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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

PEDRO PEDRA E A BRUXA (cordel infantil)

 



No tempo da carochinha
Morava em uma vilazinha
Um menino muito valente
Que de um fato era ciente

Que na mata vivia uma bruxa
Feia, malvada e gorducha
Que tinha o mau costume
De afiar do facão o gume

Para assustar os meninos.
Um dia, evitando os felinos,
O menino que era valente
Mas também inconsequente

Entrou na mata sem se dar conta
Da seta que a estrada aponta
Levava o incauto caminhante
À casa da bruxa Violante.

Feliz, o menino de nome Pedro
Correu e subiu em um cedro
Desceu ao ver uma goiabeira,
Cheia de frutos em uma clareira.

Para ela correu todo lampeiro
Sentindo no ar o doce cheiro
Daquelas goiabas amarelinhas.
E gritando são todas minhas

Subiu, sentando-se em um galho
Recolhendo as frutas sem atrapalho
Quando ouviu um som rouquenho
Que dizia: Pedro fome eu tenho

Desça e me dê uma frutinha
Pois sou uma fada boazinha.
Pedro tremendo de medo
Respondeu: o fruto é azedo.

Mas a bruxa malvada Violante
Tinha na cabeça a ideia brilhante
De pegar o menino de surpresa
E levar amarrada a sua presa

Lá para as bandas do ribeirão
Onde fervia o enorme caldeirão
Na fogueira feita no chão.
Pedro pensou: é uma aberração

Preciso de ideia, uma solução
Para sair dessa grande armação.
Lembrou-se que Violante dizia
Ser bruxa versada em poesia

E que não existia ninguém capaz
De vencê-la, passa-la para trás.
Então Pedro disse em alto tom:
Você diz que tem um dom

De compor versos, que é poetisa
E que nem de inspiração precisa.
Levará as frutas que peguei
Se fizer versos com a palavra lei.

A bruxa pensou e deu uma risada
Ajeitando a velha saia amassada.
Começando uma rouca ladainha
Violante disse tanta abobrinha

Igual a quem de poesia nada sabe.
Pedro ria dizendo: que o céu desabe.
A bruxa repetiu o pedido infame:
Dê-me um fruto, pois tenho fome.

A promessa não foi cumprida
Não recitou a poesia prometida
Se eu descer você me pega
E para o caldeirão me carrega.

Mas como sou um menino esperto
Quero propor-lhe em campo aberto:
Feche os olhos e fique parada
Repetindo sem parar, sem errar

A cantilena que vou lhe ensinar
Para ganhar as frutas que desejar.
Percebendo êxito nesta proposta
De pegar o menino ela aposta

Que fará tudo que ele mandar.
Fechando os olhos pôs-se a cantar
Pensando no velho caldeirão
Cozinhando o menino Pedrão.

Então repita rápido sem parar:
Quebra pedra Pedro Pedra
Se pedra Pedro não quebrar
Quem pedra quebrará?

Violante iniciou a lengalenga
Muito atrapalhada e capenga.
Errando tudo estava temerosa
Da fuga da presa ao fim da prosa.

Violante, repetindo sem parar,
A cantilena pôs-se a rodopiar.
Pedro aproveitou o momento
Para terminar seu tormento.

Desceu da árvore rapidamente
E caminhando cautelosamente
Afastou-se daquele espetáculo
Antes que surgisse um obstáculo.

Ao longe olhou para trás e viu
Que a bruxa numa nuvem sumiu
Furiosa por ter sido enganada
E não ter a grande fome saciada.

23/02/22

(Maria Hilda de J. Alão)
(Histórias que contava para o meu neto)


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