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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

A BRUXINHA SEM VASSOURA (cordel infantil)

 


 Em história de faz de conta

Nada mais nos desaponta
Do que uma feia bruxinha
Sem a sua vassourinha.

Assim era a bruxa Ritinha,
Usava os poderes que tinha
Para fazer o bem e não o mal
Para gente ou animal.

Da vassoura não precisava
Porque na imaginação ela voava,
Pois era uma bruxinha tão boa
Igual a qualquer pessoa.

Apesar de boa amigos não tinha
A pequena bruxa Ritinha,
Que um dia teve a grande ideia
De convidar uma centopeia

Para uma festança na floresta.
Foi na hora que ela fazia seresta
Que um lobo apareceu
E dizendo que não entendeu

Porque uma bruxa feinha
Não tinha uma vassourinha
Para voar como andorinha
E usava aquela carrocinha

Para viajar pela floresta.
Pondo a mãozinha na testa,
Respondeu a bruxinha ao lobo:
- Ora, não seja tão bobo

Esta minha carrocinha
É como uma capelinha,
Um alegre e calmo abrigo
Para quem é meu amigo.

O lobo, rosnando ferozmente,
Disse de forma eloquente:
- Bruxa feia não tem amigo,
Não entrarei nesse seu abrigo

Eu tenho um enorme medo
Pois sei que não é brinquedo
A mágica de uma bruxa má,
É o castigo pior que há.

Triste e muito decepcionada,
A bruxinha ficou calada
E voltou para sua carrocinha
Uma verdadeira belezinha.

A festa foi cancelada
E os bichos da mata fechada
Até ficaram com pena
Daquela bruxa pequena.

Indo para a sua toca no mato
O lobo pisou num artefato
Ficando preso uivou por socorro
Que ultrapassou o cume do morro

Chegando aos ouvidos de Ritinha
Que entrou em sua carrocinha
Partindo aceleradamente
Para atender ao oponente

Que dela não queria a amizade
Oferecida com tanta sinceridade.
A bruxinha libertou o lobão
Que sentiu um aperto no coração

Ao ver que enganam as aparências
E entre muitas reticências
Pediu perdão a bruxinha
Dizendo que no mundo não tinha

Nada que pagasse aquela atitude
E que a bondade não é virtude
Só de quem é bonito e perfeito.
E espalhando pela mata o feito

O lobo convidou alguns bichos
Que chamaram outros entre cochichos,
Para a festa sonhada pela bruxinha,
Que de tão boa outra não tinha.

Chegaram bem na hora da ceia
E perguntaram à bruxa feia
Se seus amigos podiam ser
E se ela podia esquecer

O desprezo e a grosseria do lobo
Que percebeu o quanto era bobo
Por tanto tempo ignorar a pessoa
De Ritinha, a bruxinha boa.

A festa foi realizada
Da forma como foi sonhada
Com amigos e muita alegria
Findando na mata a monotonia.

(Maria Hilda de J. Alão)

09/01/12
(Histórias que contava para o meu neto)

 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A TARTARUGA CABEÇUDA (cordel infantil)



Uma tartaruga-de-pente

Resolveu muito de repente
Viajar pelos mares do mundo,
Pois era seu desejo profundo
Deixar de ser perseguida
E ter extinta a longa vida.

Nadou muito sem descanso
Até que encontrou uns gansos
Que vinham do Canadá.
Fazendo muito blá, blá, blá,
Pousaram no mar para descansar
E também para perguntar

Para onde estava indo a tartaruga
Porque eles estavam em fuga
Do inverno da sua terra natal.
Este é um momento emergencial,
Disse o ganso líder à tartaruga,
Precisamos de águas mais quentes

Para que não sintamos tanto frio.
Sou Quaquá e este bando eu chefio.
A senhora tartaruga tem um nome?
Tá viajando por que tem fome,
Ou porque dos mares é turista?
Talvez seja uma tartaruga artista!

Quem me dera fosse esse o motivo.
Não sabe o amigo como eu vivo.
Apresento-me. Meu nome é Cabeçuda
Porque minha opinião nunca muda
Seja ela certa ou errada não importa.
Sei que o amigo muito frio não suporta

E eu cansei de ser por estranhos caçada,
Por montes de lixo no mar ser embalada.
Por isso viajo procurando tenazmente
Um mar limpo e seguro onde finalmente
Eu possa viver livre e despreocupada
Sem ter minha liberdade ameaçada,

Correndo o risco de virar de repente
Para as madames um belo pente,
No Amazonas uma tartarugada
Servida a uma turma muito animada,
Ou minha carapaça de escamas marrons
Ser a armação dos óculos do garçom.

(Maria Hilda de J. Alão)

03/04/12

(Histórias que contava para o meu neto)

VAMOS BRINCAR DE PÁ? (poesia)

 



Quem tem capa da chuva escapa
Da cana sai a garapa
Menino o livro encapa
Pão torrado na chapa

Pneu careca derrapa
Camelô foge do rapa
Feminino de sapo é sapa
Põe a bola na caçapa

Se perdido use o mapa
Cuidado que a seda esfiapa
Arroz cozido demais empapa
Sair de fininho é à socapa

Menina a roupa esfarrapa
Das provas pulou uma etapa
Mimi mora na Lapa
Já cansei de tanto pá.

(Maria Hilda de J. Alão)

28/11/17

(brincadeiras com meu neto)

A VASSOURA E O PANO DE CHÃO



Era uma vez uma vassoura que vivia atrás de uma porta. A coitada não era usada como antes. Estava velha e a dona da casa já não precisava tanto dela. Um dia, muito triste, a vassoura resolveu desabafar com o pano de chão que estava pendurado em um prego.
- Pois é amigo! Um dia eu cheguei nesta casa e tinha muito chão para varrer. Lavava o imenso quintal, vasculhava as paredes, deixava quartos, salas e banheiros brilhando de tão limpos. Agora, meu amigo, eu sou nada. Veja o meu fim, a minha decadência.

- É, dona vassoura – disse o pano de chão – o tempo passa e chega o dia da aposentadoria. Olhe para mim, eu já estou quase me aposentando. Já estou desfiando nas laterais, tenho um pequeno furo no meio, estou encardido, logo serei substituído por outro novinho em folha.
- Não estou me referindo ao estado de conservação, estou falando de ser deixada de lado, de substituída por um tal de aspirador de pó, essa máquina infernal, barulhenta, sem história, sem tradição.

- Mas dona vassoura, isso não é bom? A senhora pode descansar, ficar quietinha aí no canto sem ter que trabalhar tanto.
- Não, meu amigo. Não posso parar. Tenho de cumprir a minha sina.
- Amiga, não fique angustiada. Ninguém pode negar o seu valor na história. Sabe que você representa o poder feminino de efetuar a limpeza de elementos negativos dos ambientes?
- Eu sei meu amigo. Por isso as minhas ancestrais eram feitas de ramos de louro, arruda, manjericão, alecrim, alfazema. As donas de casa juntavam todas as ervas ou escolhiam uma que amarravam em torno de um galho construindo uma vassoura perfumada para purificar o ambiente.

- Isso é tão bonito, dona vassoura! – exclamou o pano de chão comovido.
- É, meu amigo, mas existe o lado oposto.
- Lado oposto? Que lado é esse?
- Antigamente diziam que nós, as vassouras, éramos avião de bruxas e que elas viajavam pelos ares montadas em vassouras. A partir dessa crendice a vassoura ficou com má fama.
- Cruz credo amiga! Mas as vassouras faziam parte do folclore de alguns países, não verdade dona vassoura?
- Sim, meu caro! Dos romanos aos chineses. Éramos colocadas atrás de uma porta com o cabo para baixo para que a visita indesejável fosse embora rapidinho.
- Aposentadoria não é o fim do mundo, dona vassoura. Veja quanta coisa boa vocês fizeram, ao passo que o aspirador de pó não tem um currículo igual ao seu. Você ainda tem serventia.
E o pano de chão deu uma risadinha ao ouvir a voz da dona da casa dizendo para a empregada:

- Maria hoje nós vamos limpar o quarto das crianças.
- Sim senhora. Vou buscar o aspirador de pó.
- Não. Traga aquela vassoura que está atrás da porta do quartinho e o pano de chão que está pendurado no prego.
- O pano de chão muito alegre disse para a vassoura:
- Viu dona vassoura? A nossa serventia não termina nunca. Aspirador de pó não pode lavar o chão como você nem secá-lo como eu.

(Maria Hilda de J. Alão)

08/12/17

(Histórias que contava para o meu neto)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O SACI E A MULA PRETA


(Personagens do folclore brasileiro)


Venha para cá, ó Risoleta.
Sente-se nesta banqueta
Pois contarei uma historieta
Do velho saci perneta.

Que ninguém com ele se meta
Já enfrentou o boi da cara preta
Fazendo tremenda mutreta
Fez o lobisomem mudar a careta.

De cachimbo na boca vai o perneta
Tentar dançar com a mula preta
O curupira, danado como o capeta,
Chamou o homem da capa preta.

O boitatá disse: esse erro não cometa,
Porque o homem da capa preta
Da luta é tremendo faixa preta.
Soltando seu fogo violeta

Foi o boitatá falar com o perneta
Para que esquecesse a mula preta.
Cachimbo na boca como chupeta
O saci disse: Não se intrometa,

Sou livre, faço o que me dá na veneta.
E soou bem alto a clarineta
Ao entrar na dança a mula preta
Valsando no terreiro como borboleta.

E vibrou no ar o som da trombeta
Era a mula sem cabeça espoleta
Que vinha dar uma muleta
Para que o saci perneta

Pudesse cumprir a etiqueta
Dançando com a mula preta
Ao som de bela cançoneta
Cantada pelo boto rosa de jaqueta.

E assim, pequena Risoleta
Terminou o baile do saci perneta
Com os personagens ao som da clarineta
Girando como roleta.

07/12/17

(Maria Hilda de J. Alão)

A XÍCARA E A CANECA

 

Objetos da Casa.

A xícara e a caneca, que estavam no centro da mesa, começaram uma discussão. Dizia a xícara:
- Eu tenho asa e quero voar.
- Amiga, deixe de bobagem. Eu também tenho asa e não voo nem desejo.
- Então por que nos fizeram com essa asa?
- Eu não sei, mas penso que essa coisinha que está em nós é para que possam nos pegar para tomar café.
- Eu não acredito em você caneca. Eu tenho asa e quero voar, eu quero voar e pronto.
A discussão continuava firme. Um copo, que estava sobre a pia, cansado daquele falatório gritou:
- Deixa de falar besteira. A caneca tem razão. Vocês não podem voar.
Na verdade essa coisinha que está colada ao lado de cada uma não é asa. Por não ter um nome definido, alguém decidiu chamá-la assim inspirado nas aves. Sabe como se chama isso, minha querida xícara? Catacrese! Catacrese! Ouviu?
Enfatizando a palavra catacrese, o copo começou a rir e a dizer bem alto debochando da pobre xícara:
- A xícara tem catacrese, a xícara tem catacrese. Ela pensa que é asa, ela pensa que é asa. Ah, ah, ah, ah.
Não adiantou a explicação do copo porque a teimosa continuou a dizer:
- Pode rir de mim, pode dizer que eu tenho essa tal de catacrese, eu quero voar e vou voar!
E foi se arrastando até a borda da mesa. Parou. Olhou em volta apreciando o panorama da cozinha. Fez um gesto de quem ia se jogar no ar. A caneca desesperada pedia:
- Não faça isso, amiga! Vai virar um monte de caquinhos e irá parar na lata de lixo. Por favor, xícara, volte para o meio da mesa. Volte pelo amor de Deus!
Foi nesse momento de grande suspense que a dona da casa entrou na cozinha e olhando para a mesa perguntou:
- Quem deixou a xícara na beirada da mesa?
E a mulher pegou a xícara colocando-a no centro da mesa ao lado da caneca que ainda tremia de susto.
- Viu, teimosa? Por um triz não se esborracha no chão. Nós não temos asa, temos catacrese como disse o copo. E para com essa ideia boba de voar, tá bom?

(Maria Hilda de J. Alão)

06/12/17
(Histórias que contava para o meu neto)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

CARNAVAL NA FLORESTA (história)



Era tempo de carnaval entre os homens. Na floresta o clima era o mesmo. Os bichos, orientados pelo macaco Cachoeira, estavam se preparando para três dias de folia. Escolheram o hipopótamo Zezé para ser o rei Momo, a esposa do pavão para ser a rainha do carnaval. As fantasias estavam prontas. Foram feitas com folhas, pétalas de flores e cipós. Os bichos aproveitavam tudo que a mata podia fornecer para enfeitar o carnaval. Os ensaios, à beira da lagoa, já estavam no fim.

Dois dias antes do carnaval, Cachoeira e o hipopótamo Zezé, distribuíram as fantasias. A jaguatirica ganhou uma fantasia de havaiana, a onça, uma de odalisca, o coelho Tico, uma de pirata, a anta Antelina, uma de princesa e a esposa do jacaré Formoso, uma de sereia. E assim todos estavam devidamente fantasiados. Um velho elefante, fugido de um circo, ficou incumbido de tocar o trombone para anunciar o início do baile. Assim foi feito.

Os bichos se organizaram em grupos e deram a cada grupo o nome de Bloco. Tinha o boco da macacada, o bloco da coelhada, o bloco da jaguatiricada, o bloco da onçada e assim por diante. Os pássaros eram responsáveis pela música, acompanhados pela bateria de casca de coco feita pela família do macaco Tição. E começou o baile carnavalesco para todos os bichos da floresta. Gambás mascarados se rebolavam ao som da música alegre. As cobras faziam o papel de comissão de frente, serpenteando mais pareciam havaianas dançando o ula-ula.

Lá num canto da mata, as jaguatiricas formavam o bloco mais animado. Elas cantavam e pulavam com muita animação. O bloco dos macacos-prego estava tão bonito na sua fantasia de dama antiga, feita com folhas de palmeira, que a coruja, lá do alto da árvore disse:

- Merecem ganhar um prêmio. O rei Momo e a rainha do carnaval não deixavam a bicharada esmorecer. Na manifestação artística dos bichos prevaleciam a ordem e a elegância.

O Criador, olhando lá do céu, ficou muito feliz de ver a união e o amor entre os bichos numa simples festa de carnaval.
– É assim que eu quero ver toda a minha criação! – exclamou Deus.

O calor estava forte e foi dada a ordem de servir a bebida por um grupo de chimpanzés que fazia as vezes de garçons. Era água de coco fresquinha. E assim chegou o terceiro dia. A madrugada já estava no fim quando os bichos deram por terminado o carnaval da floresta, e saíram à procura do macaco Cachoeira para agradecer os dias de divertimento sadio que ele lhes havia proporcionado. Chamaram pelo companheiro de folia e nada. Onde estaria o macaco Cachoeira? E foram entrando por um bananal e lá estava ele deitado numa esteira feita de folhas de bananeira. A turma de bichos começou a rir, a rir do tamanho da barriga do Cachoeira. Foi aí que o papagaio Paco cantou:

- Olha o Cachoeira
Atrás da bananeira
Comeu tanta banana
Agora dorme na esteira.

E todos foram para casa deixando o Cachoeira dormindo no bananal.
- Ele merece. – foi o que disse, com alegria, o hipopótamo Zezé.

31/01/07.

(Maria Hilda de J. Alão)

(Histórias que contava para o meu neto)

A Caixa Mágica (cordel)

AS DUAS CARTAS

  Faltavam duas semanas para o encerramento das aulas e as crianças do Grupo Escolar Cristo Rei tinham aulas de recreação. Todos estava...

Sorvete, Sorvetão (parlendas)