Powered By Blogger

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

TRAVA-LÍNGUAS (Trava-Língua)

 



A tia da lagartixa lixa e picha.
Se a tia lixa e picha,
A lagartixa picha e lixa.

Perguntei ao pássaro:
Tu palras?
Sim, eu palro e palrarei.
Se não pudesse palrar
Jamais palraria.

Pedro Pedra, Pedra Pedro.
Botou Pedro uma pedra
Na rua de São Pedro
Que não precisa de pedra.

Sabiá cantarolará
Na mata pela manhã
Porque à noite
Jamais cantarolaria.

O tempo triplicaria
Se pudesse triplicar
Ele passa não triplica
E jamais triplicará.

Um relógio tiquetaquearia
Dois relógios tiquetaqueariam.

Frade, freira
Freira, frade
Vai a freira à feira
Vem da feira o frade.

18/01/2022

(Maria Hilda de J. Alão)


MEU CACHORRO TOTÓ (poesia)

 


Meu cachorro Totó
Não gosta de ficar só
Ele mora com a vovó
Na rua do cafundó.

É muito sapeca o Totó
Corre atrás da vovó,
Levantando do chão o pó
Latindo como ele só.

Gosta muito de mocotó
O meu cachorro Totó,
Amigo da gatinha filó
Que adora um pão-de-ló.

Quando visito a vovó
Ela conta história de faraó,
De mocinho e esquimó
E faz tanto barulho o Totó

Que não ouço uma palavra só
Das histórias da minha vovó.
Brincar comigo quer Totó.
Morde as pedras do meu dominó,

Puxa a cortina de filó,
Persegue o galo carijó,
Esconde o tênis do Jó,
Rasga o jornal do seu Feijó

Tudo para ganhar minha atenção
E com ele correr sem direção
Para o mundo da imaginação
Este cãozinho do meu coração.

13/09/12

(Maria Hilda de J. Alão)

A FESTA DO LEÃO (cordel infantil)

 




Conta a história dos bichos
Que houve grande bochicho
Na festa do real casamento
Do rei de toda a floresta,
O leão de juba caída na testa.

Cada bicho trouxe presente,
De acordo com suas posses,
E iam depositando aos pés
Do noivo sentado num canapé
Que agradecia com reverência.

A festa, perfeita em harmonia,
Decorria em grande alegria.
O casal dançava alegremente
Ao receber o último presente
Das mãos de um assistente
Do general da tropa de elefantes.

Presente rico nunca vira assim,
Todo entalhado em marfim,
Uma estatueta do rei Leonino
Do tempo em que era menino.
Eis que surge serpenteando

A serpente convidada atrasada,
Ricamente vestida e penteada,
Na boca uma rosa prateada.
Parando diante do rei Leonino
Disse enfática: Esta rosa é o mimo

Para o rei de todos os leões, Leonino,
Em comemoração a real união.
Não tome isso como bajulação,
Mas poderia o meu amado rei,
Receber o presente de minha boca,

Esta linda e rica rosa barroca?
Entre os convidados correria louca,
Por que queria dona Serpentina,
Que veio lá dos confins da colina,
Que o nubente de sua boca recebesse

O presente que ela dizia ser de coração?
O tigre disse: há segundas intenções.
Cauteloso o rei Leonino respondeu:
Agradam-me todos os presentes,
Entregues de forma comovente,

Mas prefiro receber com os pés.
Da tua boca não quero ouro
Nem a linda rosa prateada.
Não fique aborrecida, chateada,
Saiba que não sou bobo nem nada,

Por que me arriscaria a uma dentada
De uma cobra que se julga esperta?
E lá se foi a serpente Serpentina
Envergonhada de volta a sua colina.

27/02/12

(Maria Hilda de J. Alão)

A GALINHA AMARELA (poesia)


 

A galinha amarela
Não vai para a panela
Porque o galo carijó,
Esperto como ele só,

Levou a coitadinha
Pro mato longe da cozinha.
Canta a galinha amarela,
O galo fez um ninho pra ela.

Logo haverá ovo branquinho
E pintinho amarelinho
Piando: piu, piu, piu, piu.
E será feliz, com certeza,

Graças à esperteza
Do galinho carijó,
A galinha amarela
E os pintinhos dela

Morando no ninho,
Feito com carinho,
No mato, longe da cozinha.

13/07/08

(Maria Hilda de J. Alão)

 

domingo, 16 de janeiro de 2022

A APOSTA (poesia)

 

Apostavam o Sol e o Vento
Quem mais rápido faria
Tirar o grosso casaco
O moço que pela estrada corria.

Primeiro o Vento ventou
Com tanta força que depenou
As aves e as árvores desfolhou,
Casas sua violência derrubou.

O moço fortemente o casaco segurou
E o Vento cansado e injuriado
Com forte rajada assegurou
Não ser capaz de tal aposta vencer.

É sua vez, disse o Vento ao Sol,
Espero que com dignidade se porte
Quero ver se de fato é o mais forte
Por isso lhe desejo boa sorte.

O Sol, abrindo largo sorriso disse:
Não preciso de sorte, isso é sandice,
Segurar o casaco é pura tolice
Veja só a minha façanhice.

E as três horas da tarde
Daquele dia de forte verão
O belo Sol sem coração
Elevou tanto a temperatura

Fez no solo imensas rachaduras
E no ar despejou tanta secura
Que o moço que na estrada corria
Sentiu que com o casaco derreteria

De tanto suar não sobreviveria
E a longa distância não venceria
Daquele grosso casaco se livraria
E assim o calor aliviaria.

Vendo o casaco voar pelos ares
O Sol disse rindo ao Vento:
Caro amigo tome tento
Para vencer é preciso talento.

16/01/2022

(Maria Hilda de J. Alão)

sábado, 15 de janeiro de 2022

O INVERNO E A PRIMAVERA

 


O senhor Inverno estava feliz.
Dias gelados, muita neve, chuva e vento.
Ele, lá do alto, olhava para a Terra
E via as pessoas vestidas com grossos casacos,

Tremendo de frio, andando apressadas
Para chegarem as suas casas
E se aquecerem ao calor do fogo.
Os bichos não saiam de suas tocas.

Dava até para ouvir o ronco do urso
No seu longo sono invernal.
As árvores, sem a roupagem de folhas,
Pareciam esqueletos balançando ao vento.

O céu era cinzento e o azul
Escondia-se nas grossas nuvens.
O sol batalhava para aparecer,
Mesmo que fosse por uma brechinha

Entre as pesadas nuvens.
O senhor Inverno passeava pela Terra
Fiscalizando o seu trabalho.
Não tendo moradia certa,

Ele passa um tempo num continente
E outro tempo em outro. É assim que ele vive.
Um dia, depois de gelar tudo, ele foi descansar.
Adormeceu. Quando acordou e olhou para baixo

Não acreditou no que via.
O sol estava no meio do céu azul
Sorrindo e aquecendo tudo,
Flores coloridas e viçosas estavam por todo lado.

As árvores vestiam roupa nova
De folhas tenras de um verde-dourado.
Os animais viviam seus romances de amor
Para perpetuar a espécie.

Os humanos substituíram as grossas roupas
Por outras mais leves.
As crianças, nos parques, escolas e quintais,
Brincavam e cantavam modinhas infantis

Batendo os pés e palmas para ritmar.
- Oh! Quem ousou fazer semelhante estrago!
-Vociferou, lançando uma rajada de vento gelado,
O senhor Inverno.

E procurou com seus olhos de gelo.
Encontrou. Era a deusa Primavera.
Ele queria reclamar, advertir,
Dizer a ela que não podia ir chegando

E invadindo seu espaço sem pedir licença.
Quando ia abrir a sua bocarra gelada,
A jovial Primavera desfez o nó do lenço
Que tinha no seu regaço, e dele saíram

Milhões de borboletas coloridas.
A Primavera, no seu vestido branco vaporoso,
Cantava e dançava a sinfonia da vida.
O senhor Inverno ficou apaixonado.

Percebendo o sentimento do Inverno,
A Primavera disse a ele que era impossível,
Embora ela se sentisse atraída por ele:
- Eu sou só alegria, calor e vida,

Você é só frio e tristeza. - disse ela.
O Inverno nada disse, sabia que ela tinha razão.
Agradecida pelo amor do senhor Inverno,
Ela lhe deu uma semente com a recomendação:

- Plante no gelo esta semente
E quando nascer a flor branquinha
Saberá que estou pensando em você.
E lá se foi o senhor Inverno
Para um outro continente
Deixando sua amada reinando absoluta.

23/09/2009

(Maria Hilda de J. Alão)


 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

A BRINCADEIRA DAS LETRINHAS (história)

 


A aula havia terminado. Em algazarra, as crianças foram saindo da sala. A professora guardou, cuidadosamente, os livros no armário de aço, trancou a porta e se retirou fechando a sala de aula.

Chegou a noite. Dentro do armário de aço livros, cadernos e lápis dormiam. De repente um barulho. O livro de Gramática despertou. Ele era muito tagarela. Também, com aquela porção de letras só podia ser tagarela.

- Pessoal! É hora de acordar! – gritou ele.

As letras despertaram esfregando os olhos cheios de sono.

- O que aconteceu? – perguntou a letrinha A bocejando.

- Não aconteceu. Vai acontecer. – disse o livro sacudindo todas as páginas.

- Ai! Para de se chacoalhar senão eu caio da página. – reclamou irritada a letrinha Z a última do alfabeto da Língua Portuguesa.

- Desculpe! Não fiz por mal. Foi só para acordar todo mundo. – disse o livro rindo baixinho.

- Afinal, qual o motivo dessa bagunça toda? – perguntou, com sua voz de trovão, a letrinha X.

- Não é bagunça. É que eu pensei em fazer uma surpresa para as crianças amanhã. Pensei numa brincadeira que vai fazer a turma quebrar a cabeça só pensando.

- E que brincadeira é essa? – quis saber a letrinha C.

- Eu pensei assim: e se algumas letrinhas se embaralhassem, outras se duplicassem para formar uma palavra! As crianças terão de organizar as letras para saberem qual é a palavra. Não é uma ideia legal? – terminou todo eufórico o livro.

- Taí! Gostei da ideia. – afirmou a letrinha Q balançando o rabinho.

- E qual é a palavra? – perguntou a letrinha K.

- A palavra eu já escolhi, e afirmo que não é das mais fáceis. Vou começar chamando a letrinha D, e a seguir, as outras que formam a palavra escolhida.

- D se apresentando, comandante. – disse, fazendo continência, a letra D.

- Como faremos quando surgir a mesma letra duas vezes? – perguntou a letrinha D.

- Bem! Aí nós pediremos ajuda ao nosso amigo lápis. – respondeu o livro.

O lápis, que até o momento não dissera nada, ficou todo assanhado. Ele ia participar da brincadeira. Ele ia duplicar as letras da palavra difícil que o livro inventara. E o livro continuou a chamar as letras que, depois de todas arrumadinhas, resultou na palavra abaixo.

DORAPAPEPILELE

- Ih! Será que as crianças vão acertar? É uma confusão... Eu não sei o que está escrito aí. – disse, fazendo careta, a letrinha B.

- Eu sei. É tão fácil! Vocês é que não prestam atenção. – contestou a letrinha V.

- Eu protesto! Onde já se viu escrever palavras misturando as letras. Já pensou se os livros fossem escritos dessa forma? Coitadas das crianças. Isso não se faz... – protestou a letrinha U.

- Chega de conversa. Já fizemos a nossa parte, agora vamos dormir. Amanhã nós saberemos se as crianças são espertas ou não. – falou a letrinha T.

E o livro de gramática, agradecendo, fechou as páginas para que as letrinhas dormissem porque, pela manhã, elas teriam muito que fazer.

- Vovó, eu já sei qual é a palavra...

- Guarde para você. Não vá estragar a brincadeira do livro de gramática.

15/05/08

(Maria Hilda de J. Alão)

(Histórias que contava para o meu neto).

A Caixa Mágica (cordel)

AS DUAS CARTAS

  Faltavam duas semanas para o encerramento das aulas e as crianças do Grupo Escolar Cristo Rei tinham aulas de recreação. Todos estava...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)