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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

A TROMBA DO ELEFANTE (história)

 

Num tempo muito distante, os elefantes não possuíam tromba como os de hoje. Tinham um nariz curto e redondo e eles só podiam comer o alimento que encontrassem no chão. Às vezes eles olhavam para as árvores, só olhavam porque não tinham como alcançar frutos ou folhas novas dessas árvores. Como seria bom comer diretamente das árvores sem precisar sujar o nariz de terra, pensavam os elefantes mais velhos. E assim iam vivendo os elefantes de nariz curto e redondo.

Anos depois, nasceu um elefantinho. Todos correram para ver o bebê. Ele era igualzinho aos outros, nariz curto e redondo. A mãe, orgulhosa do seu filhote disse:

- Um dia meu filho fará a diferença. Dele nascerá uma nova raça de elefantes.

As outras mamães elefante riam dela e diziam que era maluca talvez cega. Que raça diferente poderia vir daquele elefantinho de nariz curto e redondo igualzinho a qualquer outro? Pergunta uma mamãe elefante que teve seu filhote levado por caçadores. O bebê elefante cresceu um pouco e como toda criança era curioso demais. A mãe o cercava de cuidados, mesmo assim ele escapava e se embrenhava pela mata cheirando tudo que encontrava pelo caminho.

Foi numa dessas escapadas que o bebê elefante se viu diante de uma árvore enorme. Olhou para cima. Quanta folha nova verdinha. E aquelas bolas amarelas? Que seriam? Frutos! É isso. Ele já as vira pelo chão todas sujas de terra ou esmagadas pelas patas dos bichos. Lembrou-se da recomendação da mãe para que não as comesse. Aquelas frutas amarelas nos galhos da árvore despertou seu apetite. Alcançá-las como? Elefante não sobe em árvore. Então ele pôs as patas dianteiras no tronco da árvore e balançou do jeito que seu pai fazia. A árvore nem se mexeu. Ele tentou com a testa, nada. Uma coruja, que estava no alto da árvore, disse rindo:

- Você é só um bebê e esta árvore tem mais de 300 anos. Volta para sua mãe, criança, isso é coisa para elefante adulto.

O bebê elefante, ainda olhando para as folhas tenrinhas e os frutos amarelinhos, desejou de todo coração.

- Eu queria ter um nariz bem comprido para chegar até onde está a frutinha amarelinha, pois de água se enche a minha boquinha.

E a voz subiu para o céu indo além das estrelas onde morava a deusa dos desejos. Ela olhou para baixo e viu o filhotinho com as patas dianteiras apoiadas no tronco da velha árvore olhando para o alto. Parecia estar em estado de graça. A deusa ficou comovida com a inocência do bebê. Abrindo os braços e flutuando no espaço ela profetizou:

- Assim será, bebê elefante. De hoje em diante teu nariz será comprido e se chamará tromba.

E o nariz do bebê cresceu. Cresceu tanto que ele alcançou uma folha verdinha do primeiro galho da velha árvore. Ele voltou para casa o mais rápido que pôde. Depois desse acontecido, nunca mais nasceu um elefante de nariz curto e redondo. O bebê fez a diferença como disse sua mãe. Dele nasceram todos os elefantes de tromba.

10/03/12



 (Maria Hilda de J. Alão)

 (histórias que contava para o meu neto)

BRINCADEIRAS DA INFÂNCIA (Cordel infantil)

 


Brincadeira é cultura
E também tem tradição,
Símbolo de educação
Retrata a infância passada
Na memória fixada
De meninos e meninas.

MENINO

O menino é jogador
Do futebol popular,
Corredor de bicicleta
Que aprendeu a andar
Nos tenros anos de vida.
Laçador de pipa no ar
Mais hábil do lugar.
Rei das bolas de gude,
Do pião riscando o chão,
De correr com seu cão,
Fazer bolas de sabão,
Disputar corrida de saco
Pular muro, subir em árvore,
Comer salsicha no pão.

MENINA

Brincar com bonecas,
Pratinhos e panelinhas,
Fazer comida de mentirinha,
Pular a amarelinha,
Fingir ser professora
Das bonecas e bonecos
Arrumadinhos em fila
Na mesa grande da sala.
Falar com a boneca de pano,
Fazer penteados diferentes
Nas que ganha todo ano.
Correr de bicicleta à tarde
Competindo com os garotos,
Pegar joaninha nas flores
Meninas, são uns amores.

11/01/12
(Maria Hilda de J. Alão)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A COBRA E O RATINHO(cordel infantil)



A COBRA PARA O RATINHO

Se eu pudesse beijaria
Você mimoso ratinho
E que alegria me daria
Se fosse meu amiguinho.

O RATINHO RESPONDENDO

Não seja exibida e atrevida,
Cobra de rato não é amiga,
Em mim só vê a comida
Que lhe encherá a barriga.

A COBRA PARA O RATINHO

Ah, meu fofo ratinho querido,
Ouça meu sibilo em sustenido,
Ssssssssss...suave e tão lindo
E em curto tempo estará dormindo.

O RATINHO RESPONDENDO

Por que será que todo bicho,
Seja de pena ou de rabicho,
Pensa que todo rato é burro,
E que assobio, canto ou urro
Fará dele um bom prato
Para saciar a fome de fato?
Para uma cobra sou caricato,
Mas em esperteza não sou novato.

A COBRA PARA O RATINHO

Eu sou uma cobra repentista,
Deste lugar a maior artista
E não há animal que resista
Ao meu chamado hipnotista.
Não se afaste! Fique aí parado,
Para ser por mim hipnotizado,
Mesmo que demore o dia inteiro,
Pegá-lo-ei num bote certeiro.

O RATINHO RESPONDENDO
E SE AFASTANDO DA COBRA

Não seja tão convencida,
Sua astúcia pode ser vencida,
Muita lição ensina a vida
Sua pretensão está perdida
Porque sou um rato do mato,
Já trapaceei até o feroz gato.
Tchau cobra, do papo cansei,
Adeus! Fui, vazei.

17/06/11
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

UMA HISTÓRIA DE ASSOMBRAÇÃO (cordel infantil)




Na sala a mesa estava posta
Do jeito que a criançada gosta.
Tinha suco, sanduíche e pipoca,
Pinhão, pé-de-moleque e paçoca.

Era noite escura de sexta-feira,
Dia em que, queira ou não queira,
O tio João tinha um compromisso,
Depois de pescar com a vara de caniço,

Contar histórias de medo e de terror
Para os filhos do seu irmão Alaor.
Ele chegava rindo muito contente
E dizia: quero ver quem é inteligente,

Forte e muito corajoso
Que não trema nem fique choroso
Com a história que contarei
Da moça que eu encontrei

Num dia festivo de carnaval.
Dona Lenita, amarrando o avental,
Serviu sanduíche e o gelado suco,
E seu Alaor, deixando o jogo de truco,

Veio sentar-se ao lado da filha Eleonora
Para ouvir a história assustadora,
Que seu irmão João inventara
Da moça que se chamava Clara.

E o tio João começou a contar:
Numa noite de carnaval saí pra dançar
E, ao passar perto do denso milharal
Da fazenda do senhor Durval,

Vi aquela formosa e delicada moça
Preparando-se para pular a grande poça
De água para não molhar os lindos pés.
Então eu desci do meu cavalo pangaré

E, gentilmente, peguei a moça nos braços
Livrando-a do grande embaraço.
Sentindo meu coração bater forte
Pensei: eu sou um homem de sorte.

Foi aí que eu, curioso, perguntei
O nome daquela que parecia filha de rei.
Meu nome é Clara! Disse com voz suave
Movimentando os braços como divina ave.

De onde vem e pra onde vai a donzela?
Perguntei com muita cautela.
Eu venho da minha nova casa
Disse fazendo longa pausa.

Ah, meu Deus, que voz tinha a menina!
Meu coração era só adrenalina.
Então eu fiz o convite atrevido:
Quer dançar este carnaval comigo?

Ela disse sim e, montados no meu pangaré,
Fomos ao baile carnavalesco do Clube da Maré.
E dançamos juntinhos marchas e sambas
E eu tentando na dança imitar os bambas

Só para conquistar aquela moça divinal.
Ela me olhava com um olhar anormal
E a mim pareceu
Olhar de quem já morreu.

Mas eu estava, pela moça, enfeitiçado
E mesmo que eu fosse açoitado
Ainda assim com ela queria ficar,
E nos seus braços a noite toda dançar.

Lá pelas três da madrugada
O vento, em grande rajada,
Prenunciou o temporal
Em que se acabaria a noite de carnaval.

Então Clara agitada me pedia:
Queria voltar para casa da tia
Antes que a chuva forte caísse.
E eu, no que depois considerei burrice,

Insisti para ficarmos mais um pouco:
A chuva passa logo, pois o tempo é louco
E sairemos com o sol ao amanhecer o dia.
Assustado, vi que nos olhos de Clara ardia

Uma chama de maldade infernal.
Então pensei: para onde foi o olhar angelical?
Aparentado do mundo toda calma
Disse: senhorita do fundo de minha alma

Juro que não quis contrariá-la ou ofendê-la.
Vamos partir, pois outro dia quero vê-la.
O tempo de repente se transformou
Raios, trovões e chuva na terra ele derramou.

Então eu disse a bela senhorita:
Não fique tão ansiosa, tão aflita.
Montemos no meu pangaré Alcazar
Ele seguirá o caminho que eu indicar.

Disse ela: Não é preciso um cavalo:
Ouça bem o que eu falo,
Sigamos pelo milharal
Minha casa não é tão longe afinal.

Eu tremi. Sabia que depois da plantação
De milho do senhor Durval da Conceição
Não havia casas, só o velho cemitério
Onde almas penadas vagavam pelo necrotério.

Clara entrou milharal adentro. Eu fiquei parado.
Senti como se alguém estivesse ao meu lado
Empurrando-me para dentro da plantação.
Os pés de milho pareciam grande assombração,

Um polvo com longos tentáculos de aço
Tentando me dar fantasmagórico abraço.
O temporal crescia. Eu como doido corria
E ao mesmo tempo em que rezava eu pedia:

Clara, espere por mim! Está escuro não vejo nada.
Ela não respondia. Da minha vista sumira a danada.
Corvos levantaram voo na noite tormentosa,
A curta distância um canto em voz lamentosa.

Finalmente saí da plantação de milho
Todo sujo parecendo um velho andarilho.
E lá estava o velho cemitério de muro branco,
De medo quase fiz xixi na calça, sou franco,

Ao ver Clara entrando sem abrir o portão.
Então ela era uma assombração?
Era ali a nova casa a que ela se referiu?
Saí dali correndo. Seu Amarildo quando me viu

Assustado perguntou o que havia me acontecido
Para eu estar todo enlameado, enegrecido.
De vergonha contei uma história de assalto
Onde lutei bravamente rolando pelo asfalto.

Observador como era o velho Amarildo disse rindo,
Mais um que foi dançar com a defunta, e agora fingindo
Vem com essa conversa de assalto. Pensa que sou bobo?
Ah, ah, ah, caiu direitinho na boca do lobo.

Deu sorte - disse ele -, de não ter visto a tia.
Se vem a megera não estaria vendo a luz do dia.
E foi assim meus sobrinhos que seu tio João
Dançou, num carnaval, com uma bela assombração.

Depois que a história terminou
Seu Alaor não aguentou:
- Irmão! Ah, ah, ah, eu queria ver a sua cara
Depois de dançar com a defunta Clara.

20/03/11

(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)


sábado, 12 de fevereiro de 2022

AS LETRINHAS (poesia)

 



A letra Ó rechonchuda
Ficou zangada e bicuda
Quando a letra A abelhuda
Veio conferir sisuda
Se ela é mesmo barriguda
A, e, i, o, u.

A letra J é tão magrela
Igual a vara de marmelo
E com o pingo na cabeça
Mais parece um cogumelo
A, e, i, o, u.

A letra U é uma bela obra
Parece mais uma cobra
Fazendo uma manobra
Criando uma dobra
Com duas pontas pra cima
A, e, i, o, u.

A letra F é esquisita
Parece forca a primeira vista
Ela precisa de um estilista.
A letra W nada mais é que a M
Caindo de pernas pro ar
Das páginas de uma cartilha.
A, e, i, o, u.

A letra A uma escadinha
Que ninguém pode subir
Disse a letra I a sorrir
Se alguém duvidar é só tentar
Que no chão vai se esborrachar.
A, e, i, o, u.

13/01/12

(Maria Hilda de J. Alão)

(ensinando o netinho)


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O MENINO E O MACARRÃO (poesia infantil)





Eu adoro macarrão
E nunca rejeito, não
Um prato bem cheio
Com carne assada no meio.

Pode ser o espaguete
Que faz a mana Suzete
E também o talharim
Da cantina do Delfim.

O gostoso Gravatinha
Com o molho da vovozinha
Digo sempre quero mais
Uma porção não me satisfaz.

Macarrão é coisa boa
Não digo isso à toa
Prove o gostoso caracol
Ao molho de carne moída,

Ou experimente o pene
Com molho à bolonhesa
E no intervalo solene
O rigatoni da tia Vanessa.

O macarrão parafuso
Às vezes me deixa confuso
Quando mamãe o põe à mesa
Não sei se faço a proeza

De usar palito japonês
Feito da madeira do ipê
Ou se uso a chave de fenda
Para a macarronada estupenda.

11/02/22

(Maria Hilda de J. Alão)
(Para o neto que adora macarrão)


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A ROSA DESPETALADA (história)

 


Um dia, uma borboleta se apaixonou por uma lindíssima rosa. A flor ficou emocionada, pois o pó das asas da borboleta formava um extraordinário desenho em ouro e prata. Aquela era a borboleta mais bela que a rosa já vira. Quando a borboleta, voando, aproximou-se da rosa e disse que a amava, a flor ficou vermelha de emoção e aceitou o amor da borboleta. Foram dias de felicidade. A encantadora borboleta jurava amor e fidelidade à linda rosa e a rosa jurava amor e fidelidade à borboleta.

Tempos depois a borboleta partiu com a promessa de voltar logo. Dias se passaram e nada. A rosa sentia muita saudade da borboleta e por isso ficava horas e horas suspirando. Numa tarde de verão, a borboleta voltou. A rosa, ao vê-la, disse choramingando:

- É isso o amor e fidelidade que me jurou? Partiu e me deixou só, abandonada, enquanto voava para beijar dona Gerânio, dona Margarida e todas as flores que encontrou pelo caminho e só voltou porque foi expulsa por dona Abelha que já não aguentava mais a sua presença. Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada.

A borboleta, rindo do ciúme da rosa, respondeu:

- E você? Pensa que eu não sei? Assim que me afastei o senhor Vento veio sorrateiro acariciar as suas pétalas, o senhor Zangão voava ao seu redor dizendo-lhe coisinhas ao ouvido. Besourinhos e joaninhas cortejavam você. E a noite? Quem era aquele que descia do céu e a cobria com gotas de cristal? Era o senhor Sereno. E quando as outras flores perguntavam você respondia feliz que era a prova de amor mais molhada do mundo. E o senhor Sol que lhe dava quentes abraços durante o dia? Por acaso pensou em mim?

Pobre rosa! Sem palavras, ela viu a borboleta voar e ir jurar amor eterno ao senhor Cravo Amarelo, seu amigo de longa data. A indiferença da borboleta deixou a rosa amuada gerando uma briga entre ela e senhor Cravo Amarelo. Foi embaixo de uma sacada de onde a rosa saiu sem algumas pétalas que foram levadas pelo senhor Vento como lembrança dessa história.

10/04/13

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto)

 

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)