria Hilda de J. Alão)

 


 

 

A FÁBRICA DE OVOS DE PÁSCOA (história)

 

 


Quando bateu meio-dia no relógio da fábrica de chocolate, os coelhos pararam o trabalho. Era hora do almoço. Foram todos para o refeitório comentando sobre a produção de ovos. Um dizia que estava atrasada, outro achava que estava até adiantada e que os ovos seriam entregue antes da data marcada.

 Depois do almoço retornaram ao trabalho. Religaram as máquinas e a principal, um tacho enorme que distribuía o chocolate derretido pelas fôrmas, não funcionou. Foi um alvoroço. E agora? Chamaram o coelho mecânico para reparar o defeito. Ele chegou e, com os óculos na ponta do nariz, franziu as sobrancelhas e fez “hum...hum”.

- Qual é o defeito?  Perguntou o coelho Záz-Trás, chefe da fábrica.

- Quebrou a peça que faz girar o tacho e não temos outra no almoxarifado para substituí-la. – respondeu o mecânico.

- Então a entrega dos ovos de páscoa será atrasada. Isso não pode acontecer. Meu Deus! Que decepção para as crianças! – dizia, andando pra lá e pra cá, o coelho chefe.

A notícia espalhou-se pelo mundo dos bichos. Todos correram até a fábrica para oferecer ajuda. Outra peça, para fazer o tacho funcionar, só depois da Páscoa. Os bichos se reuniram para encontrarem a solução do problema.

- Que tal escolher os bichos mais fortes para fazer girar o tacho gigante? – propôs o macaco Lelé.

- É mesmo! Boa ideia, Lelé! – exclamou uma coruja pousada no galho da árvore sob a qual a reunião acontecia. E continuando ela disse:

- Vejam, esses bichos fortes farão o trabalho da peça danificada. Será um pouco mais lento, mas é melhor que ficar todo mundo parado. Concordam?

- Aprovado, Sarita! Você é uma coruja muito sábia. – disse o coelho Zás-trás, andando pra lá e pra cá com as duas patinhas da frente nos bolsos do macacão.

- E que bichos são esses? – perguntou a avestruz Maricota, pondo as asas na cintura e abanando o rabo.

- Ora, bolas! Os elefantes! Quem mais poderia ser? – era o leão Jubinha quem falava com sua voz de trovão.

A proposta foi posta em votação sendo aprovada por unanimidade. Quem iria falar com o rei dos elefantes? E se era para falar com um rei, que tal um outro rei? E os bichos elegeram Jubinha o seu representante. O leão, acompanhado do seu exército, partiu para o território dos elefantes. Eles não podiam parar nem para comer senão a Páscoa ficaria sem os tradicionais ovos de chocolate.

Chegaram com o sol se escondendo no horizonte para dar lugar às estrelas e lua cheia.

 - Quem vem lá? – perguntou o elefante vigia dos portões do reino dos elefantes.

- É Jubinha, o rei dos leões. Preciso falar com o rei Trombino! É um assunto urgente. – respondeu o leão rei.

O vigia deixou seu posto e sumiu na escuridão. Minutos depois ele voltou e abriu o portão mandando que Jubinha entrasse com sua comitiva, acompanhando-os até a presença do enorme elefante marrom com uma coroa de marfim na cabeça.

- Que traz aqui o meu amigo rei Jubinha das terras dos leões vermelhos? – perguntou alegre o rei Trombino.

 - Majestade, um sério problema está acontecendo e os coelhos estão precisando da nossa ajuda. Da ajuda de todos. Por isso eu estou aqui.

E relatou o problema ao rei Trombino, sentado no enorme trono de ouro e marfim. Depois que Jubinha terminou de falar, o rei deu a ordem:

- Que se apresente o general das tropas terrestres!

E apareceu um elefante fortíssimo com as presas de marfim brilhantes curvadas para dentro. Tinha, realmente, um porte de general de potente exército.

 - Meu caro general Elefa, quero que escolha os melhores dos melhores soldados da tropa para uma missão importantíssima. – ordenou o rei Trombino.

- Majestade, que missão é esta? – perguntou curioso o general.

- Vamos ajudar a salvar a Páscoa das crianças. – respondeu o rei contando tudo ao general Elefa.

Feita a escolha dos soldados, partiram para a fábrica de ovos lá no coração da floresta de chocolate. Chegaram e logo em seguida pegaram no trabalho pesado. Ninguém reclamava. Os outros bichos revezavam-se entre embalar e colocar nas caixas a produção de ovos.

Os coelhos não sabiam como agradecer aos companheiros tanta solidariedade. Mas eles sabiam que cada ovo representava um ato de amor dos bichos pela raça humana.

- Ora, deixem os agradecimentos para as crianças. Aqueles sorrisos e aqueles gritinhos são as gratificações que esperamos. Nós estamos muito felizes em poder ajudar. Poder fazer a nossa parte neste nosso mundinho. Embora sejamos bichos imaginários e ainda por cima de chocolate, temos sentimentos. – disse o general Elefa piscando o olho para Jubinha e, aproveitando a saída da fôrma de um ovo de bom tamanho, pegou-o com a tromba e, glub, o engoliu rapidamente.

- E assim foi salva, naquele ano, a Páscoa das crianças pelos bichos que pensavam como gente e tinham atitudes de gente.

- Vovó, então esta história aconteceu na floresta de chocolate? – perguntou o menino para a sua avó.

- Sim, meu filho! Na páscoa tudo é de chocolate, até as histórias. – respondeu sorrindo a vovó que terminou a narrativa dizendo:

- Feliz Páscoa a todos e, em especial, para as crianças. Que elas cresçam felizes e solidárias como os bichos desta história e, como eles, façam a sua parte no mundo para que ele seja melhor. Que elas saibam que estão nos planos de Deus para fazer da Terra um paraíso.

 24/03/07.

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto)



sábado, 19 de março de 2022

O MENINO CANTOR (cordel infantil)

 


No tempo de Jesus na Terra
Viveu o menino Matheus Serra
Perambulando pelas vielas
E punha sebo nas canelas

Ao ver a brigada romana,
Que passava toda semana,
Recolhendo o imposto
Que causava desgosto

Ao povo de Jerusalém.
Matheus, não se sabia bem,
Se tinha pai, mãe ou irmão
Nem como perdeu uma mão.

Segundo os comerciantes
Foi em tarde de sol brilhante
Que o menino brincava
No moinho e tirou a trava

Da roda que fazia a moenda
Do moinho da velha fazenda
Girar para moer trigo e milho.
Foi aí que a mão do andarilho

Matheus ficou presa nos dentes
Da roda provocando o acidente.
O tempo passou e o menino,
Continuou, como era o seu destino,

Vagando por entre as tendas.
Correu um boato entre as vivendas
Que em Jerusalém, no dia seguinte,
Chegaria Jesus cuja presença era um acinte

Para o povo invasor de Jerusalém.
Chegou o dia e a expectativa foi além
Do esperado. Uma multidão seguia
O Mestre que acenava e sorria.

Matheus estava curioso e foi chegando
Perto do Mestre que continuava falando:
Deixai vir a mim as criancinhas
Por que elas são umas gracinhas

E eu as amos como meu Pai me ama.
E tendo na mão uma verde rama
O menino perguntou: Posso cantar?
O canto tem o dom de agradar.

Estava um falatório quando alguém gritou
E do meio da multidão vociferou:
Eu o proíbo de cantar: disse o soldado.
E se teimar será por mim fustigado.

Tremendo de medo o menino falava:
Quero cantar para o Mestre uma seresta.
Nenhum argumento ao soldado abalava.
Homenagem só a César em dia de festa.

O que pode cantar essa criatura sem mão?
Perguntou o soldado de corpete salmão.
Ao que respondeu o senhor Jesus:
Tudo com a graça do Pai que o conduz.

Levantando-se do seu assento na serra
Jesus pegou na mão de Matheus Serra:
Cante filho quero ouvir este instrumento
Que será neste dia o maior acontecimento.

A multidão alvoroçada calou-se.
Matheus diante de Cristo postou-se
E cantou com sua voz angelical
Uma belíssima canção celestial.

O Mestre de olhos cerrados e mãos postas,
Ouvia cada nota e letra compostas
Por aquele menino privado de uma mão
Mas com a graça de Deus no coração.

19/03/22

(Histórias que contava para o meu neto)

(Maria Hilda de J. Alão)



quarta-feira, 16 de março de 2022

O GATO DE COSTAS

 


Eu vou contar pra vocês
Uma história engraçada
De uma menina estudante
Que não sabia desenhar.

Nem árvore nem casa,
Tudo saía errado.
O pato tinha bico torto,
O cachorro três patas,

O papagaio parecia galinha,
O sol uma bola rasgada,
E na lua faltava um pedaço.
Ela ficava danada

Quando alguém dizia:
Você não desenha nada!
Então ela abria a maleta
Pegava a sua caneta

Fazia alguns garranchos,
E se perguntavam o que era
Ela dizia: são arcanjos.
Também desenhava bolas

E chamava de borboletas,
Com as asas em forma de argolas,
Depois cantava uma musiqueta
Sobre uma amarela borboleta.

Mas um dia um menino
Pediu à menina o favorzinho
De desenhar um lindo gatinho
Pra ele colar no seu caderninho.

Ela pediu um prazo,
E lhe entregaria sem atraso
O desenho encomendado.
Chegou o dia combinado,

Entregue foi o gato desenhado.
Que é isso - Perguntou o menino -
É um bujão de gás com bigodes?
Não é um gato nem um bode.

Ora, meu amiguinho,
Este é o meu melhor traçado.
Vamos fazer uma aposta?
Estou esperando a resposta!

Pergunte a quem passar
Se nessa rabiscaria
Alguém visualizaria
A figura de um gato.

O primeiro a passar respondeu:
Parece o mapa do inferno.
Não colocaria no meu caderno.
Assegurou o segundo.

A menina ficou triste,
Chorosa ela disse:
Tudo isso é doidice
Verdadeira paspalhice.

Será que ninguém pode ver
Desenhado nesta folha de papel,
Que num caderno será exposta,
Um lindo gato de costas?

14/01/11

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto)

 

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