Powered By Blogger

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A COBRA E O RATINHO(cordel infantil)



A COBRA PARA O RATINHO

Se eu pudesse beijaria
Você mimoso ratinho
E que alegria me daria
Se fosse meu amiguinho.

O RATINHO RESPONDENDO

Não seja exibida e atrevida,
Cobra de rato não é amiga,
Em mim só vê a comida
Que lhe encherá a barriga.

A COBRA PARA O RATINHO

Ah, meu fofo ratinho querido,
Ouça meu sibilo em sustenido,
Ssssssssss...suave e tão lindo
E em curto tempo estará dormindo.

O RATINHO RESPONDENDO

Por que será que todo bicho,
Seja de pena ou de rabicho,
Pensa que todo rato é burro,
E que assobio, canto ou urro
Fará dele um bom prato
Para saciar a fome de fato?
Para uma cobra sou caricato,
Mas em esperteza não sou novato.

A COBRA PARA O RATINHO

Eu sou uma cobra repentista,
Deste lugar a maior artista
E não há animal que resista
Ao meu chamado hipnotista.
Não se afaste! Fique aí parado,
Para ser por mim hipnotizado,
Mesmo que demore o dia inteiro,
Pegá-lo-ei num bote certeiro.

O RATINHO RESPONDENDO
E SE AFASTANDO DA COBRA

Não seja tão convencida,
Sua astúcia pode ser vencida,
Muita lição ensina a vida
Sua pretensão está perdida
Porque sou um rato do mato,
Já trapaceei até o feroz gato.
Tchau cobra, do papo cansei,
Adeus! Fui, vazei.

17/06/11
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

UMA HISTÓRIA DE ASSOMBRAÇÃO (cordel infantil)




Na sala a mesa estava posta
Do jeito que a criançada gosta.
Tinha suco, sanduíche e pipoca,
Pinhão, pé-de-moleque e paçoca.

Era noite escura de sexta-feira,
Dia em que, queira ou não queira,
O tio João tinha um compromisso,
Depois de pescar com a vara de caniço,

Contar histórias de medo e de terror
Para os filhos do seu irmão Alaor.
Ele chegava rindo muito contente
E dizia: quero ver quem é inteligente,

Forte e muito corajoso
Que não trema nem fique choroso
Com a história que contarei
Da moça que eu encontrei

Num dia festivo de carnaval.
Dona Lenita, amarrando o avental,
Serviu sanduíche e o gelado suco,
E seu Alaor, deixando o jogo de truco,

Veio sentar-se ao lado da filha Eleonora
Para ouvir a história assustadora,
Que seu irmão João inventara
Da moça que se chamava Clara.

E o tio João começou a contar:
Numa noite de carnaval saí pra dançar
E, ao passar perto do denso milharal
Da fazenda do senhor Durval,

Vi aquela formosa e delicada moça
Preparando-se para pular a grande poça
De água para não molhar os lindos pés.
Então eu desci do meu cavalo pangaré

E, gentilmente, peguei a moça nos braços
Livrando-a do grande embaraço.
Sentindo meu coração bater forte
Pensei: eu sou um homem de sorte.

Foi aí que eu, curioso, perguntei
O nome daquela que parecia filha de rei.
Meu nome é Clara! Disse com voz suave
Movimentando os braços como divina ave.

De onde vem e pra onde vai a donzela?
Perguntei com muita cautela.
Eu venho da minha nova casa
Disse fazendo longa pausa.

Ah, meu Deus, que voz tinha a menina!
Meu coração era só adrenalina.
Então eu fiz o convite atrevido:
Quer dançar este carnaval comigo?

Ela disse sim e, montados no meu pangaré,
Fomos ao baile carnavalesco do Clube da Maré.
E dançamos juntinhos marchas e sambas
E eu tentando na dança imitar os bambas

Só para conquistar aquela moça divinal.
Ela me olhava com um olhar anormal
E a mim pareceu
Olhar de quem já morreu.

Mas eu estava, pela moça, enfeitiçado
E mesmo que eu fosse açoitado
Ainda assim com ela queria ficar,
E nos seus braços a noite toda dançar.

Lá pelas três da madrugada
O vento, em grande rajada,
Prenunciou o temporal
Em que se acabaria a noite de carnaval.

Então Clara agitada me pedia:
Queria voltar para casa da tia
Antes que a chuva forte caísse.
E eu, no que depois considerei burrice,

Insisti para ficarmos mais um pouco:
A chuva passa logo, pois o tempo é louco
E sairemos com o sol ao amanhecer o dia.
Assustado, vi que nos olhos de Clara ardia

Uma chama de maldade infernal.
Então pensei: para onde foi o olhar angelical?
Aparentado do mundo toda calma
Disse: senhorita do fundo de minha alma

Juro que não quis contrariá-la ou ofendê-la.
Vamos partir, pois outro dia quero vê-la.
O tempo de repente se transformou
Raios, trovões e chuva na terra ele derramou.

Então eu disse a bela senhorita:
Não fique tão ansiosa, tão aflita.
Montemos no meu pangaré Alcazar
Ele seguirá o caminho que eu indicar.

Disse ela: Não é preciso um cavalo:
Ouça bem o que eu falo,
Sigamos pelo milharal
Minha casa não é tão longe afinal.

Eu tremi. Sabia que depois da plantação
De milho do senhor Durval da Conceição
Não havia casas, só o velho cemitério
Onde almas penadas vagavam pelo necrotério.

Clara entrou milharal adentro. Eu fiquei parado.
Senti como se alguém estivesse ao meu lado
Empurrando-me para dentro da plantação.
Os pés de milho pareciam grande assombração,

Um polvo com longos tentáculos de aço
Tentando me dar fantasmagórico abraço.
O temporal crescia. Eu como doido corria
E ao mesmo tempo em que rezava eu pedia:

Clara, espere por mim! Está escuro não vejo nada.
Ela não respondia. Da minha vista sumira a danada.
Corvos levantaram voo na noite tormentosa,
A curta distância um canto em voz lamentosa.

Finalmente saí da plantação de milho
Todo sujo parecendo um velho andarilho.
E lá estava o velho cemitério de muro branco,
De medo quase fiz xixi na calça, sou franco,

Ao ver Clara entrando sem abrir o portão.
Então ela era uma assombração?
Era ali a nova casa a que ela se referiu?
Saí dali correndo. Seu Amarildo quando me viu

Assustado perguntou o que havia me acontecido
Para eu estar todo enlameado, enegrecido.
De vergonha contei uma história de assalto
Onde lutei bravamente rolando pelo asfalto.

Observador como era o velho Amarildo disse rindo,
Mais um que foi dançar com a defunta, e agora fingindo
Vem com essa conversa de assalto. Pensa que sou bobo?
Ah, ah, ah, caiu direitinho na boca do lobo.

Deu sorte - disse ele -, de não ter visto a tia.
Se vem a megera não estaria vendo a luz do dia.
E foi assim meus sobrinhos que seu tio João
Dançou, num carnaval, com uma bela assombração.

Depois que a história terminou
Seu Alaor não aguentou:
- Irmão! Ah, ah, ah, eu queria ver a sua cara
Depois de dançar com a defunta Clara.

20/03/11

(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)


sábado, 12 de fevereiro de 2022

AS LETRINHAS (poesia)

 



A letra Ó rechonchuda
Ficou zangada e bicuda
Quando a letra A abelhuda
Veio conferir sisuda
Se ela é mesmo barriguda
A, e, i, o, u.

A letra J é tão magrela
Igual a vara de marmelo
E com o pingo na cabeça
Mais parece um cogumelo
A, e, i, o, u.

A letra U é uma bela obra
Parece mais uma cobra
Fazendo uma manobra
Criando uma dobra
Com duas pontas pra cima
A, e, i, o, u.

A letra F é esquisita
Parece forca a primeira vista
Ela precisa de um estilista.
A letra W nada mais é que a M
Caindo de pernas pro ar
Das páginas de uma cartilha.
A, e, i, o, u.

A letra A uma escadinha
Que ninguém pode subir
Disse a letra I a sorrir
Se alguém duvidar é só tentar
Que no chão vai se esborrachar.
A, e, i, o, u.

13/01/12

(Maria Hilda de J. Alão)

(ensinando o netinho)


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O MENINO E O MACARRÃO (poesia infantil)





Eu adoro macarrão
E nunca rejeito, não
Um prato bem cheio
Com carne assada no meio.

Pode ser o espaguete
Que faz a mana Suzete
E também o talharim
Da cantina do Delfim.

O gostoso Gravatinha
Com o molho da vovozinha
Digo sempre quero mais
Uma porção não me satisfaz.

Macarrão é coisa boa
Não digo isso à toa
Prove o gostoso caracol
Ao molho de carne moída,

Ou experimente o pene
Com molho à bolonhesa
E no intervalo solene
O rigatoni da tia Vanessa.

O macarrão parafuso
Às vezes me deixa confuso
Quando mamãe o põe à mesa
Não sei se faço a proeza

De usar palito japonês
Feito da madeira do ipê
Ou se uso a chave de fenda
Para a macarronada estupenda.

11/02/22

(Maria Hilda de J. Alão)
(Para o neto que adora macarrão)


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A ROSA DESPETALADA (história)

 


Um dia, uma borboleta se apaixonou por uma lindíssima rosa. A flor ficou emocionada, pois o pó das asas da borboleta formava um extraordinário desenho em ouro e prata. Aquela era a borboleta mais bela que a rosa já vira. Quando a borboleta, voando, aproximou-se da rosa e disse que a amava, a flor ficou vermelha de emoção e aceitou o amor da borboleta. Foram dias de felicidade. A encantadora borboleta jurava amor e fidelidade à linda rosa e a rosa jurava amor e fidelidade à borboleta.

Tempos depois a borboleta partiu com a promessa de voltar logo. Dias se passaram e nada. A rosa sentia muita saudade da borboleta e por isso ficava horas e horas suspirando. Numa tarde de verão, a borboleta voltou. A rosa, ao vê-la, disse choramingando:

- É isso o amor e fidelidade que me jurou? Partiu e me deixou só, abandonada, enquanto voava para beijar dona Gerânio, dona Margarida e todas as flores que encontrou pelo caminho e só voltou porque foi expulsa por dona Abelha que já não aguentava mais a sua presença. Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada.

A borboleta, rindo do ciúme da rosa, respondeu:

- E você? Pensa que eu não sei? Assim que me afastei o senhor Vento veio sorrateiro acariciar as suas pétalas, o senhor Zangão voava ao seu redor dizendo-lhe coisinhas ao ouvido. Besourinhos e joaninhas cortejavam você. E a noite? Quem era aquele que descia do céu e a cobria com gotas de cristal? Era o senhor Sereno. E quando as outras flores perguntavam você respondia feliz que era a prova de amor mais molhada do mundo. E o senhor Sol que lhe dava quentes abraços durante o dia? Por acaso pensou em mim?

Pobre rosa! Sem palavras, ela viu a borboleta voar e ir jurar amor eterno ao senhor Cravo Amarelo, seu amigo de longa data. A indiferença da borboleta deixou a rosa amuada gerando uma briga entre ela e senhor Cravo Amarelo. Foi embaixo de uma sacada de onde a rosa saiu sem algumas pétalas que foram levadas pelo senhor Vento como lembrança dessa história.

10/04/13

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto)

 

A IDEIA DA CENTOPEIA (poesia infantil)

 



Centopeia tem uma ideia
De ver o cravo e a rosa
Numa disputa nervosa
Para agradar a plateia.

Vieram seus amiguinhos,
Para ver a luta anunciada:
Minhoca e caracolzinho,
A joaninha pintada,

Gafanhoto e sua turma,
As formigas cortadeiras
Chegando uma a uma,
Sentando-se em cadeiras.

Centopeia alegre anunciou
A briga do cravo e da rosa:
Agitada a plateia gritou
Um oh! em polvorosa.

Que venham os briguentos,
Exclamou a juíza centopeia,
Que esperar já não aguento,
Esta luta será uma epopeia.

Primeiro entrou o cravo
Exalando seu perfume
A plateia gritou: Bravo!
Pois era esse o costume.

Depois veio a linda rosa
Com pétalas exuberantes
Cheirosa e vaporosa
Das flores a mais cativante.

E a briga não começava.
A plateia estava muda,
A amanhã avançava,
Será que a situação muda?

Perguntou o gafanhoto.
Nesse momento se viu
O cravo que era canhoto
Dar a mão à rosa de abril

Tirando-a para uma dança.
Ninguém deve brigar,
Pois a paz só se alcança
Quando o amor vigorar.

O cravo não briga com a rosa
Ela não fica despetalada
Porque flor tão formosa
É para ser amada, respeitada.

Disse o cravo à plateia
Que o aplaudia com fervor.
Mostrando à centopeia
Que sua ideia foi um horror.

Maria Hilda de J. Alão

25/11/17

(histórias que contava para o meu neto).

 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

BRIGA DE GATO GRANDE (cordel infantil)

 


Vou contar pra vocês
A história de era uma vez
Uma briga que aconteceu
Entre três gatos grandes,
Zunga, Zambeu e Zaqueu.

Amigos eram os três
Até ganharem do dono
Cada um uma sardinha
Aberta e sem espinha.

Zaqueu invejoso que era
Achou maior que a dele
A sardinha do amigo Zunga,
E fazendo estardalhaço
Quis tirar do outro o petisco
Com suas unhas de aço.

Zambeu entrou na confusão
Dizendo: vou comer sozinho
Estes peixes fresquinhos
E não há enfezadinho
Que possa me impedir.

Num canto, afastadinho,
Estava sentado um gatinho,
Filhote mimoso de Zaqueu
Que a tudo assustado assistia,
E para aquilo solução não via.

A disputa entre os gatos piorou.
Do bate-boca os três partiram
Para patadas e unhadas
Com pelos arrancados voando
E fortes miados no ar ressoando.

Enquanto a confusão rolava
Entendeu o mimoso gatinho
Ser as sardinhas o motivo
Daquela disputa sem freio
E ele acha muito feio

Três adultos que deviam ser
Para os mais novos exemplo,
Rolando pelo chão aos berros
Deixando de lado a amizade
Por causa de um simples peixe.

O gatinho, como toda criança,
Encontrou rápido a solução
Para acabar com a confusão:
Era só fazer desaparecer
O objeto da desunião.

Chamou seus dois amiguinhos,
Filhos de Zunga e Zambeu
E outra coisa não deu:
Cada um pegou uma sardinha
E, longe dos briguentos,
Comeram sem apoquentação

Os peixes da imensa discórdia.
Uma pausa na desarmonização,
Viu e gritou o gato Zaqueu:
Gente, o peixe desapareceu!
Foi então que perceberam

Os filhotes, seus encantos,
Lambendo todos as patinhas
E entenderam que as sardinhas
Já não mais lhes pertenciam.
Envergonhados os três gatos

Desculparam-se através de miados
E foram para o alto de um telhado
Refletir sobre a lição ensinada:
Quem tudo quer tudo perde,
Por três mimosos gatinhos.

11/06/11

(histórias que contava para o meu neto)

A Caixa Mágica (cordel)

AS DUAS CARTAS

  Faltavam duas semanas para o encerramento das aulas e as crianças do Grupo Escolar Cristo Rei tinham aulas de recreação. Todos estava...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)