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quarta-feira, 11 de maio de 2022

A BORBOLETA AMARELA (poesia infantil)

 


É amarela a borboleta
Voejando no jardim,
Procurando a violeta
Pousa sobre o jasmim.

Ele, feliz e lisonjeado,
Pergunta a dourada borboleta
Se pode ser seu namorado,
Mas ela diz: prefiro a violeta.

Violeta é só simplicidade,
A timidez esconde a sua beleza.
Meu perfume te dará felicidade
E no jardim tu serás realeza.

Nem pintando esta aquarela
Conseguiu o perfumado jasmim
Reter a borboleta amarela
Naquela parte do jardim.

E lá se foi a borboleta
Voando de flor em flor
Procurando a violeta
Para ser o seu amor.

Voando mais baixo a borboleta
Viu a plantinha formosa,
E entre as folhas a violeta
De coloração cor-de-rosa.

E todo dia, antes que o sol leve,
Ao raiar a manhãzinha,
O orvalho frio como a neve,
Vem a linda borboletinha

Beijar da rosada violeta
As suas pétalas de veludo
Pedindo à flor que prometa
Amá-la acima de tudo.

07/09/07.
(Maria Hilda de J. Alão)

A CASINHA PERDIDA (história)

 

Era uma vez, no reino do Alfabeto, uma letrinha “A” que andava a procura de sua casa.

- Você viu a minha casinha? Ela tem o formato de uma palavra cuja porta sou eu.
- Não vi! – exclamou a letra “T”, alta e magra como um poste, que quis saber como uma porta pode perder a sua casa.
- Sabe! Foi por causa da letra “V”. Ela se transformou num vendaval, arrancando-me da minha casinha.
- Ih! Vai ser difícil, no meio de tantas letras e palavras, você encontrar a sua casa.
Mas a letra “X”, que tem o formato de tesoura, resolveu ajudar a letrinha “A”. E saíram as duas em busca da casinha perdida. Procuraram por todos os cantos do reino do Alfabeto, subindo e descendo, e nada encontraram. Cansadas, sentaram-se num “Travessão” (-) para descansarem. “A” e “X” estavam de olhinhos fechados, quase dormindo, quando um barulho as despertou.
- Será que encontraram a minha casinha?
- Amiga, não fique ansiosa! – avisou a letrinha “X”.
A letrinha “A” nem ouviu. Saiu correndo para o local de onde vinha a algazarra, seguida pela amiga. Chegaram e foram logo perguntando numa só voz:
- Acharam a casinha?
- Nada de casinha. – respondeu uma letra “D”, gorda como ela só.
É que o soberano do reino do Alfabeto havia feito um decreto doando todas as palavras que foram perdidas durante o vendaval.
- Procure sua casinha no meio desta bagunça! – disse a balofa letra “D” soltando forte gargalhada.
As demais letras começaram a escolher as palavras perdidas. Umas queriam a “fortuna”, outras a “beleza”, todas elas de significado vazio. Em pouco tempo o reino do Alfabeto ficou limpo. Todas as letras levaram as palavras perdidas para organizar o mundo da leitura. Mas e a letrinha “A” e a letrinha “X”? Coitadas. Estavam sentadinhas, lá no último parágrafo de um texto, quando a letra “M” avisou:

- No fim deste reino encantado,
Dorme num emaranhado,
Umas letras jogadas pelo vendaval
Dar uma espiada não faz mal.

E as duas letras correram para lá. Ao chegarem, as letras, que estavam dispersas, juntaram-se formando a palavra “MOR”.
- É a minha casinha! – gritava a letrinha “A” – É a minha casinha, e eu sou a sua porta. Encontrei, encontrei...
A letrinha “X”, emocionada, viu a porta se unir à casa, formando a palavra AMOR.
- Amiga letra “A”, a sua casa é tão linda. Agora eu entendo a sua aflição para encontrá-la. E também aprendi que AMOR é uma casa de aparência pobre, mas de um riquíssimo interior. Quando a letra “V”, do vendaval da vida, separar a porta da casa, todo esforço é válido para uni-las. Quero morar ao seu lado, amiga letra “A”.
Foi aí que a letra “X” teve uma ideia: formou o termo “AUXÍLIO” e convidou a gorda letra “D” a formar a palavra “CARIDADE” para viverem, sempre, ao lado do AMOR.
É por isso, crianças, que devemos seguir o exemplo da letra “A”. Procuremos sempre a casinha do AMOR porque é dentro dela que existe vida real.

24/02/08.
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto).

domingo, 8 de maio de 2022

COMO NASCE UMA ALMA

 


No imenso terreiro da fazenda São José, Pedrinho, sentado no velho toco de uma goiabeira que havia sido cortada porque secara com a falta de chuva, ouvia encantado as histórias que sua avó lhe contava. Os olhinhos brilhavam de emoção a cada palavra que saía da boca da vovó Júlia. Finalmente a vovó terminou a história do “Soldadinho de Chumbo”. Foi aí que o menino, muito sério, lançou a pergunta:

- Vovó, como nasce uma alma? A minha professora disse que nós somos corpo e alma.
- Ah, meu filho! Isso ninguém sabe, mas eu penso que é assim: Deus cria um raio de luz e dentro dele coloca uma centelha de sua divindade. O raio de luz vai tomando forma brilhando intensamente.

- Centelha, vovó? Que coisa é isto? – perguntou curioso o menino.
- É uma partícula, uma faísca. – respondeu D. Júlia.

- Assim como a que sai da fogueira de São João? – quis saber Pedrinho.

- Isso mesmo, querido. Depois de colocar uma parte de si no raio de luz, Deus lhe dá uma vestimenta branca como o lírio e a chama de Alma. E como Deus tem muitas moradas, esta alma habitará em alguma delas enquanto aguarda o tempo de ganhar uma “casa humana”. Um corpo. O corpo é a morada onde a alma passará a viver por alguns anos. A alma é imortal e pertence ao Senhor, por isso devemos cuidar bem de sua “casa” evitando drogas, bebidas, fumo e toda espécie de exagero para que a “casa” esteja limpa, saudável, agradável aos olhos de Deus. – concluiu a vovó.

- Então a minha alma está contente, vovó. Eu tomo banho todos os dias, limpo bem as minhas orelhas, não deixo a casa dela suja. – disse o menino rindo ao ver a careta que a avó fez para ele.

05/08/07.
(Maria Hilda de J. Alão)
(histórias que contava para o meu neto)

 

sábado, 7 de maio de 2022

O BONECO DO NARIZ DE PRATA (cordel infantil)




No pequeno recanto dos brinquedos
Onde não se podia guardar segredos,
Dormia placidamente em uma caixa
Tendo oculto o rosto por uma faixa,

Um boneco todo vestido de amarelo.
Seria um príncipe de algum castelo?
Falava bem alto uma boneca de louça
Que para acordar o boneco fazia força.

Um boneco palhaço muito respeitado
Disse: ele pode ser um nobre enjeitado
Por isso daquela caixa não queria sair
Para não se revelar se a faixa cair.

Programada estava naquele recanto
A festa de natal com dança e canto.
Era o adeus dos brinquedos vendidos
Para os que no recanto ficam retidos.

E no pequeno recanto dos brinquedos
Onde ninguém pode guardar segredos
Começaram todos os preparativos
Para a festa com muitos atrativos.

Lili, a boneca de louça queria saber
A quem missão delicada poderia caber:
Despertar o boneco vestido de amarelo
Tirar-lhe a faixa e dizer: como é belo!

Foi a Tino, o boneco vestido de palhaço,
Que coube a missão de pegar pelo braço
O boneco, acordá-lo e sentá-lo na caixa,
Convencê-lo a tirar do rosto a feia faixa.

E no pequeno recanto dos brinquedos,
Onde ninguém jamais guardou segredos,
Despertou o boneco vestido de amarelo:
Onde estou? Pergunta surpreso Marcelo,

Jovem príncipe do reino dos brinquedos,
Levado por Violante durante os folguedos
A bruxa que detestava o riso das crianças,
Raptando-as durante suas longas andanças.

Foi assim que Marcelo, vestido de amarelo,
Depois da queda viu seu nariz virar farelo
Fugindo de Violante horripilante, a bruxa má.
E chegou a uma casa que tinha picareta e pá

Encostadas na parede de pedra. De quem seria
Aquela casinha? Logo soube e sem grosseria
Bateu à porta pedindo ajuda a quem atendeu
Com habilidade e presteza ao boneco socorreu.

Era o gnomo que trabalhava nas minas de prata
Reconhecendo Marcelo com deferência o trata:
Para consertar seu belo nariz todo esfacelado
Só há uma solução: não sei se será do seu agrado.

Disse o gnomo: farei de prata um belíssimo nariz
Será minha obra de arte para fazê-lo muito feliz.
Assim foi feito. E depois de no espelho se olhar
Marcelo chorou. Não era obra para se admirar:

Pensou Marcelo o boneco que dormia na caixa.
E ele saiu da casa decidido a encontrar uma faixa
Para esconder aquele nariz prateado disforme
Pois não há quem nessa situação se conforme

Com risinhos, piadinhas e muito deboche.
Aqui não existe isso: disse Gil o fantoche:
Saiba que no nosso recanto dos brinquedos
Onde ninguém jamais guardou segredos

Somos todos iguais, pode ser sem pernas,
Sem braços, só dizemos palavras ternas
Não importa se perfeitos ou imperfeitos
Ignoramos os físicos defeitos

Fixando-nos no conteúdo, a inteligência,
A honestidade, a prudência e a inocência.
E o recanto dos brinquedos foi sacudido
Com palmas, gritos num tremendo alarido

De todos os brinquedos pedindo insistentes:
Sai dessa caixa que te deixa tão impotente
Boneco Marcelo todo vestido de amarelo.
Para nós teu prateado nariz é perfeito e belo

Igualzinho ao teu coração de príncipe boneco
Disse a boneca que vestia um branco jaleco.
E foi nessa bela festa no recanto dos brinquedos
O lugar onde não se esconde segredos

Que os brinquedos tiraram o boneco Marcelo
Da triste solidão fazendo da caixa um castelo
Onde ele está à espera do próximo natal
E se uma menina o levasse seria o ideal.

07/05/22.

(Maria Hilda de J. Alão)
(Histórias que contava para o meu n
eto)

domingo, 1 de maio de 2022

A CASA SOLITÁRIA (poesia)

 



Numa rua bem arborizada,
Com construção autorizada,
O homem uma casa ergueu.
Tão feliz o homem prometeu:

Nesta casa tristeza não morará
Aqui só imensa alegria residirá.
Mas o tempo acelerado passou
E o sonho do homem fracassou

Na bela casa ninguém quis morar
E ela parecia querer desmoronar.
Crianças em bando à rua chegaram
Olharam e com o dedo apontaram

A bela casa solitária, triste e torta.
Procuraram uma entrada, uma porta
Para olhar seu interior desconhecido
Assunto para os vizinhos proibido.

Mas a casa se fechava mais e mais:
Deixe-nos entrar, somos legais.
Disseram em um só tom as crianças
Poderemos restaurar a esperança.

Teimosa a casa triste, torta e solitária
Vivendo uma situação tão precária
Desabou indo tudo parar no chão
Prova de que não existe construção

Que sobreviva à solidão e a tristeza.
Por isso o homem tem toda certeza
Se guarda-las por muito no coração
Verá sua casa solitária caída no chão.

01/05/22
(Maria Hilda de J. Alão)

sábado, 30 de abril de 2022

MEU TRENZINHO DE FERRO (poesia infantil)

 


Ah! Esse meu trenzinho de ferro
Correndo tão velozmente
No mundo da minha infância
Nos trilhos da minha imaginação.

Leva-me por várzeas e florestas,
Sobe e desce os morros do coração,
Invade vilas e cidades populosas,
Contando histórias glamorosas

De cavaleiros e grandes vilões,
De princesas lindas e bruxas malvadas,
Sobre faiscantes trilhos cantantes,
Ensinando sempre uma lição.

Corre meu imaginário trenzinho,
Corre porque tenho muita pressa
Vejo da janela o fim da infância,
E dessa fase nada quero perder.

Corre, corre meu trenzinho de ferro,
Corre que o implacável tempo urge,
Já vislumbro a Adolescência,
Nova estação desconhecida.

13/08/12
(Maria Hilda de J. Alão)

quinta-feira, 28 de abril de 2022

O CASAMENTO DO PÃO QUENTINHO (infantil)



O senhor Pão Quentinho
Vivia tão sozinho
Ao sair do forninho.
Até que um dia

A senhora Sofia
Sentindo dó do Pão Quentinho,
Resolveu arranjar pra ele
Uma gostosa companhia.

E foi na cozinha,
Batendo a nata branquinha
Do leite da vaquinha,
Que ela criou uma mocinha
Pra namorar o Pão Quentinho.

E lhe apresentou numa manhã,
Ao lado da xícara de café,
A mocinha fresquinha e amarela
Chamada dona Manteiga.

O Pão Quentinho, apaixonado,
Pediu a dama em casamento,
E ela, toda derretida, aceitou logo o pedido
Formando o mais gostoso casal:
Pão Quentinho e dona Manteiga fresquinha.

22/07/08
(Maria Hilda de Jesus Alão) 
(Histórias que contava para o meu neto)

A Caixa Mágica (cordel)

AS DUAS CARTAS

  Faltavam duas semanas para o encerramento das aulas e as crianças do Grupo Escolar Cristo Rei tinham aulas de recreação. Todos estava...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)