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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O SACI E A MULA PRETA


(Personagens do folclore brasileiro)


Venha para cá, ó Risoleta.
Sente-se nesta banqueta
Pois contarei uma historieta
Do velho saci perneta.

Que ninguém com ele se meta
Já enfrentou o boi da cara preta
Fazendo tremenda mutreta
Fez o lobisomem mudar a careta.

De cachimbo na boca vai o perneta
Tentar dançar com a mula preta
O curupira, danado como o capeta,
Chamou o homem da capa preta.

O boitatá disse: esse erro não cometa,
Porque o homem da capa preta
Da luta é tremendo faixa preta.
Soltando seu fogo violeta

Foi o boitatá falar com o perneta
Para que esquecesse a mula preta.
Cachimbo na boca como chupeta
O saci disse: Não se intrometa,

Sou livre, faço o que me dá na veneta.
E soou bem alto a clarineta
Ao entrar na dança a mula preta
Valsando no terreiro como borboleta.

E vibrou no ar o som da trombeta
Era a mula sem cabeça espoleta
Que vinha dar uma muleta
Para que o saci perneta

Pudesse cumprir a etiqueta
Dançando com a mula preta
Ao som de bela cançoneta
Cantada pelo boto rosa de jaqueta.

E assim, pequena Risoleta
Terminou o baile do saci perneta
Com os personagens ao som da clarineta
Girando como roleta.

07/12/17

(Maria Hilda de J. Alão)

A XÍCARA E A CANECA

 

Objetos da Casa.

A xícara e a caneca, que estavam no centro da mesa, começaram uma discussão. Dizia a xícara:
- Eu tenho asa e quero voar.
- Amiga, deixe de bobagem. Eu também tenho asa e não voo nem desejo.
- Então por que nos fizeram com essa asa?
- Eu não sei, mas penso que essa coisinha que está em nós é para que possam nos pegar para tomar café.
- Eu não acredito em você caneca. Eu tenho asa e quero voar, eu quero voar e pronto.
A discussão continuava firme. Um copo, que estava sobre a pia, cansado daquele falatório gritou:
- Deixa de falar besteira. A caneca tem razão. Vocês não podem voar.
Na verdade essa coisinha que está colada ao lado de cada uma não é asa. Por não ter um nome definido, alguém decidiu chamá-la assim inspirado nas aves. Sabe como se chama isso, minha querida xícara? Catacrese! Catacrese! Ouviu?
Enfatizando a palavra catacrese, o copo começou a rir e a dizer bem alto debochando da pobre xícara:
- A xícara tem catacrese, a xícara tem catacrese. Ela pensa que é asa, ela pensa que é asa. Ah, ah, ah, ah.
Não adiantou a explicação do copo porque a teimosa continuou a dizer:
- Pode rir de mim, pode dizer que eu tenho essa tal de catacrese, eu quero voar e vou voar!
E foi se arrastando até a borda da mesa. Parou. Olhou em volta apreciando o panorama da cozinha. Fez um gesto de quem ia se jogar no ar. A caneca desesperada pedia:
- Não faça isso, amiga! Vai virar um monte de caquinhos e irá parar na lata de lixo. Por favor, xícara, volte para o meio da mesa. Volte pelo amor de Deus!
Foi nesse momento de grande suspense que a dona da casa entrou na cozinha e olhando para a mesa perguntou:
- Quem deixou a xícara na beirada da mesa?
E a mulher pegou a xícara colocando-a no centro da mesa ao lado da caneca que ainda tremia de susto.
- Viu, teimosa? Por um triz não se esborracha no chão. Nós não temos asa, temos catacrese como disse o copo. E para com essa ideia boba de voar, tá bom?

(Maria Hilda de J. Alão)

06/12/17
(Histórias que contava para o meu neto)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

CARNAVAL NA FLORESTA (história)



Era tempo de carnaval entre os homens. Na floresta o clima era o mesmo. Os bichos, orientados pelo macaco Cachoeira, estavam se preparando para três dias de folia. Escolheram o hipopótamo Zezé para ser o rei Momo, a esposa do pavão para ser a rainha do carnaval. As fantasias estavam prontas. Foram feitas com folhas, pétalas de flores e cipós. Os bichos aproveitavam tudo que a mata podia fornecer para enfeitar o carnaval. Os ensaios, à beira da lagoa, já estavam no fim.

Dois dias antes do carnaval, Cachoeira e o hipopótamo Zezé, distribuíram as fantasias. A jaguatirica ganhou uma fantasia de havaiana, a onça, uma de odalisca, o coelho Tico, uma de pirata, a anta Antelina, uma de princesa e a esposa do jacaré Formoso, uma de sereia. E assim todos estavam devidamente fantasiados. Um velho elefante, fugido de um circo, ficou incumbido de tocar o trombone para anunciar o início do baile. Assim foi feito.

Os bichos se organizaram em grupos e deram a cada grupo o nome de Bloco. Tinha o boco da macacada, o bloco da coelhada, o bloco da jaguatiricada, o bloco da onçada e assim por diante. Os pássaros eram responsáveis pela música, acompanhados pela bateria de casca de coco feita pela família do macaco Tição. E começou o baile carnavalesco para todos os bichos da floresta. Gambás mascarados se rebolavam ao som da música alegre. As cobras faziam o papel de comissão de frente, serpenteando mais pareciam havaianas dançando o ula-ula.

Lá num canto da mata, as jaguatiricas formavam o bloco mais animado. Elas cantavam e pulavam com muita animação. O bloco dos macacos-prego estava tão bonito na sua fantasia de dama antiga, feita com folhas de palmeira, que a coruja, lá do alto da árvore disse:

- Merecem ganhar um prêmio. O rei Momo e a rainha do carnaval não deixavam a bicharada esmorecer. Na manifestação artística dos bichos prevaleciam a ordem e a elegância.

O Criador, olhando lá do céu, ficou muito feliz de ver a união e o amor entre os bichos numa simples festa de carnaval.
– É assim que eu quero ver toda a minha criação! – exclamou Deus.

O calor estava forte e foi dada a ordem de servir a bebida por um grupo de chimpanzés que fazia as vezes de garçons. Era água de coco fresquinha. E assim chegou o terceiro dia. A madrugada já estava no fim quando os bichos deram por terminado o carnaval da floresta, e saíram à procura do macaco Cachoeira para agradecer os dias de divertimento sadio que ele lhes havia proporcionado. Chamaram pelo companheiro de folia e nada. Onde estaria o macaco Cachoeira? E foram entrando por um bananal e lá estava ele deitado numa esteira feita de folhas de bananeira. A turma de bichos começou a rir, a rir do tamanho da barriga do Cachoeira. Foi aí que o papagaio Paco cantou:

- Olha o Cachoeira
Atrás da bananeira
Comeu tanta banana
Agora dorme na esteira.

E todos foram para casa deixando o Cachoeira dormindo no bananal.
- Ele merece. – foi o que disse, com alegria, o hipopótamo Zezé.

31/01/07.

(Maria Hilda de J. Alão)

(Histórias que contava para o meu neto)

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

TRAVA-LÍNGUAS (Trava-Língua)

 



A tia da lagartixa lixa e picha.
Se a tia lixa e picha,
A lagartixa picha e lixa.

Perguntei ao pássaro:
Tu palras?
Sim, eu palro e palrarei.
Se não pudesse palrar
Jamais palraria.

Pedro Pedra, Pedra Pedro.
Botou Pedro uma pedra
Na rua de São Pedro
Que não precisa de pedra.

Sabiá cantarolará
Na mata pela manhã
Porque à noite
Jamais cantarolaria.

O tempo triplicaria
Se pudesse triplicar
Ele passa não triplica
E jamais triplicará.

Um relógio tiquetaquearia
Dois relógios tiquetaqueariam.

Frade, freira
Freira, frade
Vai a freira à feira
Vem da feira o frade.

18/01/2022

(Maria Hilda de J. Alão)


MEU CACHORRO TOTÓ (poesia)

 


Meu cachorro Totó
Não gosta de ficar só
Ele mora com a vovó
Na rua do cafundó.

É muito sapeca o Totó
Corre atrás da vovó,
Levantando do chão o pó
Latindo como ele só.

Gosta muito de mocotó
O meu cachorro Totó,
Amigo da gatinha filó
Que adora um pão-de-ló.

Quando visito a vovó
Ela conta história de faraó,
De mocinho e esquimó
E faz tanto barulho o Totó

Que não ouço uma palavra só
Das histórias da minha vovó.
Brincar comigo quer Totó.
Morde as pedras do meu dominó,

Puxa a cortina de filó,
Persegue o galo carijó,
Esconde o tênis do Jó,
Rasga o jornal do seu Feijó

Tudo para ganhar minha atenção
E com ele correr sem direção
Para o mundo da imaginação
Este cãozinho do meu coração.

13/09/12

(Maria Hilda de J. Alão)

A FESTA DO LEÃO (cordel infantil)

 




Conta a história dos bichos
Que houve grande bochicho
Na festa do real casamento
Do rei de toda a floresta,
O leão de juba caída na testa.

Cada bicho trouxe presente,
De acordo com suas posses,
E iam depositando aos pés
Do noivo sentado num canapé
Que agradecia com reverência.

A festa, perfeita em harmonia,
Decorria em grande alegria.
O casal dançava alegremente
Ao receber o último presente
Das mãos de um assistente
Do general da tropa de elefantes.

Presente rico nunca vira assim,
Todo entalhado em marfim,
Uma estatueta do rei Leonino
Do tempo em que era menino.
Eis que surge serpenteando

A serpente convidada atrasada,
Ricamente vestida e penteada,
Na boca uma rosa prateada.
Parando diante do rei Leonino
Disse enfática: Esta rosa é o mimo

Para o rei de todos os leões, Leonino,
Em comemoração a real união.
Não tome isso como bajulação,
Mas poderia o meu amado rei,
Receber o presente de minha boca,

Esta linda e rica rosa barroca?
Entre os convidados correria louca,
Por que queria dona Serpentina,
Que veio lá dos confins da colina,
Que o nubente de sua boca recebesse

O presente que ela dizia ser de coração?
O tigre disse: há segundas intenções.
Cauteloso o rei Leonino respondeu:
Agradam-me todos os presentes,
Entregues de forma comovente,

Mas prefiro receber com os pés.
Da tua boca não quero ouro
Nem a linda rosa prateada.
Não fique aborrecida, chateada,
Saiba que não sou bobo nem nada,

Por que me arriscaria a uma dentada
De uma cobra que se julga esperta?
E lá se foi a serpente Serpentina
Envergonhada de volta a sua colina.

27/02/12

(Maria Hilda de J. Alão)

A GALINHA AMARELA (poesia)


 

A galinha amarela
Não vai para a panela
Porque o galo carijó,
Esperto como ele só,

Levou a coitadinha
Pro mato longe da cozinha.
Canta a galinha amarela,
O galo fez um ninho pra ela.

Logo haverá ovo branquinho
E pintinho amarelinho
Piando: piu, piu, piu, piu.
E será feliz, com certeza,

Graças à esperteza
Do galinho carijó,
A galinha amarela
E os pintinhos dela

Morando no ninho,
Feito com carinho,
No mato, longe da cozinha.

13/07/08

(Maria Hilda de J. Alão)

 

A Caixa Mágica (cordel)

CONTANDO CARNEIRINHOS (infantil)

  Eu acho tão engraçado A vovó contar carneirinhos Na hora de dormir. Na minha cabeça de criança Brotou a grande pergunta: E os ca...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)