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domingo, 15 de maio de 2022

A CONFUSÃO DA BICHARADA (Rimas infantis)


Enquanto o leão dormia:
O rato corria,
O porco grunhia,
A hiena ria,
O cão latia,
A ovelha balia,
O urso bramia,
A vaca mugia.

Tanta foi a gritaria
Que o porco ria,
O rato grunhia,
A hiena balia,
A ovelha latia,
A vaca bramia,
O urso mugia,
O cão dormia
E a tartaruga,
Que não estava na história,
Confusa corria
Enquanto o leão dormia.

12/09/09
(Maria Hilda de J. Alão)

NO REINO DO REI HONESTO (história)

 

Existiu, há muito tempo, um reino governado por um rei honesto e caridoso. Três filhos eram a sua maior riqueza. Amando demais as crianças, ele ensinava o valor da honestidade, da verdade e da caridade. A vida no reino era boa. As pessoas trabalhavam, pagavam impostos que o rei fazia questão de devolver em forma de serviços direcionados a todos os seus súditos. Havia um ponto que o rei fazia questão de supervisionar pessoalmente: as escolas. Era ponto de honra para o rei que toda criança frequentasse uma boa escola e, para isso, ele não poupava esforços nem dinheiro.

Um dia as crianças do reino tiveram uma grata notícia: o rei havia determinado que, três vezes por semana, três crianças da aldeia passariam o dia no castelo para brincar com seus filhos. Para os filhos do rei, dois meninos e uma menina, foi o maior presente que já tinham recebido.
Chegou o dia. A carruagem, do ministro do rei, parou diante da porta principal do castelo e dela desceram dois meninos e uma menina que foram recebidos pelo casal real e seus filhos. A carpintaria do rei, trabalhando a todo vapor, fazia todo tipo de brinquedo para entreter as crianças. E assim corria a vida no reino do rei honesto.
Um dia o rei honesto recebeu a visita de um rei vizinho que também tinha três filhos. O rei visitante, depois de descansar da longa viagem, foi conhecer o reino do rei honesto. Ficou intrigado. Por que o povo sorria e cumprimentava o rei? No reino dele não acontecia isso. Foi então que o rei honesto respondeu:
- Aqui se faz justiça. É por causa do povo que o governo existe. E tem mais, amigo, três vezes por semana três crianças do povo veem brincar com meus filhos.
- É. Você me parece estranho. Louco talvez. Respondeu o outro.
Enquanto isso, acompanhados por soldados do reino para garantir a segurança deles, os filhos do rei honesto, os do rei visitante e as crianças da aldeia, brincavam perto do rio. Os meninos brincavam de esconde-esconde e as meninas brincavam com bonecas feitas pelos artesões do reino. A princesinha Luciana, filha do rei honesto, deixou a boneca cair no rio. Que tristeza! A menina começou a chorar. Com pena da criança, uma fada apareceu e perguntou:
- Por que choras bela criança?
- Minha boneca caiu na água e não sei como recuperar.
A fada mergulhou no rio e trouxe uma boneca toda de ouro e apresentando para a criança ela perguntou:
- É esta a sua boneca?
- Não, senhora!
Então a fada mergulhou novamente e trouxe uma boneca toda de prata.
- É esta a sua boneca?
- Não, senhora!
E novamente a fada mergulhou trazendo a boneca certa:
- É esta a boneca?
- É sim, senhora! Muito obrigada!
Mas a boneca estava molhada. A fada, para premiar a honestidade da princesinha, com sua varinha mágica secou a boneca o que fez a criança muito feliz.
A princesa visitante, que a tudo assistira escondida atrás de uma moita, resolveu fazer o mesmo porque estava de olho na boneca toda de ouro. E assim pensando, assim fez. Jogou a boneca no rio e começou a chorar bem alto até que a fada apareceu:
- Por que choras, princesinha?
- Minha boneca caiu no rio. Vá pegá-la! Ordenou a menina.
A fada mergulhou e voltou com uma boneca de ouro.
- É esta a sua boneca?
- É sim! Dá-me logo! – pediu impaciente a menina.
Decepcionada com a desonestidade da menina, a fada jogou a boneca na água do rio e desapareceu. A princesinha visitante voltou para o meio das outras crianças sem a boneca nas mãos. Luciana, vendo a princesa visitante triste, perguntou a causa. Ela contou tudo. Então Luciana lhe disse:
- Você faltou com a verdade, foi invejosa e gananciosa. As fadas não gostam de pessoas assim. Seu pai não lhe ensina a dizer a verdade e ser honesta? O meu ensina. Por isso a fada devolveu a minha boneca.
Na hora da partida, quando todos já estavam na carruagem, Luciana veio se despedir a princesa. Deu-lhe um abraço e cochichando disse:
- Verdade, honestidade e caridade. Use-os e sempre tirará a sua boneca do rio.
E a vida continuou naquele reino com o rei sendo cada vez mais amado e respeitado pelo povo.

02/09/11
(Maria Hilda de J. Alão)
(Histórias que contava para o meu neto)

sexta-feira, 13 de maio de 2022

O SONHO DA LUA (história)

 


A Lua do céu, que era muito distraída, viu surgir de madrugada um belo cavaleiro. Ele vinha devagar no seu cavalo de luz, e os bilhões de estrelas faziam ala para ele passar. A Lua ficou encantada com beleza do cavaleiro e perguntou à estrela, que sempre está ao lado dela:
- Quem é esse cavaleiro que impõe tanto respeito?
- É o Sol. – respondeu a estrela. Primeiro ele põe um pé pra fora da escuridão, depois o braço e finalmente o corpo todo. Monta no seu cavalo e parte para iluminar o mundo. À tardinha, antes de ir embora, ele pinta uma aquarela de ouro para receber a Noite e o seu séquito de estrelas, inclusive você Lua.
A Lua, que nunca havia reparado o fato, ficou enamorada. Imaginou-se sendo amada por tão belo ser, porém a estrelinha a acordou do seu sonho.
- Está pensando em quê? Perguntou
- Acho que estou apaixonada pelo Sol – disse a Lua –, quero ser a namorada dele. Quero montar no seu cavalo de luz e sair por aí iluminando mundos ao lado dele.
- Você está perdendo seu tempo! - exclamou a estrela.
- Por quê? – perguntou a Lua.
E a estrelinha, fazendo uma cara de quem sabe tudo, disse:
- Reparou que vocês são opostos?
- Como assim?
- Ora minha amiga Lua, quando o Sol aparece você vai dormir. Sendo assim, como vocês poderiam namorar? Você é uma moça fria e o Sol é um rapaz de fogo. Como iriam se abraçar? Ele queimaria você. Lua, minha amiga, você tem fixação por amores impossíveis. Lembra da sua paixão pelo mar?
- Lembro. Sujeito nervoso, imprevisível. Ora estava calmo, ora estava revolto destruindo tudo. Esse eu já esqueci.
- Então amiga, é a mesma coisa. Hoje você se reflete nas águas do mar, mas não deseja que ele venha abraçá-la. Ele é seu amigo, o espelho onde você pode se mirar.
- É estrelinha, você está certa. Penso que tenho de viver um amor platônico.
- Platônico? Que diabo é isso?
- Um amor casto a distância. Ele nunca saberá.
- Desse jeito você pegará uma paixonite aguda. Como vai iluminar a Terra se estiver doente? Esqueceu que é a preferida dos namorados humanos? Que todos os poetas do mundo fazem versos em seu louvor? Pense no lado bom da coisa. Você dorme e acorda com resplendor dele. Pense, pense menina, na maravilha do céu negro-azulado coalhadinho de estrelas e você, pomposa, brilhando entre elas. Pense nas criancinhas e nas suas cantigas de roda em sua homenagem. É maravilhoso ouvir as vozes infantis cantando:

“Brilha a Lua lá no céu
Pontilhado de estrelas mil
Pena que ela não está
Na bandeira do Brasil”.

- Que emoção! Nós também amamos o Sol, mas nem por isso ficamos deprimidas. Se ele não fosse dormir, nós nunca apareceríamos no universo. Por isso somos gratas e o amamos demais. Você deve fazer o mesmo. Nem sempre se ganha.
E a Lua ficou triste. Começou a se transformar. A cada sete dias ela tem uma forma diferente. Se ela está deprimida vai para o quarto minguante onde esconde quase toda sua beleza. Mas Deus, que sabe o que faz, construiu um quarto crescente onde a Lua pode se recuperar de sua melancolia para surgir nova, e depois se transformar na bela dama Lua Cheia que faz os humanos levantarem os olhos para o céu e suspirar. Suspirar e sonhar, porque o sonho é a mola que impele o homem para frente.

(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

O REI TIRANO (história)



Há muito tempo, aos pés de grandes montanhas, existiu um reino comandado por um rei tirano. O tempo foi passando, ele envelheceu ficando muito doente. A sua visão enfraqueceu a ponto de ele não enxergar quase nada.
Certa vez, como era o costume daquela gente, o rei ia à frente de um grupo de caçadores, quando, por causa da visão falha, ele caiu em um buraco com cavalo e tudo. O grupo de caçadores seguiu em frente deixando o rei à própria sorte. Ele gritou. Nada. Todos sumiram.
Naquele momento, um homem, o mais pobre do reino, andava por ali recolhendo gravetos para acender o fogão e preparar o alimento para seus filhos, quando o rei gritou novamente. Curioso, ele se aproximou da fenda e viu o pobre rei entalado juntamente com o cavalo. O rei, humildemente, pediu:
- Bom homem, podes me tirar deste buraco? Dar-te-ei tudo que me pedires.
- Majestade, se puder aguentar mais um pouco irei chamar meus amigos para ajudar.
E assim foi feito. Logo chegaram os aldeões pobres para salvar aquele rei quase cego e orgulhoso. Eles não tinham cordas para içar o rei. Somente pás e machados, ferramentas do trabalho do dia-a-dia. Estudaram a situação e já estavam quase desistindo de salvar o rei quando um deles teve a ideia:
- Gente! E se nós cavássemos um canal das margens do riacho até aqui?
- E daí? – questionou o plantador de verduras.
- A água do riacho inundará o buraco e com isso o rei e o cavalo subirão e nós poderemos tirá-los dessa situação incômoda.
- É uma boa ideia! – afirmou o primeiro homem.
E assim fizeram. Em pouco tempo pás e machados abriram o canal e a água começou a inundar o buraco. Conforme subia o nível da água, também subia o rei e o animal. Os homens, rapidamente, retiraram os dois daquela situação perigosa. O rei, agradecido, disse para os homens:
- Peçam todo o ouro que quiserem.
Foi quando o homem que encontrou o rei no buraco disse:
- Majestade, hoje o senhor teve uma grande experiência: aqueles, que se diziam seus amigos, foram os primeiros a deixá-lo na mão. Por mais poderoso e forte que seja um governante, ele não deve menosprezar os fracos. Não queremos seu ouro. Queremos o que o senhor rei nos nega: justiça. Queremos ver os impostos que pagamos distribuídos honestamente beneficiando a todos.
E assim, o rei aprendeu a respeitar o seu povo e, mesmo doente e quase cego, governou com sabedoria e justiça até o fim dos seus dias.

01/09/11
(Maria Hilda de J. Alão)
(Histórias que contava para o meu neto)

quarta-feira, 11 de maio de 2022

A BORBOLETA AMARELA (poesia infantil)

 


É amarela a borboleta
Voejando no jardim,
Procurando a violeta
Pousa sobre o jasmim.

Ele, feliz e lisonjeado,
Pergunta a dourada borboleta
Se pode ser seu namorado,
Mas ela diz: prefiro a violeta.

Violeta é só simplicidade,
A timidez esconde a sua beleza.
Meu perfume te dará felicidade
E no jardim tu serás realeza.

Nem pintando esta aquarela
Conseguiu o perfumado jasmim
Reter a borboleta amarela
Naquela parte do jardim.

E lá se foi a borboleta
Voando de flor em flor
Procurando a violeta
Para ser o seu amor.

Voando mais baixo a borboleta
Viu a plantinha formosa,
E entre as folhas a violeta
De coloração cor-de-rosa.

E todo dia, antes que o sol leve,
Ao raiar a manhãzinha,
O orvalho frio como a neve,
Vem a linda borboletinha

Beijar da rosada violeta
As suas pétalas de veludo
Pedindo à flor que prometa
Amá-la acima de tudo.

07/09/07.
(Maria Hilda de J. Alão)

A CASINHA PERDIDA (história)

 

Era uma vez, no reino do Alfabeto, uma letrinha “A” que andava a procura de sua casa.

- Você viu a minha casinha? Ela tem o formato de uma palavra cuja porta sou eu.
- Não vi! – exclamou a letra “T”, alta e magra como um poste, que quis saber como uma porta pode perder a sua casa.
- Sabe! Foi por causa da letra “V”. Ela se transformou num vendaval, arrancando-me da minha casinha.
- Ih! Vai ser difícil, no meio de tantas letras e palavras, você encontrar a sua casa.
Mas a letra “X”, que tem o formato de tesoura, resolveu ajudar a letrinha “A”. E saíram as duas em busca da casinha perdida. Procuraram por todos os cantos do reino do Alfabeto, subindo e descendo, e nada encontraram. Cansadas, sentaram-se num “Travessão” (-) para descansarem. “A” e “X” estavam de olhinhos fechados, quase dormindo, quando um barulho as despertou.
- Será que encontraram a minha casinha?
- Amiga, não fique ansiosa! – avisou a letrinha “X”.
A letrinha “A” nem ouviu. Saiu correndo para o local de onde vinha a algazarra, seguida pela amiga. Chegaram e foram logo perguntando numa só voz:
- Acharam a casinha?
- Nada de casinha. – respondeu uma letra “D”, gorda como ela só.
É que o soberano do reino do Alfabeto havia feito um decreto doando todas as palavras que foram perdidas durante o vendaval.
- Procure sua casinha no meio desta bagunça! – disse a balofa letra “D” soltando forte gargalhada.
As demais letras começaram a escolher as palavras perdidas. Umas queriam a “fortuna”, outras a “beleza”, todas elas de significado vazio. Em pouco tempo o reino do Alfabeto ficou limpo. Todas as letras levaram as palavras perdidas para organizar o mundo da leitura. Mas e a letrinha “A” e a letrinha “X”? Coitadas. Estavam sentadinhas, lá no último parágrafo de um texto, quando a letra “M” avisou:

- No fim deste reino encantado,
Dorme num emaranhado,
Umas letras jogadas pelo vendaval
Dar uma espiada não faz mal.

E as duas letras correram para lá. Ao chegarem, as letras, que estavam dispersas, juntaram-se formando a palavra “MOR”.
- É a minha casinha! – gritava a letrinha “A” – É a minha casinha, e eu sou a sua porta. Encontrei, encontrei...
A letrinha “X”, emocionada, viu a porta se unir à casa, formando a palavra AMOR.
- Amiga letra “A”, a sua casa é tão linda. Agora eu entendo a sua aflição para encontrá-la. E também aprendi que AMOR é uma casa de aparência pobre, mas de um riquíssimo interior. Quando a letra “V”, do vendaval da vida, separar a porta da casa, todo esforço é válido para uni-las. Quero morar ao seu lado, amiga letra “A”.
Foi aí que a letra “X” teve uma ideia: formou o termo “AUXÍLIO” e convidou a gorda letra “D” a formar a palavra “CARIDADE” para viverem, sempre, ao lado do AMOR.
É por isso, crianças, que devemos seguir o exemplo da letra “A”. Procuremos sempre a casinha do AMOR porque é dentro dela que existe vida real.

24/02/08.
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto).

domingo, 8 de maio de 2022

COMO NASCE UMA ALMA

 


No imenso terreiro da fazenda São José, Pedrinho, sentado no velho toco de uma goiabeira que havia sido cortada porque secara com a falta de chuva, ouvia encantado as histórias que sua avó lhe contava. Os olhinhos brilhavam de emoção a cada palavra que saía da boca da vovó Júlia. Finalmente a vovó terminou a história do “Soldadinho de Chumbo”. Foi aí que o menino, muito sério, lançou a pergunta:

- Vovó, como nasce uma alma? A minha professora disse que nós somos corpo e alma.
- Ah, meu filho! Isso ninguém sabe, mas eu penso que é assim: Deus cria um raio de luz e dentro dele coloca uma centelha de sua divindade. O raio de luz vai tomando forma brilhando intensamente.

- Centelha, vovó? Que coisa é isto? – perguntou curioso o menino.
- É uma partícula, uma faísca. – respondeu D. Júlia.

- Assim como a que sai da fogueira de São João? – quis saber Pedrinho.

- Isso mesmo, querido. Depois de colocar uma parte de si no raio de luz, Deus lhe dá uma vestimenta branca como o lírio e a chama de Alma. E como Deus tem muitas moradas, esta alma habitará em alguma delas enquanto aguarda o tempo de ganhar uma “casa humana”. Um corpo. O corpo é a morada onde a alma passará a viver por alguns anos. A alma é imortal e pertence ao Senhor, por isso devemos cuidar bem de sua “casa” evitando drogas, bebidas, fumo e toda espécie de exagero para que a “casa” esteja limpa, saudável, agradável aos olhos de Deus. – concluiu a vovó.

- Então a minha alma está contente, vovó. Eu tomo banho todos os dias, limpo bem as minhas orelhas, não deixo a casa dela suja. – disse o menino rindo ao ver a careta que a avó fez para ele.

05/08/07.
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

 

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)