Powered By Blogger

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A ROSA DESPETALADA (história)

 


Um dia, uma borboleta se apaixonou por uma lindíssima rosa. A flor ficou emocionada, pois o pó das asas da borboleta formava um extraordinário desenho em ouro e prata. Aquela era a borboleta mais bela que a rosa já vira. Quando a borboleta, voando, aproximou-se da rosa e disse que a amava, a flor ficou vermelha de emoção e aceitou o amor da borboleta. Foram dias de felicidade. A encantadora borboleta jurava amor e fidelidade à linda rosa e a rosa jurava amor e fidelidade à borboleta.

Tempos depois a borboleta partiu com a promessa de voltar logo. Dias se passaram e nada. A rosa sentia muita saudade da borboleta e por isso ficava horas e horas suspirando. Numa tarde de verão, a borboleta voltou. A rosa, ao vê-la, disse choramingando:

- É isso o amor e fidelidade que me jurou? Partiu e me deixou só, abandonada, enquanto voava para beijar dona Gerânio, dona Margarida e todas as flores que encontrou pelo caminho e só voltou porque foi expulsa por dona Abelha que já não aguentava mais a sua presença. Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada.

A borboleta, rindo do ciúme da rosa, respondeu:

- E você? Pensa que eu não sei? Assim que me afastei o senhor Vento veio sorrateiro acariciar as suas pétalas, o senhor Zangão voava ao seu redor dizendo-lhe coisinhas ao ouvido. Besourinhos e joaninhas cortejavam você. E a noite? Quem era aquele que descia do céu e a cobria com gotas de cristal? Era o senhor Sereno. E quando as outras flores perguntavam você respondia feliz que era a prova de amor mais molhada do mundo. E o senhor Sol que lhe dava quentes abraços durante o dia? Por acaso pensou em mim?

Pobre rosa! Sem palavras, ela viu a borboleta voar e ir jurar amor eterno ao senhor Cravo Amarelo, seu amigo de longa data. A indiferença da borboleta deixou a rosa amuada gerando uma briga entre ela e senhor Cravo Amarelo. Foi embaixo de uma sacada de onde a rosa saiu sem algumas pétalas que foram levadas pelo senhor Vento como lembrança dessa história.

10/04/13

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto)

 

A IDEIA DA CENTOPEIA (poesia infantil)

 



Centopeia tem uma ideia
De ver o cravo e a rosa
Numa disputa nervosa
Para agradar a plateia.

Vieram seus amiguinhos,
Para ver a luta anunciada:
Minhoca e caracolzinho,
A joaninha pintada,

Gafanhoto e sua turma,
As formigas cortadeiras
Chegando uma a uma,
Sentando-se em cadeiras.

Centopeia alegre anunciou
A briga do cravo e da rosa:
Agitada a plateia gritou
Um oh! em polvorosa.

Que venham os briguentos,
Exclamou a juíza centopeia,
Que esperar já não aguento,
Esta luta será uma epopeia.

Primeiro entrou o cravo
Exalando seu perfume
A plateia gritou: Bravo!
Pois era esse o costume.

Depois veio a linda rosa
Com pétalas exuberantes
Cheirosa e vaporosa
Das flores a mais cativante.

E a briga não começava.
A plateia estava muda,
A amanhã avançava,
Será que a situação muda?

Perguntou o gafanhoto.
Nesse momento se viu
O cravo que era canhoto
Dar a mão à rosa de abril

Tirando-a para uma dança.
Ninguém deve brigar,
Pois a paz só se alcança
Quando o amor vigorar.

O cravo não briga com a rosa
Ela não fica despetalada
Porque flor tão formosa
É para ser amada, respeitada.

Disse o cravo à plateia
Que o aplaudia com fervor.
Mostrando à centopeia
Que sua ideia foi um horror.

Maria Hilda de J. Alão

25/11/17

(histórias que contava para o meu neto).

 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

BRIGA DE GATO GRANDE (cordel infantil)

 


Vou contar pra vocês
A história de era uma vez
Uma briga que aconteceu
Entre três gatos grandes,
Zunga, Zambeu e Zaqueu.

Amigos eram os três
Até ganharem do dono
Cada um uma sardinha
Aberta e sem espinha.

Zaqueu invejoso que era
Achou maior que a dele
A sardinha do amigo Zunga,
E fazendo estardalhaço
Quis tirar do outro o petisco
Com suas unhas de aço.

Zambeu entrou na confusão
Dizendo: vou comer sozinho
Estes peixes fresquinhos
E não há enfezadinho
Que possa me impedir.

Num canto, afastadinho,
Estava sentado um gatinho,
Filhote mimoso de Zaqueu
Que a tudo assustado assistia,
E para aquilo solução não via.

A disputa entre os gatos piorou.
Do bate-boca os três partiram
Para patadas e unhadas
Com pelos arrancados voando
E fortes miados no ar ressoando.

Enquanto a confusão rolava
Entendeu o mimoso gatinho
Ser as sardinhas o motivo
Daquela disputa sem freio
E ele acha muito feio

Três adultos que deviam ser
Para os mais novos exemplo,
Rolando pelo chão aos berros
Deixando de lado a amizade
Por causa de um simples peixe.

O gatinho, como toda criança,
Encontrou rápido a solução
Para acabar com a confusão:
Era só fazer desaparecer
O objeto da desunião.

Chamou seus dois amiguinhos,
Filhos de Zunga e Zambeu
E outra coisa não deu:
Cada um pegou uma sardinha
E, longe dos briguentos,
Comeram sem apoquentação

Os peixes da imensa discórdia.
Uma pausa na desarmonização,
Viu e gritou o gato Zaqueu:
Gente, o peixe desapareceu!
Foi então que perceberam

Os filhotes, seus encantos,
Lambendo todos as patinhas
E entenderam que as sardinhas
Já não mais lhes pertenciam.
Envergonhados os três gatos

Desculparam-se através de miados
E foram para o alto de um telhado
Refletir sobre a lição ensinada:
Quem tudo quer tudo perde,
Por três mimosos gatinhos.

11/06/11

(histórias que contava para o meu neto)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

A BRUXINHA SEM VASSOURA (cordel infantil)

 


 Em história de faz de conta

Nada mais nos desaponta
Do que uma feia bruxinha
Sem a sua vassourinha.

Assim era a bruxa Ritinha,
Usava os poderes que tinha
Para fazer o bem e não o mal
Para gente ou animal.

Da vassoura não precisava
Porque na imaginação ela voava,
Pois era uma bruxinha tão boa
Igual a qualquer pessoa.

Apesar de boa amigos não tinha
A pequena bruxa Ritinha,
Que um dia teve a grande ideia
De convidar uma centopeia

Para uma festança na floresta.
Foi na hora que ela fazia seresta
Que um lobo apareceu
E dizendo que não entendeu

Porque uma bruxa feinha
Não tinha uma vassourinha
Para voar como andorinha
E usava aquela carrocinha

Para viajar pela floresta.
Pondo a mãozinha na testa,
Respondeu a bruxinha ao lobo:
- Ora, não seja tão bobo

Esta minha carrocinha
É como uma capelinha,
Um alegre e calmo abrigo
Para quem é meu amigo.

O lobo, rosnando ferozmente,
Disse de forma eloquente:
- Bruxa feia não tem amigo,
Não entrarei nesse seu abrigo

Eu tenho um enorme medo
Pois sei que não é brinquedo
A mágica de uma bruxa má,
É o castigo pior que há.

Triste e muito decepcionada,
A bruxinha ficou calada
E voltou para sua carrocinha
Uma verdadeira belezinha.

A festa foi cancelada
E os bichos da mata fechada
Até ficaram com pena
Daquela bruxa pequena.

Indo para a sua toca no mato
O lobo pisou num artefato
Ficando preso uivou por socorro
Que ultrapassou o cume do morro

Chegando aos ouvidos de Ritinha
Que entrou em sua carrocinha
Partindo aceleradamente
Para atender ao oponente

Que dela não queria a amizade
Oferecida com tanta sinceridade.
A bruxinha libertou o lobão
Que sentiu um aperto no coração

Ao ver que enganam as aparências
E entre muitas reticências
Pediu perdão a bruxinha
Dizendo que no mundo não tinha

Nada que pagasse aquela atitude
E que a bondade não é virtude
Só de quem é bonito e perfeito.
E espalhando pela mata o feito

O lobo convidou alguns bichos
Que chamaram outros entre cochichos,
Para a festa sonhada pela bruxinha,
Que de tão boa outra não tinha.

Chegaram bem na hora da ceia
E perguntaram à bruxa feia
Se seus amigos podiam ser
E se ela podia esquecer

O desprezo e a grosseria do lobo
Que percebeu o quanto era bobo
Por tanto tempo ignorar a pessoa
De Ritinha, a bruxinha boa.

A festa foi realizada
Da forma como foi sonhada
Com amigos e muita alegria
Findando na mata a monotonia.

(Maria Hilda de J. Alão)

09/01/12
(Histórias que contava para o meu neto)

 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A TARTARUGA CABEÇUDA (cordel infantil)



Uma tartaruga-de-pente

Resolveu muito de repente
Viajar pelos mares do mundo,
Pois era seu desejo profundo
Deixar de ser perseguida
E ter extinta a longa vida.

Nadou muito sem descanso
Até que encontrou uns gansos
Que vinham do Canadá.
Fazendo muito blá, blá, blá,
Pousaram no mar para descansar
E também para perguntar

Para onde estava indo a tartaruga
Porque eles estavam em fuga
Do inverno da sua terra natal.
Este é um momento emergencial,
Disse o ganso líder à tartaruga,
Precisamos de águas mais quentes

Para que não sintamos tanto frio.
Sou Quaquá e este bando eu chefio.
A senhora tartaruga tem um nome?
Tá viajando por que tem fome,
Ou porque dos mares é turista?
Talvez seja uma tartaruga artista!

Quem me dera fosse esse o motivo.
Não sabe o amigo como eu vivo.
Apresento-me. Meu nome é Cabeçuda
Porque minha opinião nunca muda
Seja ela certa ou errada não importa.
Sei que o amigo muito frio não suporta

E eu cansei de ser por estranhos caçada,
Por montes de lixo no mar ser embalada.
Por isso viajo procurando tenazmente
Um mar limpo e seguro onde finalmente
Eu possa viver livre e despreocupada
Sem ter minha liberdade ameaçada,

Correndo o risco de virar de repente
Para as madames um belo pente,
No Amazonas uma tartarugada
Servida a uma turma muito animada,
Ou minha carapaça de escamas marrons
Ser a armação dos óculos do garçom.

(Maria Hilda de J. Alão)

03/04/12

(Histórias que contava para o meu neto)

VAMOS BRINCAR DE PÁ? (poesia)

 



Quem tem capa da chuva escapa
Da cana sai a garapa
Menino o livro encapa
Pão torrado na chapa

Pneu careca derrapa
Camelô foge do rapa
Feminino de sapo é sapa
Põe a bola na caçapa

Se perdido use o mapa
Cuidado que a seda esfiapa
Arroz cozido demais empapa
Sair de fininho é à socapa

Menina a roupa esfarrapa
Das provas pulou uma etapa
Mimi mora na Lapa
Já cansei de tanto pá.

(Maria Hilda de J. Alão)

28/11/17

(brincadeiras com meu neto)

A VASSOURA E O PANO DE CHÃO



Era uma vez uma vassoura que vivia atrás de uma porta. A coitada não era usada como antes. Estava velha e a dona da casa já não precisava tanto dela. Um dia, muito triste, a vassoura resolveu desabafar com o pano de chão que estava pendurado em um prego.
- Pois é amigo! Um dia eu cheguei nesta casa e tinha muito chão para varrer. Lavava o imenso quintal, vasculhava as paredes, deixava quartos, salas e banheiros brilhando de tão limpos. Agora, meu amigo, eu sou nada. Veja o meu fim, a minha decadência.

- É, dona vassoura – disse o pano de chão – o tempo passa e chega o dia da aposentadoria. Olhe para mim, eu já estou quase me aposentando. Já estou desfiando nas laterais, tenho um pequeno furo no meio, estou encardido, logo serei substituído por outro novinho em folha.
- Não estou me referindo ao estado de conservação, estou falando de ser deixada de lado, de substituída por um tal de aspirador de pó, essa máquina infernal, barulhenta, sem história, sem tradição.

- Mas dona vassoura, isso não é bom? A senhora pode descansar, ficar quietinha aí no canto sem ter que trabalhar tanto.
- Não, meu amigo. Não posso parar. Tenho de cumprir a minha sina.
- Amiga, não fique angustiada. Ninguém pode negar o seu valor na história. Sabe que você representa o poder feminino de efetuar a limpeza de elementos negativos dos ambientes?
- Eu sei meu amigo. Por isso as minhas ancestrais eram feitas de ramos de louro, arruda, manjericão, alecrim, alfazema. As donas de casa juntavam todas as ervas ou escolhiam uma que amarravam em torno de um galho construindo uma vassoura perfumada para purificar o ambiente.

- Isso é tão bonito, dona vassoura! – exclamou o pano de chão comovido.
- É, meu amigo, mas existe o lado oposto.
- Lado oposto? Que lado é esse?
- Antigamente diziam que nós, as vassouras, éramos avião de bruxas e que elas viajavam pelos ares montadas em vassouras. A partir dessa crendice a vassoura ficou com má fama.
- Cruz credo amiga! Mas as vassouras faziam parte do folclore de alguns países, não verdade dona vassoura?
- Sim, meu caro! Dos romanos aos chineses. Éramos colocadas atrás de uma porta com o cabo para baixo para que a visita indesejável fosse embora rapidinho.
- Aposentadoria não é o fim do mundo, dona vassoura. Veja quanta coisa boa vocês fizeram, ao passo que o aspirador de pó não tem um currículo igual ao seu. Você ainda tem serventia.
E o pano de chão deu uma risadinha ao ouvir a voz da dona da casa dizendo para a empregada:

- Maria hoje nós vamos limpar o quarto das crianças.
- Sim senhora. Vou buscar o aspirador de pó.
- Não. Traga aquela vassoura que está atrás da porta do quartinho e o pano de chão que está pendurado no prego.
- O pano de chão muito alegre disse para a vassoura:
- Viu dona vassoura? A nossa serventia não termina nunca. Aspirador de pó não pode lavar o chão como você nem secá-lo como eu.

(Maria Hilda de J. Alão)

08/12/17

(Histórias que contava para o meu neto)

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)